Personalização de aprendizagem e ensino híbrido

Atualmente, as diferentes demandas dos alunos causaram uma defasagem nos modelos tradicionais de educação. Ou seja, estes modelos não conseguem mais atender as necessidades individuais de cada aluno.

A partir deste fato o ensino precisou se reciclar buscando novas formas de abordagens e revisitando formas antigas como os modelos propostos pela escola nova. Entre eles o desenvolvimento da autonomia do construtivismo e do socioconstrutivismo.

Neste sentido, hoje o ensino presa a autonomia dos alunos, a tecnologia no ensino por meio do ensino híbrido, avaliação das habilidades socioemocionais e a personalização do ensino.

Seguindo esta transformação que o ensino está passando, este artigo tem o objetivo de apontar as vantagens de dois novos modelos educacionais: A personalização de aprendizagem e o ensino híbrido.

O que é personalização de aprendizagem?

Basicamente a personalização da aprendizagem é uma nova estratégia para melhorar a compreensão e o engajamento dos alunos. Portanto, para um bom desenvolvimento educacional é preciso entender a diversidade presente em uma sala de aula. 

No entanto, esta diversidade vai de encontro com o perfil de cada aluno e o não estabelecimento de padrões únicos. 

Portanto, atualmente as instituições de ensino enfrentam o desafio de pensar em algo personalizado para os alunos. Ou seja, ações que respeitem o individualismo e os ritmos diferentes de cognição.

Funcionamento da personalização de aprendizagem

Antes de entender como é o processo da personalização de aprendizagem é preciso conhecer alguns modelos que foram propostos na escola nova no início do século XX.

Portanto, a característica principal que atravessava estes modelos era o desenvolvimento da autonomia do aluno que contrastava com a educação tradicional e autoritária da época.

Assim, nestes modelos quem tomava o protagonismo do processo de ensino/aprendizagem era o aluno, portanto o professor ficava com o papel de mediador. 

No entanto, esta proposta foi tão inovadora para época que até hoje ela sobrevive e sofre várias releituras. Neste sentido a personalização do ensino se insere nas propostas de desenvolvimento de autonomias. 

Ou seja, quando o professor se depara com uma sala de aula com 30 alunos fica difícil propor uma atividade que irá contemplar cada personalidade individual. Lembre-se que 30 personalidades equivalem a 30 atividades diferentes.

Diante desta impossibilidade, só resta uma solução: O professor tem que sair da frente da sala e virar um mediador.

Mas como se faz isso?

Uma das melhores maneiras de realizar este processo é deixar que os alunos pesquisem um assunto que é colocado. Assim, o professor pode expor o assunto em forma de vídeos, filmes e temas da atualidade.

Posteriormente, este professor pode organizar debates, projetos pedagógicos e investigações em que ele se torne um mediador e não uma figura central e autoritária.

Necessidade personalização da aprendizagem

Atualmente o processo de ensino/aprendizagem precisa considerar a necessidade e o interesse do aluno. Portanto, esta nova abordagem compreende que os alunos não aprendem da mesma maneira.

Neste sentido, cada vez é mais visível que existem inúmeros fatores que atuam no processo de ensino como: Características pessoais, interesses, conhecimentos prévios e até culturas diferentes.

Portanto, quando as propostas pedagógicas se voltam para um ensino que oferece autonomia ao aluno e coloca ele como protagonista deste processo as vantagens são muitas.

Dentre as principais vantagens está o comprometimento conquistado pelo aluno, pois ele se sente seguro em seu desenvolvimento.

Vantagens da personalização de aprendizagem

Vimos até aqui que a necessidade de se ter uma educação que valorize a personalidade de cada indivíduo não se pode negligenciar.

No entanto vamos ver agora que tipos de vantagens traz este ensino.

  • Mais engajamento dos alunos: O engajamento dos alunos vai de encontro com ação de ensinar e não apenas transmitir informações.
  • Melhoria do desempenho dos alunos: O desempenho dos alunos melhora porque este tipo de ensino valoriza os pontos fortes de cada um.
  • Adaptação às necessidades de cada aluno: Em um projeto que é pautado pela personalização cada aluno tem a oportunidade de mostrar em que ele é melhor e tem mais desempenho.

O ensino Híbrido

Vimos até aqui que a personalização de aprendizagem é um modelo que atende às novas demandas dos alunos. Contudo, existem também novas demandas surgindo no que diz respeito à estruturação do ensino.

Portanto, atualmente, existe também a necessidade de realizar um processo de ensino/aprendizagem que segue o modelo indutivo das ciências.

Ou seja, em um processo científico, primeiro os cientistas precisam ficar imersos no problema de sua investigação de maneira empírica, para depois desta indução chegar na dedução.

Neste sentido, quando levamos o modelo de ensino híbrido para a sala de aula temos a intenção de que o aluno primeiro mergulhe no tema de um determinado conhecimento. 

No entanto, nesta primeira etapa o aluno precisa atuar sozinho ou em grupo sem a interferência do professor. Posteriormente, o professor junto com os alunos, problematiza tudo que foi investigado.

Sala invertida e modelo híbrido

O modelo híbrido e o modelo de sala de aula invertida seguem a proposta indutiva de conhecimento. Ou seja, os alunos pesquisam o material dado pelos professores de maneira virtual, para depois terem aulas presenciais onde o assunto será mais trabalhado.

Estes dois modelos se correspondem dentro de uma mesma proposta – na sala de aula invertida se valoriza a prática, neste sentido a melhor forma de ensino passa a ser o formato de laboratório. 

Ou seja, de simulação da realidade, para posteriormente passar para uma teorização e problematização dos fatos.

No modelo híbrido acontece a mistura de aulas presenciais e aulas a distância (online), neste caso existe um hibridismo relacionado ao espaço de ensino.

O fator que unifica estes dois modelos é a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC), relacionada com o aparato do campo virtual.

Hoje, por conta do momento pandêmico em que vivemos e com 100% do ensino sendo realizado online, ficamos imersos no campo virtual. 

Neste sentido, a tecnologia digital está à frente de qualquer proposta didática, os processos automatizados, voltados para o interesse e engajamento dos nativos digitais, hoje passam a ser estritamente necessários para todo tipo de público.

Tecnologia da informação e comunicação na educação

As TICs na educação trouxeram algumas dificuldades e conflitos de adaptação, mas que podem ser contornadas a fim de proporcionar um bom relacionamento entre alunos e professores.

O procedimento de sala de aula invertida se relaciona com as tecnologias de informação e comunicação (TICs), no sentido de sua proposta ser centrada na utilização das ferramentas disponíveis na internet.

Em um modelo híbrido de ensino, o professor propõe o conteúdo a ser trabalhado e os alunos se organizam para realizar suas pesquisas a fim de construir suas hipóteses.

No entanto, todas estas hipóteses podem ainda estar em um nível informativo para depois ser problematizada com a mediação do professor.

Origens do ensino híbrido e dos modelos de sala de aula invertida

Até aqui podemos entender que os modelos de ensino híbrido e sala de aula invertida são praticamente um mesmo processo. 

Ou seja, os dois modelos propõem um ensino em que os alunos pesquisem de forma virtual para depois o conhecimento ser problematizado com a mediação do professor.

No entanto, dentro da sua origem veremos que estes modelos concordam também com a personalização do ensino, pois eles deixam os alunos mostrarem suas principais aptidões.

Porém,para que todas estas novas propostas de ensino se tornem mais significativas para nós é necessário estudar um pouco de sua origem.

O conceito de sala de aula invertida como o modelo híbrido (flipped classroom) surgiu em 2000. É apresentado pela primeira vez por J. Wesley Baker na International conference on College Teaching and Learning.

Mais tarde, em 2006, foi aperfeiçoado e posto em prática por dois professores de química, Jonathan Bergmann e Aaron Sams, que observando a crescente ausência de seus alunos, desenvolveram vídeos que posteriormente eram disponibilizados na internet.

Com isso, os dois professores tiveram enorme sucesso com os seus vídeos, os quais foram utilizados em todo o mundo. 

A partir deste fato, criaram a instituição Flipped Learning Network, sem fins lucrativos, que presta serviços de ajuda pedagógica a professores e alunos.

Concluindo, o modelo híbrido proporcionou um maior interesse dos alunos, porque eles tiveram liberdade de desenvolver sua autonomia diante do conhecimento.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.

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