Saiba de 8 formas de oferecer mais protagonismo aos alunos

Sabemos que atualmente o ensino está mais voltado para a autonomia dos alunos, ou seja, na tríade educativa – professores/conhecimento/alunos – o elemento “aluno” precisa ser o protagonista no processo educativo.

Desde a decadência do ensino tradicional, durante o século XX a educação recebeu muitas propostas educativas diferentes e que se adequasse à realidade social e histórica.

É importante salientar que o ensino tradicional enfatizava a figura docente, pois desta figura saia o verdadeiro conhecimento e os alunos teriam que absorver este conhecimento dado.

No entanto, o aluno era visto como um sujeito vazio, onde os professores precisariam depositar os conhecimentos de várias disciplinas do saber. 

Na visão do educador Paulo Freire, este método era uma chamado de educação bancária, que se realizava mediante a uma transferência do conhecimento docente, para a cabeça vazia dos alunos.

É visível o erro metodológico inserido na proposta do ensino tradicional, tantas vezes apontado por Paulo Freire e também por muitos educadores da Escola Nova. 

A metodologia do ensino tradicional era centrada apenas nos professores sem levar em conta os outros elementos da tríade educativa. 

Neste texto vamos conhecer algumas metodologias que transformaram o ensino tradicional e também elencar 8 formas de valorizar o protagonismo dos alunos.

Transformações do ensino ao longo do século XX

O século XX foi a época da mais transformações no cenário educacional no mundo e no Brasil. Foi quando se consolidou a metodologia da Escola Nova e posteriormente a Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos.

Estas duas metodologias educacionais valorizam o protagonismo dos alunos de maneira bastante oposta. A Escola Nova defendia que os alunos precisavam desenvolver a sua autonomia diante do conhecimento, aventando um grande número de estratégias que focassem no desenvolvimento cognitivo dos discentes. 

No entanto, a Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos, surgida algumas décadas depois do movimento escolanovista, olhava com mais atenção para a relação crítico-social do aluno diante do conhecimento.

Escola Nova

No Brasil o grande precursor e difusor da Escola Nova nos anos 20 foi Anísio Teixeira e seu propósito era combater as desigualdades sociais por meios educativos, ela também defendeu a escola por tempo integral

As estratégias da Escola Nova eram fundamentadas na psicologia do desenvolvimento focada no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. 

Entre os teóricos desta modalidade de psicologia estão Erik Erikson, Jean Piaget, além de muitos outros.

Para Erik Erikson, para pegar apenas um exemplo, o desenvolvimento intelectual das crianças passava por uma série de estágios como:

  • Sensório-motor
  • Pré-operacional
  • Operacional concreto
  • Operacional formal

Com esta base científica a Escola Nova se desenvolveu e influenciou educadores de todo o século XX e ainda está presente quase em todos os documentos de apoio educacional vigente.

Levando a teoria psicológica do desenvolvimento onde a criança possui estágios de desenvolvimento, a metodologia da escola Nova evidencia o protagonismo dos alunos. Assim diante da tríade – professores/conhecimento/alunos – os alunos são a parte principal do processo de ensino/aprendizagem. 

Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos

A Escola Nova desenvolveu um olhar extremamente teórico sobre o desenvolvimento da criança e do adolescente, no entanto esqueceu-se do conhecimento.

Ou seja, não teve como prioridade a reflexão sobre os conteúdos e também sobre o fracasso escolar. Portanto, segundo Penteado (2002) a escola nova não resolveu alguns problemas referentes à aprendizagem esperada e não alcançada.

Além disso, tratou o conhecimento como se fosse um produto pronto e aistórico se transformando em um ensino tecnicista, onde não possibilita a apropriação do conhecimento de maneira crítica, histórica e social.

Observando a lacuna educativa deixada por um ensino que evidenciava o protagonismo dos alunos, mas não via neste um indivíduo que transformasse a realidade social, muitos educadores estabelecem parâmetros para um ensino crítico-social. 

Entre eles estão Paulo Freire (pedagogia do Oprimido), Dermeval Saviani criador da pedagogia Histórico-crítica e José Carlos Libâneo que possui uma perspectiva crítica-social do conteúdo.

A questão principal para estes educadores não é somente colocar os alunos no centro do processo de ensino/aprendizagem, mas o que ensinar de significativo (Penteado, 2002). 

Neste sentido, o educador precisa fazer com que os alunos se apropriem de conhecimentos visando a sua emancipação social, ou seja, que por meio do conhecimento os alunos lutem por uma realidade social cada vez mais justa.

Como oferecer protagonismo aos alunos

Agora vamos conhecer 8 maneiras de oferecer protagonismo aos alunos seguindo as transformações que ocorreram diante do ensino tradicional. Antes de conhecer estas maneiras vamos fazer um breve resumo das diferentes perspectivas educacionais vendo qual elemento que cada uma priorizava:

Ensino tradicional: professores responsáveis pelo conhecimento desconhecendo as capacidades discentes.

Escola Nova: professores como mediadores do desenvolvimento físico, cognitivo e emocional dos alunos diante de um conteúdo técnico.

Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos: professores e alunos se apropriando mutuamente de um conhecimento significativo, visando a transformação social

Diante destas 3 perspectivas educacionais é necessário criar estratégias para desenvolver o protagonismo discente visando a apropriação histórica, crítica e social do conhecimento.

1- Projetos artísticos

O projeto artístico é uma atividade que pode oferecer protagonismo aos alunos e também engajá-los em outras disciplinas.

Sabemos, primeiramente, que a arte em geral desenvolve o potencial criativo e de coletividade, atributos que precisam estar presentes em qualquer disciplina.

Neste sentido, os professores podem trabalhar coletivamente em projetos que envolvam linguagens artísticas e as demais disciplinas.

Para dar um breve exemplo, para reforçar a disciplina de história no fundamental ou até no ensino médio os professores podem trabalhar coletivamente em um projeto teatral onde envolve as 4 linguagens artísticas – música, teatro, artes visuais e dança – mais disciplinas como história e também geografia.

2- projetos comunitários

Um projeto comunitário é ideal para as crianças e jovens se apropriarem do conhecimento em prol de mudanças sociais. os professores de biologia, geografia, por exemplo podem trabalhar em projetos sobre habitações precárias diante de inundações.

Neste sentido, não podemos esquecer tanto da pedagogia da escola nova que oferece autonomia aos alunos como da Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos que trabalha conhecimentos significativos para os alunos.

3- Projetos ecológicos

Uma chance de oferecer protagonismo aos alunos e ao mesmo tempo trabalhar com interdisciplinaridades e transdisciplinaridades é elaborar um projeto de conscientização ecológica.

Neste projeto os professores podem possibilitar o desenvolvimento da autonomia dos alunos e também aperfeiçoarem várias disciplinas como biologia, geografia, história, filosofia, artes e outras.

Além disso, podem envolver também a comunidade onde a escola se localiza, promovendo conscientização em várias ações ecológicas como reciclagem, preservação ambiental, cuidados com a saúde etc.

4- Mapas mentais

O mapa mental é muito utilizado como ferramenta de memorização e cognição, pois os alunos podem conhecer os conceitos principais de um determinado tema e os assuntos que são relacionados a eles.

Uma maneira bem proveitosa de trabalhar com mapas mentais é elaborá-los juntamente com os alunos em uma aula que os professores têm grande chance de possibilitar a autonomia e o protagonismo dos discentes.

A elaboração de uma mapa mental é bem simples, parte-se dos elementos principais de uma matéria dada para depois pouco a pouco relacioná-los com outros temas correlatos, formando um grande esquema de relações entrelaçadas.

5- tecnologia

A utilização da tecnologia, visando desenvolver o protagonismo dos alunos dentro da sala de aula e em outros espaços é indispensável. Neste sentido, os professores podem trabalhar com jogos, pesquisas, imersões e outros recursos.

Além disso, uma ótima maneira de desenvolver protagonismo dos alunos é trazer assuntos do cotidiano para sala de aula e vinculá-los com os temas da disciplina, pois nesta ação podemos trabalhar com as informações que os alunos adquirem na internet. 

6- Mudança de espaço e inversão de procedimentos

Uma aula que segue sempre o mesmo formato e é realizada sempre no mesmo espaço pode criar situações entediantes para todos dentro da sala de aula.

A mudança de espaço para trabalhar uma temática da disciplina pode oferecer um cenário propício para o desenvolvimento do protagonismo e autonomia dos alunos.

7- Problemas e debates

A utilização da metodologia de problemas nasceu na escola nova, e foi uma ferramenta muito utilizada por Célestin Freinet no início do século XX. 

Desde esta época sabe-se, que quando existe uma ação docente com o objetivo de possibilitar a independência dos alunos na resolução de um problema, a docência se transforma em mediação.

A metodologia por meio de problemas é feita da seguinte forma: É dado um problema aos alunos que desperte os seus interesses, seja pela cotidianidade, pelo assunto ou até pela forma de abordagem.

Depois disso, é preciso oferecer fontes e dados, ou seja, pode-se fornecer links do assunto, autores, livros e outras informações. Para finalizar é preciso dar a chance para os alunos individualmente ou em grupos exporem suas soluções. 

8- Estudo de caso

O estudo de caso é bem parecido com a metodologia por problemas, no entanto ele não é voltado somente a uma solução como no problema.

Neste sentido, os alunos estudam o caso que é uma história ficcional ou real dada pelo docente. Posteriormente os alunos podem promover várias ações que focam no caso.

Ou seja, podem fazer uma exposição artística, uma intervenção na escola ou em parques, uma apresentação utilizando várias linguagens e mídias como audiovisuais, documentários e outros.

O estudo de caso é mais proveitoso com assuntos que envolvem várias disciplinas como ecologia, combate aos preconceitos, cultura etc.

Conclusão

Neste texto vimos várias formas de desenvolvimento do protagonismo dos estudantes, além dessas que foram elencadas existem muitas outras que os professores podem criar em seu cotidiano.

No entanto, não podemos esquecer que o protagonismo verdadeiro não se constrói somente incentivando e engajando os alunos em alguma ação.

Este protagonismo tem sempre que ir mais além, ou seja, lavar os alunos a reflexão sobre a sua história, identidade e fazê-los se colocarem criticamente na sociedade.

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