Processos Comunicacionais na educação

Resumo 

O principal foco deste artigo é uma análise detalhada de cada etapa decisória da docência. Cinco etapas dividem o trabalho do professor/a: Planejamento, definição dos objetivos, descrição do conteúdo, procedimento de ensino e avaliação. Desta análise se extrairão possibilidades de ensino em torno da comunicação. A nascente de novas perspectivas educacionais é o resultado do estudo de duas grandes teorias, a teoria da comunicação e a teoria pedagógica. 

Introdução

A relação da mídia e dos processos comunicacionais com a educação, uma perspectiva desenvolvida pela educadora e professora da faculdade de educação da USP Maria Felismina de Rezende Fusari, conhecida como Mariasinha Fusari, grande expoente da educomunicação. Esta educadora investigou também as possibilidades das mídias digitais e os meios de comunicação na formação dos professores. Seguindo este direcionamento discute-se neste artigo a natureza do fenômeno educativo, onde se vislumbra a inexistência de separação entre processos comunicativos e educação. A pedagogia  em si mesma já é uma proposta de comunicação construída de significação e interatividades. Segundo Heloisa Penteado a atuação educacional está embasada sobre dois pilares: Reelaboração, ressignificação e construção/produção de novos significados.

Portanto, a educação não se detém somente na transmissão de conhecimento, artifício criado pela educação tradicional. Posto estes termos, o presente artigo instigará uma reflexão no campo docente por meio dos temas abordados.

 Comunicação Escolar

Segundo Adilson Citelli, O que se espera do novo desenho educativo formal é o compromisso com um ensino em diálogo crítico com as realidades comunicacionais e tecnológicas, preocupado em fazer o aluno aprender a aprender.  Trabalhando o conhecimento não apenas como repositório já sabido, ou de um conjunto de informações e sim como algo socialmente construído e em construção.

A sociedade atual é indiscutivelmente, tecnológica e tem na ciência o seu valor fundante (PENTEADO 2002. P 29). Em uma sociedade com este perfil é necessário entender a escola como uma agência formadoras dos educandos e do educador; transformadora de informação em conhecimento; mediadora de diferentes textos da mídia digital. Neste novo perfil escolar e diante da profusão dos meios comunicacionais e informacionais da mídia digital – profusão de ideias, eventos culturais, informações, conhecimento, acontecimentos e outras ações temporais – será preciso decifrar e gerar sentidos para compreensão das mensagens veiculadas. E também formar receptores críticos, construtivos e autônomos em relação aos textos e mídias que circulam na nova realidade sociocultural.

A pedagogia comunicacional considera que para a abordagem de um conhecimento existe um amplo leque de linguagens que o professor/a pode fazer uso. Estas linguagens se configuram em pictórica, musical, literária, expressão corporal e cinematográfica. Podemos acrescentar em uma perspectiva mais atualizada, a linguagem digital que de certa maneira envolve todas as outras. Todas estas linguagens e expedientes são mídias ou meios de comunicações.

Para começar a falar sobre mídias é preciso primeiro começar pela mídia humana, pois como ser social o homem é um ser de comunicação.

Portanto a primeira mídia ou mídia humana é a que se estabelece entre o professor e o aluno Esta mídia visa a formação cognitiva, valorativa, atitudinal e procedimental. A tríade principal desta primeira comunicação é: Professor, aluno e conhecimento.

 Pedagogia Crítico-Social – Trajeto Histórico

Na evolução e renovação da educação começando pela escola nova de viés construtivista, resultou em algumas críticas e modificações na tríade – professor, aluno conhecimento – primeiro atribuindo ao segundo elemento da tríade um grau maior de autonomia e diminuindo sua disposição passiva. Esta proposta foi denominada “Escola Nova” que na década de 30, influenciada pela psicologia construtivista foi difundida no Brasil. Neste sentido a metodologia de uma escola de viés construtivista é direcionada para tornar a criança ativa e autônoma dentro do processo educativo. Esta pedagogia supera a dicotomia entre produto e processo de conhecimento, o processo é o caminho psicológico, interno subjetivo, o tempo que a criança precisa para vivenciar o conteúdo. Já o produto é o resultado lógico, a conclusão, que se da de forma completa e não mecanizada. 

Posteriormente na década de 70 surgiu a pedagogia crítico-social que focalizava seu olhar crítico para o terceiro elemento da tríade, o conhecimento. Esta crítica teve a intensão de superar a escola tradicional e a escola nova em atribuir ao ensino o papel de formar a consciência crítica por meio do conhecimento. Neste caso o conhecimento teria que ser transformador no sentido de conscientizar os alunos de seu lugar histórico no mundo. Nas palavras de Paulo Freire, nenhuma ação educativa poderia prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma análise sobre suas condições culturais (FREIRE P.63) Neste sentido, a educação passou a ser focada na formação de sujeitos se opondo a educação tradicional onde o aluno era visto como um objeto, com total passividade, em que o professor colocava seu conhecimento. 

– O Saber escolar 

Depois de saber sobre as propostas transformadoras que incidiram sobre a educação tradicional, provocando e proporcionando mudanças na consciência dos educadores, é preciso conhecer o processo de produção de conteúdo que resultou destes movimentos. O saber escolar tem seu ponto de partida na ciência passando por uma transposição do discurso científico para a situação de ensino. Nesta transposição, soma-se o senso comum e as representações sociais de professores e alunos ao discurso científico. Portanto, a construção do conhecimento escolar envolve vário saberes:

– Saber da ciência de referencia da disciplina escolar

– Saber didático-pedagógico do professor

– Saber do senso comum

– Saber proveniente da cultura das mídias

Na pedagogia comunicacional o professor diante de todos estes saberes age como um mediador, avaliando os alunos mas também se auto avaliando e refletindo sobre suas propostas de ensino no sentido de tornar cada vez mais visíveis os valores que esta transmitindo. Pois o conhecimento de um modo geral não é neutro e pode tender para visões fechadas e retrógadas como também para perspectivas amplas e tolerantes.

Conclusão

Vimos neste artigo os pressupostos de uma metodologia de ensino baseada na comunicação escolar. A comunicação, como todos sabem, é um ato humano e natural por isso até, nem precisaria de uma metodologia para aborda-la. Mas os problemas que revestem o ambiente escolar nos convidam sempre a refletir sobre questões muito naturais, por serem estas que estão na base da educação e não as que têm somente um viés tecnológico de suposta novidade. Pois novidades que soam como milagrosas e salvadoras mascaram sempre um intuito comercial que é vazio de qualquer intensão construtiva e solucionadora. 

A solução de problemas escolares não é nada fácil porque está relacionada com a solução dos problemas de relação humana, pois a prática docente está inserida em uma relação humana de grande dimensão, onde o professor/a precisa estar instrumentalizado com saberes, psicológicos, pedagógicos, científicos filosóficos, políticos e sociais. Neste caso o professor/a detém mais saberes do que qualquer outro profissional por isso ser professor não é ser um mero especialista.

BIBLIOGRAFIA

BARBOSA. A. M. John Dewey e o Ensino da Arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2001.

CITELLI, Adilson. Comunicação e Educação: A Linguagem em Movimento. São Paulo, Senac, 1999.

FREIRE P. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979.

PENTEADO H. D. Comunicação Escolar – Uma metodologia de Ensino. São Paulo: Salesiana, 2002.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.

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