Perspectiva das Inteligências Múltiplas na Educação Atual

Resumo 

Com intuito de possibilitar de diversificar a prática pedagógica, este artigo tem como tema a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner, focalizando para projetos e atividades inclusivas. Este trabalho centra-se em alguns questionamentos sobre as contribuições que esta teoria pode trazer e como os professores podem utiliza-la em propostas que visam a inclusão de crianças com necessidades especiais nas escolas regulares. Este artigo procura explorar também, alguns horizontes para situações pedagógicas que não possui a problemática da inclusão. 

Introdução

A heterogeneidade das salas de aula atuais, cobram procedimentos educacionais  que visem a atender a uma diversidade cognitiva, emocional e atitudinal que nem sempre fazem parte do repertório prático e teórico dos professores. As questões colocadas sobre as contribuições da teoria das inteligências múltiplas e sua aplicabilidade objetivam uma prática pedagógica que valorize as potencialidades de cada um, tornando a escola regular um espaço de produção de conhecimento e de exercício de cidadania.

Atualmente o processo de inclusão é feito de maneira parcial sem mudanças significativas em sua base, e atendem seus alunos com necessidade especiais em situações semi ou totalmente segregados, muitas vezes fora da sala de aula. 

O processo de inclusão quando plenamente realizado, reverte para todos os alunos seus efeitos positivos, principalmente os socioculturais. Pois o que se espera para a escola do século XXI é não ter somente e um papel de produção e construção de conhecimento, mas na formação de cidadãos críticos, criativos e participativos.

A teoria das inteligências múltiplas foi desenvolvida por Howard Gardner, psicólogo e pesquisador da universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Ele se baseou nos estudos de Piaget e Vygotsky, sobre as diferentes capacidades e inteligência do ser humano para resolver problemas de características diferentes, como criação de projetos, solução de problemas e contribuir para o entendimento do nosso contexto cultural.

Inteligências Múltiplas

Para Gardner (2004), o sucesso do aluno depende do professor descobrir alternativas para desenvolver as diversas competências dos indivíduos. Esta teoria foi apresentada na década de oitenta e aborda as múltiplas habilidades dos indivíduos conectadas a diferentes inteligências.

Gardner (1999) descobriu as seguintes inteligências múltiplas:

– Inteligência Linguística: Habilidade de lhe lidar criativamente com as palavras, nas expressões orais e na escrita.

– Inteligência lógico-matemática: Habilidade com o raciocínio lógico dedutivo presentes na ciência e matemática. Característica fundante da ideia tradicional de inteligência

– Inteligência musical: Facilidade em reconhecimento de temas melódicos, e habilidade em criação musical. Inteligência que permite organizar sons de maneira criativa a partir da descriminação de timbres, tons e temas.

– Inteligência Espacial: habilidades em relacionar padrões e perceber similaridades nas formas espaciais. Capacidade de visualização do espaço tridimensional

– Inteligência corporal Cinestésica: Capacidade de resolver problemas e moldar produto, utilizando o corpo todo ou parte dele. Envolve destreza e autocontrole corporal.

– Inteligência Interpessoal: habilidade em lidar com o relacionamento humano

– Inteligência intrapessoal: habilidade relacionada com o autoconhecimento. Facilidade em administrar seus sentimentos e emoções para a conclusão de seus projetos

– Inteligência naturalista: Sensibilidade em relação ao meio ambiente

Em relação e estas inteligências, vale lembrar que cada um de nós possui parcelas significativas de cada uma. O que nos diferencia é a forma como elas são destacadas frente as nossas habilidades e ações.

Frente a esta diversidade de inteligências a aplicabilidade desta teoria em uma escola inclusiva começa com a dedução que temos habilidades e interesses diferentes e portanto aprendemos de maneiras diversas.

O modelo escolar unidimensional

O modelo escolar em muitos casos, ainda opera com classificações de graus de inteligência baseado em uma única dimensão da inteligência – a inteligência lógico-matemática e linguística. Este fato provoca os mais variados problemas de dificuldades de aprendizados e fracassos escolares. Este modelo teve origem nas medições de QI criado por Alfred Binet em 1908. Com tais medições se justificava os vários fatores do fracasso escolar, não considerando que o fracasso poderia estar ligado a inadequações do conteúdo, falta de incentivo, práticas pedagógicas autoritárias.

Hoje, com toda evolução educacional perpetrada por filósofos, psicólogos e teóricos da educação este modelo unidimensional ainda é utilizado em classificações e segregações de alunos. Esta contradição em um ensino do século XXI que se diz democrático se agrava mais em situações de prática inclusiva, onde é requerida da escola uma estrutura material e pedagógica condizente com as leis de inclusão, em que a inclusão deve se dar em um ambiente não segregativo, socializador e acolhedor. Um ambiente que não estigmatize os alunos pelas suas dificuldades e perfis.

Nova visão inclusiva

Na perspectiva de Gardner a escola deve ser um meio de desenvolver diferentes inteligências adequando suas atividades as variadas formas de manifestações de interesses e habilidades. Neste sentido a escola que pretende ser inclusiva precisa estimular os alunos nas disciplinas básicas e não classifica-los em graus de adequações e inadequações.

 Seguindo esta perspectiva a escola deve estimular o desenvolvimento da singularidade dos alunos que se manifesta por um perfil de várias inteligências. Propostas pedagógicas que tenham temas interdisciplinares e transdisciplinares são muito eficazes em oferecer uma rede de saberes em que o aluno portador de alguma necessidade especial possa se inserir e se socializa. Neste sentido a escola pode oferecer disciplinas opcionais com liberdade de escolha pelos alunos como dança teatro, música e esportes.

 Outra forma de contribuir para o incentivo aos diferentes perfis de inteligências é propiciar o engajamento em projetos individuais e coletivos, onde os alunos podem mostrar suas habilidades nos variados tópicos de um projeto pedagógico.

Conclusão

A partir dos avanços das ciências cognitivas e neurociência, o paradigma sobre a inteligência se modificou em seus vieses epistemológico e axiológico, neste sentido passou da concepção singular para a plural.

O ser humano não possui uma única dimensão da inteligência as múltiplas faculdades humanas são independentes em graus significativos (GARDNER, 1995, P.29)

A partir destes pressupostos os espaços de educação devem se adequar a mosaicos intelectivos que os jovens e crianças possuem e não sempre oferecer o mesmo currículo programático que está baseado em uma única dimensão intelectiva, a dimensão lógico – matemática e linguística. A aplicação de um conteúdo linear e uma avaliação lógica, matemática e linguística desenvolve um único tipo de inteligência uniformizando e limitando o ensino.

Esta uniformização não é gratuita para a ideologia liberal o mérito pessoal é o único critério legítimo de seleção educacional e social. A preocupação com a supedotação e a subdotação intelectual tem sido a principal atividade da psicologia que sustenta o ideal liberal. 

BIBLIOGRAFIA

Gardner, H. (1995). Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas.        

Gardner, H. (1997 setembro). Sobre as várias inteligências: Nova Escola, n. 105. (pp. 42-45). São Paulo.        

 PATTO, M. H. S. A Produção do Fracasso Escolar – Histórias de Submissão e rebeldia, São Paulo. Casa do Psicólogo, 1999.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.

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