Fique sabendo: quais são as principais teorias de aprendizagem
Se você deseja realizar um trabalho de qualidade em sala de aula, leia este texto e conheça o que são as teorias de aprendizagem e como elas podem contribuir com sua profissão, uma vez que nos ensinam como o ser humano aprende, e como ocorre o desenvolvimento da cognição humana.
Diversos cientistas de distintas áreas do conhecimento como biologia, psicologia, filosofia e medicina, investigaram a questão da aprendizagem e contribuíram enormemente para o campo da educação com suas teorias, o que vem auxiliando o trabalho em sala de aula e o desenvolvimento dos alunos.
Mas afinal, o que são as teorias de aprendizagem, o que significam e como podem contribuir com seu trabalho? Leia este texto e encontre as resposta para todas essas perguntas!
O que são as Teorias de Aprendizagem?
A aprendizagem está presente desde a origem da vida humana na Terra, e os mais antigos filósofos refletiram acerca de como o ser humano aprende, havendo indícios dessas reflexões no trabalho de Sócrates, Platão e Aristóteles, que discorreram acerca de conhecimentos inatos e adormecidos, sobre a reminiscência da alma, e sobre o método dedutivo.
No entanto, a aprendizagem como é concebida hoje, tanto de forma social como científica é um fenômeno recente, devido a transformações culturais, sociais e econômicas que ocorreram após a revolução industrial com o advento das novas tecnologias da escrita, onde a sociedade passou a demandar a educação generalizada dos indivíduos em grande quantidade, para atender as novas necessidades modernas de comunicação e informação.
Assim, essa demanda impulsionou a pesquisa científica por parte das novas teorias psicológicas onde os cientistas intentaram descrever o que observaram a respeito dos aspectos da dinâmica que envolve o processo de ensino-aprendizagem, reconhecendo que a cognição humana evolui, e procurando explicar as relações entre conhecimento pré-existentes e novos conhecimentos, objetivando desvendar as transformações que ocorrem na maneira de pensar, sentir e agir ao longo da vida, o que não se reduz apenas a inteligência, mas sim a um complexo sistema de relação entre subjetividade e interações.
Dessa forma, as teorias de aprendizagem contribuem para que seja possível compreender de que maneira as pessoas aprendem, e consequentemente, apontar o papel do professor, do aluno e do meio nesse processo e assim, torná-lo mais objetivo possível, apontando quais conhecimentos, atitudes e habilidades são necessárias para o sucesso de todos.
Quais são as principais Teorias de Aprendizagem?
Ao longo da história, diversos estudiosos desenvolveram suas pesquisas a respeito da aprendizagem, tanto no âmbito social como no educativo, a fim de promover uma evolução na forma que as pessoas ensinam e aprendem, no entanto, as que mais se destacaram foram: o comportamentalismo, o construtivismo ou epistemologia genética, e o sociointeracionismo.
Essas teorias se destacaram porque foram as mais reconhecidas no contexto da educação nos últimos anos, contribuindo ricamente para as práticas em sala de aula, influenciando professores, acadêmicos, gestores e pesquisadores da área da educação.
A teoria Comportamentalista
A teoria comportamentalista, ou behaviorista, tem origem na área da psicologia, foi iniciada a partir dos estudos pioneiros de Watson e Pavlov, desenvolvida por Skinner, onde este último é o nome mais correlacionado a esta teoria.
De acordo com essa corrente de pensamento, o comportamento é condicionado por reforços positivos ou negativos, respectivamente com recompensas ou o cancelamento delas, reforços estes que foram estudados por Skinner através de suas experiências com ratos de laboratório.
Assim, na teoria comportamentalista, o ensino e aprendizagem são vistos de forma racional, individual, onde o conhecimento ocorre em consequência da ação, em etapas e a partir da expectativa de determinados comportamentos por parte do aluno.
Dessa forma, a partir de estímulos positivos ou negativos, o aluno reflete determinado comportamento que dá base ao seu processo de aprendizagem, e na medida em que seu comportamento modifica da forma esperada, é estimulado por reforços positivos para fortalecer determinados comportamentos esperados, ou negativos para suprimir outros comportamentos indesejados.
Essa teoria ressalta a importância de explicar o comportamento humano, de que forma esse comportamento é influenciado pelo ambiente onde a pessoa foi criada, e como a pessoa passa a reagir ao meio externo, sendo fundamental levar em consideração o controle do ambiente para desenvolver o autoconhecimento.
A partir desse pressuposto, Skinner defende que o individuo interage com o ambiente nesse processo de aprendizagem, onde ocorrem mudanças no ambiente pelas ações do ser humano, e o ser humano é modificado pelas consequências dessas mudanças que causou.
Nesta teoria de aprendizagem, o ser humano é produto e produtor do ambiente, e suas principais características são aulas breves, com testes após cada conteúdo, reforço positivo para acertos, oferecer novos desafios somente se acertar o anterior, incentivar a memorização, fazer com que o aluno retorne ao ponto que errou.
A teoria Construtivista
Existem alguns nomes que são atribuídos ao trabalho desenvolvido pelo cientista biólogo, psicólogo e epistemólogo Jean Piaget, relacionado ao estudo de como as pessoas aprendem, onde alguns denominam como teoria Construtivista, Cognitiva, Epistemologia Genética, ou dos estágios do desenvolvimento.
Piaget realizou experiências sobre a aprendizagem com crianças e adolescentes, onde concluiu que o conhecimento é construído pelo indivíduo a partir das interações com o meio que o cerca, e depende das estruturas cognitivas existentes.
Assim, Piaget desenvolveu a teoria de que o ser humano aprende por estágios de desenvolvimento, que iniciam no nascimento e se consolidam aos dezesseis anos aproximadamente, onde cada um deles pode mudar de acordo com cada indivíduo, o ambiente que viva e a cultura que está inserido.
Os estágios de desenvolvimento cognitivo são quatro, e o primeiro é o estágio sensório-motor, que ocorre desde o nascimento até aproximadamente os dois anos, onde nessa fase as crianças aprendem a desenvolver seus reflexos básicos para terem prazer ou alguma recompensa, o bebê ainda não fala nessa fase, por isso percebe e participa do meio a sua volta através dos sentidos.
O segundo é o estágio pré-operacional, que ocorre dos dois aos sete anos, e é marcado pela conquista da linguagem e a capacidade de representar o mundo por meio de símbolos. A criança ainda apresenta o comportamento egocêntrico e, em geral, ainda não tem capacidade moral de sentir empatia, colocando-se no lugar do outro.
O terceiro é o estágio das operações concretas, que ocorre dos sete aos onze ou doze anos, e é marcado pela conquista da capacidade de entender a reversibilidade das ações, conceitos de tempo e número, pois começa a pensar de maneira lógica e já consegue discriminar os objetos por semelhanças e diferenças.
O quarto estágio ocorre aproximadamente aos doze anos em diante, é chamado estágio das operações formais, e essa fase denota a entrada na idade adulta em relação ao desenvolvimento cognitivo, uma vez que o adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental, ou seja, é capaz de pensar em conceitos abstratos e refletir acerca de hipóteses.
Na teoria de Piaget o conhecimento ocorre na medida em que o individuo passa por um processo mental, no qual ele consolida o pensamento através de uma sequencia de assimilação, acomodação e adaptação, assim, uma nova informação desequilibra a estrutura mental já consolidada, ocorre reorganização pela assimilação, onde as novas informações irão ser acomodadas e adaptadas, causando novamente a equilibração das estruturas mentais.
As principais características dessa teoria de aprendizagem são as propostas de situações problema, levantamento de hipóteses, diferentes formas de resolução, liberdade para o aluno desenvolver suas teorias, adaptar os conteúdos ao estágio de desenvolvimento de cada aluno, e apresentar os conteúdos numa espiral de conhecimento.
A teoria Sociointeracionista
Desenvolvida através do trabalho de Lev Vygotsky, a teoria sociointeracionista afirma que a aprendizagem ocorre em consequência das interações dos indivíduos com o outro e com o meio, desencadeando o desenvolvimento sócio-cognitivo.
Assim, nesta teoria, a aprendizagem tem como principal impulsionador a linguagem, e por meio dela o desenvolvimento das estruturas mentais acontecem no próprio processo de aprendizagem, ao contrário de Piaget, que defende ser necessário desenvolver as estruturas mentais para ser possível aprender.
A grande contribuição desta teoria é o conceito de zona de desenvolvimento proximal, onde o autor afirma ser no intervalo entre o conhecimento real e o potencial que a aprendizagem ocorre, ou seja, a distância entre o que o indivíduo já sabe o que tem potencial de aprender é a zona de desenvolvimento proximal.
Neste sentido, o papel da escola é estimular que o indivíduo adquira o potencial, conhecendo seu nível de conhecimento para ser possível intervir em sua zona de desenvolvimento proximal, e na medida em o novo potencial é alcançado, passando a ser conhecimento real, a distância é redefinida para o novo potencial.
Dessa forma, nesta teoria, as interações tem papel fundamental na aprendizagem, uma vez que o conhecimento real é aquilo que o indivíduo tem domínio sozinho, e o potencial é aquilo que consegue fazer com ajuda, por isso, quanto maior e melhor as interações e trocas com outros sujeitos, mais sucesso terá em seu desenvolvimento.
Por fim, a teoria sociointeracionsita de Vygotsky defende a necessidade de interações entre os grupos de alunos, onde ocorra a constante troca de informações, experiências e opiniões para que, assim, ocorra o processo de aprendizagem da melhor maneira possível, sendo característica principal as trabalhos cooperativos em grupos na sala de aula.
Estas foram as principais teorias de aprendizagem desenvolvidas por estudiosos das diferentes áreas de pesquisa, e foram disseminadas largamente na área educacional, permeando os estudos sobre a aprendizagem nas últimas décadas, tanto em cursos de formação inicial, como nas especializações, e contribuindo demasiadamente no trabalho em sala de aula. Debruce nos estudos sobre cada um deles e bom trabalho!

Ingrid Dehn Rodrigues – trabalha na área da educação há 11 anos, professora há 4 anos, graduada em Pedagogia pela FEUSP, pós-graduação em Educação Infantil pela UNINOVE, atualmente é professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na prefeitura de São Paulo.
Gostei muito do post. Fácil entendimento