Conceito de aprendizagem híbrida

Neste texto vamos entender um pouco do conceito de aprendizagem híbrida passando por algumas categorias próprias do conhecimento e da educação.

A palavra híbrido utilizada na educação, está vinculada a diferentes facetas ou aspectos de um mesmo processo. 

Ou seja, quando os professores querem problematizar uma informação, para esta se transformar em conhecimento, ele pode lançar mão de processos diferentes de abordagens para chegar ao objetivo, fato que configura um certo hibridismo metodológico.

Além disso, muitos professores podem utilizar atividades fora da sala de aula, em outros espaços virtuais e presenciais, ou até em um passeio com a turma.

Para termos uma ideia profunda sobre a aprendizagem híbrida vamos abordar diferentes metodologias praticadas diante do conhecimento e também como se originou a ideia de aprendizagem híbrida.

O que é aprendizagem híbrida?

Primeiramente, o hibridismo na educação está vinculado a 2 maneiras diferentes de abordar o conhecimento com os alunos. 

Antigamente no ensino tradicional as aulas eram expositivas, ou seja, o professor explicava uma determinado assunto de sua disciplina e posteriormente  fazia uma avaliação para saber o nível de entendimento da turma.

No entanto, na aprendizagem híbrida há uma proposta de ensino em que o aluno se apropria do conhecimento antes, por meio de meios tecnológicos e depois este conhecimento individual é trabalhado em sala de aula com a mediação docente.

A Tecnologia Digital da Informação e Comunicação (TDIC) inserida atualmente no contexto educacional, facilita esta modalidade híbrida de ensino. Portanto, o ensino híbrido atualmente na educação, mistura meios presenciais com virtuais e a modalidade mais utilizada no modelo híbrido de ensino é a “Sala de Aula Invertida”.

Esta modalidade de ensino possibilita que o aluno tenha acesso ao material de aula antes da exposição e mediação pelos professores. No entanto, para os alunos terem acesso ao conteúdo é preciso a utilização de meios virtuais.

Neste sentido o ensino se torna híbrido, pois se oferece em dois momentos: primeiro o aluno entra em contato com a matéria individualmente, pela internet e posteriormente ele leva esse conhecimento já adquirido para trabalhar coletivamente e com a mediação docente.

É importante salientar que o conceito de sala de aula invertida (flipped classroom) surgiu em 2000. É apresentado pela primeira vez por J. Wesley Baker na International conference on College Teaching and Learning.

Mais tarde, em 2006, foi aperfeiçoado e posto em prática por dois professores de química, Jonathan Bergmann e Aaron Sams, que observando a crescente ausência de seus alunos, desenvolveram vídeos que posteriormente eram disponibilizados na internet.

Portanto, estes dois professores inverteram o processo tradicional de ensino, apresentando uma proposta híbrida que funcionava em dois momentos: O primeiro momento com o aluno assistindo os vídeos da aula e um segundo momento com trabalhos em sala de aula.

Atualmente os modelos híbridos podem utilizar outra modalidades como:

  • Gamificação: que é a inserção de jogos eletrônicos  no processo de ensino/aprendizagem. 
  • Imersão: relacionada à simulações de situações geográficas, históricas e outras temáticas com o uso de sistemas de imersão visual.

Modelos híbridos diante do conhecimento

O modelo híbrido desenvolvido atualmente em sala de aula é utilizado também em pesquisas científicas tanto de linhas exatas como de linhas humanas. Podemos comparar o método híbrido escolar com a utilização de princípios de indução e dedução.

Vale lembrar que a dedução corresponde a análise teórica sobre um fato ou evento para depois estabelecer parâmetros práticos sobre a realidade, por outro lado a indução é o mergulho na prática utilizando a observação empírica para depois estabelecer os princípios teóricos.

O método científico tradicional e por conseguinte o ensino tradicional, privilegia a seguinte ordem de estudo: primeiro a dedução e depois a indução. Sabemos que Galileu Galilei (séc.XVI) fixou dois momentos do método experimental- a indução e a dedução – ele tratou os dois momentos como parte do mesmo método 

No entanto, no século XVII Francis Bacon aprofundou o método indutivo fazendo a dedução ser submetida a ele.

Ou seja, para Bacon a primazia da observação empírica era a possibilidade intrínseca para qualquer descoberta científica, noção que até hoje influencia a ciência e também a educação em sua perspectiva híbrida.

No entanto, Descarte coloca novamente a primazia da dedução sobre a indução, para este teórico o pensamento científico precisava começar pelo método teórico de análise. 

Toda esta oposição entre dedução e indução forma no período clássico duas escolas diferentes do pensamento científico.

  • O empirismo inglês: baseado na primazia do método indutivo (Hobbes, Locke, Berkeley, Hume)
  • Racionalismo: Baseado na primazia do método dedutivo (Descartes, Malebranche. Spinoza, Leibniz).

O ensino híbrido – a indução sobre a dedução

A ideia de ensino híbrido, nem sempre esteve atrelada à tecnologia, na escola nova no início e meados do século XX também adotou esta perspectiva. 

Centrado na autonomia dos alunos, este modelo educativo privilegia primeiro a interação dos alunos com o conhecimento de maneira empírica, para depois, com a mediação docente, acontecer uma maior problematização do assunto em questão.

Hoje com o advento cada vez maior da tecnologia no ensino, este modelo da escola nova foi revisitado e transportado para nosso cenário atual.

Neste sentido, o hibridismo na sala de aula somando estratégicas tecnológicas com ação e mediação docente é considerada a melhor forma de ensino.

Assim, utiliza-se o formato de laboratório, ou seja, de simulação da realidade (indução), para posteriormente passar para uma teorização e problematização dos fatos (dedução).

Vale lembrar que o fator que unifica esses dois modelos é a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC), relacionada com o aparato do campo virtual.

Hoje, por conta do momento pandêmico e pós-pandêmico em que vivemos e com grande porcentagem do ensino sendo realizado online, estamos imersos no campo virtual.

Neste sentido, a tecnologia digital está à frente de qualquer proposta didática, os processos automatizados, voltados para o interesse e engajamento dos nativos digitais, hoje passam a ser estritamente necessários para todo tipo de público.

Ensino híbrido com gamificação e imersão

Além da modalidade “Sala de aula invertida” a gamificação e imersão são formas híbridas de ensino. na gamificação os alunos estudam situações e estratégias que são aplicáveis às disciplinas.

Um exemplo concreto de utilização das tecnologias de informação e comunicação é o processo de ensino por meio de jogos e simuladores. 

Neste sentido, a gamificação e a imersão são também modalidades híbridas, pois estes modelos são utilizados para dividir o processo de ensino em dois momentos: momento de construção do conhecimento pelos alunos e momento de mediação docente.

No processo de jogo se dá a gamificação com seus elementos lúdicos e de coletividade, as características do jogo são divididas em:

  •   Significado e vocação épicos: Ideia ou sensação que fomos escolhidos para fazer algo que mais ninguém pode fazer
  •  Desenvolvimento e realização: Motivação pela sensação de estar melhorando, subindo de níveis e vencendo obstáculos.
  • Capacitação da criatividade e feedback: Liberdade para usar a sua imaginação na obtenção de resultados
  • Propriedade e posse: Apego e proteção a suas pontuações para tornar-se melhor
  • Influência social e parentesco: Atuar no sentido de se adequar ao discurso coletivo
  • Escassez e impaciência: Aprender com a dificuldade ou baixa pontuação
  •  Imprevisibilidade e curiosidade: Atração pela imprevisibilidade dos resultados, o que acontece em jogos de loteria.

Por outro lado, no processo de simulação da realidade se dá a imersão em determinados assuntos educativos.

Nas disciplinas de artes , história e geografia, por exemplo, existe a necessidade de trazer a realidade  para dentro da sala de aula, na qual está circunscrita a vários fatores como percursos virtuais em museus, vivências históricas e geográficas.

Nesta dinâmica os alunos participam de um processo flexível de ensino em que podem adquirir conhecimento dentro de suas singularidades cognitivas e dentro de um espaço ajustável, pois os alunos podem praticar e interagir com o conhecimento em espaços diferentes.

Conclusão

Vimos neste texto, como funciona o conceito de ensino híbrido no contexto atual das escolas. Assim, podemos entender que a utilização das Tecnologias da Comunicação e Informação são imprescindíveis para esse processo.

Portanto, o conceito da aula híbrida pode se desdobrar em vários processos, entre eles: “sala de aula Invertida”, gamificação e imersão.

No entanto, vimos também neste texto que a ideia principal do conceito de aula híbrida nasceu da centralização do aluno no processo de ensino, fornecendo a este uma ampla autonomia.

Assim, o processo de fornecer autonomia ao aluno independe da utilização da tecnologia, pois ele surgiu já no início do século XX, em uma época que não havia uma tecnologia da informação e comunicação consolidada.

Porém, atualmente esta ideia da escola nova foi reinventada, de maneira que a ampliação da autonomia dos alunos é obrigatoriamente trabalhada juntamente com os meios tecnológicos.  

Deixe um comentário