8 dicas para trabalhar a autonomia dos alunos e conter a indisciplina

Este texto tem o objetivo principal de vislumbrar o conceito de autonomia nas escolas que está muito em voga nos dias de hoje. Além disso, é focado também na utilização da autonomia como instrumento contra a indisciplina na sala de aula.

Podemos dizer que o conceito de autonomia utilizado na educação nasceu no início do século XX com a escola nova e foi muito usado nas escolas das décadas de 40 e 50 na europa e no Brasil.

Célestin freinet em seu livro “ Para uma Escola do Povo” delinea bastante este tema em seus projetos pedagógicos. No entanto, ele coloca a autonomia como antagônica ao imediatismo pragmático da sociedade e muitas vezes dos próprios pais.

Ou seja, Freinet criticava em 1943 na França os pais que queriam de forma pragmática uma boa colocação para seus filhos no futuro mercado de trabalho. 

Além disso, ele criticava a sociedade em geral que transforma a educação em uma formação e  treinamento para o futuro, sem colocar a criança no centro das decisões.

Portanto, quando vemos a criança como um objeto da educação determinando caminhos que são melhores para seu futuro profissional não estamos desenvolvendo nenhuma autonomia.

A visão pragmática da educação para treinar e formar indivíduos competentes para o futuro mercado de trabalho é o fundamento exato da educação tradicional.

Este fundamento foi quebrado pela escola nova, principalmente por Célestin Freinet. Neste texto vamos elencar 8 formas de trabalhar a autonomia dos alunos dentro desse conceito.

1- Elaboração de uma jornal dentro da escola

O projeto de um jornal impresso é uma proposta de Freinet em seu livro “Para uma Escola do Povo”, inserida em um projeto maior direcionado ao desenvolvimento da autonomia dos alunos.

Naquela época a única possibilidade de impressão de um jornal na escola era por meio do mimeógrafo, hoje podemos utilizar de vários recursos disponíveis que são incomparáveis com que tinha em 1943.

A importância da proposta de fazer um jornal reside na possibilidade de engajar e mobilizar as crianças e jovens para os assuntos atuais, do cotidiano da sociedade e do cotidiano da escola e comunidade.

Dependendo da faixa etária que será trabalhada este jornal pode voltar se para problemas de ordem política, natural, ambiental e muitos outros que atravessam a nossa sociedade.

Outra vantagem deste jornal é que ele permite trabalhar com divisões de tarefas e equipes, permitindo aos alunos escolherem as funções determinadas pela montagem de um jornal que vão desde reportagens, entrevistas até a elaboração das páginas, designers, desenhos e outras tarefas.

2 – Conselho de alunos

O conselho de alunos é uma ferramenta democrática dentro da comunidade escolar que possibilita os alunos terem voz nas decisões da escola e na sala de aula.

Esta ferramenta é eficaz contra a indisciplina em sala de aula, pois muitas vezes a indisciplina está relacionada com a impossibilidade dos alunos se expressarem e tomarem decisões dentro da escola.

Geralmente o conselho de alunos é eleito por outros alunos, quando este processo acontece na escola é preciso que a comunidade escolar se mobilize e viabilize a manutenção do conselho.

Quando acontece dentro da sala de aula, o professor pode organizar toda a formalização deste conselho promovendo eleição para presidente e membros do conselho. 

O conselho é importante, pois diante de situações de indisciplina que são adversas a produção do conhecimento e do bom funcionamento da sala, pode se promover um debate democratico.

Ou seja, diante de situações adversas não será ouvida somente a voz do professor/a mas um debate entre professor, conselho e sala de aula.

3 – Acordos e contratos

Os acordos e contratos que o professor pode fazer com os alunos no começo do ano letivo são instrumentos indispensáveis para o desenvolvimento da autonomia dos alunos e também para a diminuição de atos de indisciplina.

Além disso, contratos e acordos precisam ser apreciados por toda a comunidade escolar, pois do contrário os professores ficarão isolados em suas prerrogativas.

Quando a escola possui normas explícitas sobre os cumprimentos de atividades e das formas que precisam ser cumpridas os alunos e seus responsáveis ficarão cientes de suas justificativas.

Ou seja, os alunos e seus pais terão consciência que seguindo normas democráticas os resultados para todos serão positivos.

4 – Complexo de interesse

O complexo de interesse é um conceito presente também na obra de cèlstin Freinet no qual ele oferece um sistema escolar em que as crianças e jovens são imersos a uma vasta gama de conhecimentos oferecidos por diversos projetos.

Para dar um exemplo, este complexo aparece quando o professor/a elabora um projeto com os alunos que pode ser a construção de uma horta, a elaboração de uma exposição artística ou uma ação na comunidade.

Em todas essas atividades existe uma gama de conhecimento gerada pela montagem dos projetos, no caso da horta surgem questões sobre alimentos, nutrientes, sustentabilidade, geografia, história e muitos outros conhecimentos.

Atividades que são muito ricas em complexos interesses engajam mais os alunos trabalhando a sua autonomia e neutralizando atitudes de indisciplina.

5 – Aprendizagem baseada em problemas

O princípio básico da aprendizagem baseada em problemas é a mescla de teoria e prática. Os alunos ficam mais engajados por aplicar a teoria que foi aprendida na prática. 

Além disso, a  ABP é interdisciplinar envolvendo os alunos em uma gama de conhecimentos, com isso ela abrange todos os alunos de forma inclusiva, pois não separa alunos com defasagens cognitivas ou emocionais.

Esta atividade funciona da seguinte forma: 

Contextualização

Primeiro o professor/a precisa contextualizar o problema colocando em cenários sociais e históricos. vale lembrar, que mesmo em um problema de ciências exatas existe a contextualização histórica, pois todo cálculo ou experiência científica nasceu com propósitos sociais e históricos.

Apresentação

Nesta fase o professor/a apresenta o problema para a classe que posteriormente pode partir para a solução de forma individual ou em grupo.

É importante salientar que contextualização e apresentação estarão sempre juntas, poi o professor primeiro contextualiza e depois expõe o problema

Resolução

A resolução é a etapa em que os alunos refletem sobre a matéria que já foi dada em aulas anteriores, sobre fatos cotidianos e históricos.

Após refletirem, partem para a solução do problema que foi exposto sempre com orientação do professor que fica em um papel de mediador.

Apresentação das soluções

Na apresentação, os grupos ou alunos individuais apresentam suas soluções para o problema. Vale lembrar que é necessário ter um espaço de tempo após a apresentação para os demais alunos debaterem.

6 – Mapa mental

O mapa mental utilizado em sala de aula tem o objetivo de tornar visível o pensamento conceitual dos alunos. para realizá-lo é preciso alguns procedimentos como:

  • Elencar as palavras chaves do assunto em questão
  • Classificar as ideias que se relacionam com as palavras desde as mais específicas até as mais gerais.
  • Conectar estas ideias com gráficos de cores e formatos diferentes
  • Sintetizar as justificativas para a elaboração do mapa mental

Vale lembrar que na elaboração do mapa mental precisa ter a colaboração dos alunos para contribuir para a autonomia e participação na aula.

7 – Hibridismo

O conceito de hibridismo em sala de aula está relacionado aos espaços do conhecimento. Portanto, este espaço pode ser virtual e presencial garantindo um momento para os alunos construírem o conhecimento sobre o assunto que será dado em aula.

O hibridismo na educação se caracteriza pelo ensino por meio de vídeos, ou seja, o professor/a pode elaborar ou indicar uma vídeo aula em que os alunos irão tomar conhecimento sobre um tema.

A partir desta etapa, esta temática se estenderá na aula presencial onde pode haver um debate entre os alunos com mediação do professor/a.

Neste debate existe a chance de problematizar o tema, transformando a informação dada no vídeo em conhecimento

8 – Tempestade de ideias

O modelo de “tempestade de ideias” nasceu em empresas de marketing ou de projetos tecnológicos em que os funcionários falam as suas ideias livremente em torno de um projeto.

Quando se transfere este modelo para uma sala de aula ele pode ser aplicado na elaboração de um determinado projeto que pode ser a montagem de uma exposição científica, um projeto de conscientização ambiental, um festival de música ou outras atividades.

Nesta metodologia estão inseridos o desenvolvimento da criatividade, potencialidades e habilidades dos alunos.

O funcionamento deste método é baseado em questões que o professor/a pode fazer aos alunos e as respostas são colocadas na lousa.

Neste momento todas as respostas deverão ser colocadas na lousa sem restrição, pois qualquer restrição pode acarretar constrangimento aos alunos.

A partir destas respostas o objetivo principal é chegar em um consenso para a montagem de eventos ou soluções de problemas.

Conclusão

Neste texto vimos algumas propostas para o desenvolvimento da autonomia dos alunos e a solução de problemas de indisciplina em sala de aula.

Vale lembrar, que existem bem mais atividades que contribuem para estes problemas, neste texto se apresentou algumas possibilidades. Além disso, nenhuma proposta apresentada aqui é uma receita exata para sanar problemas e desenvolver soluções.

Portanto, os professores precisam analisar a fundo os problemas em sua sala e adequar estas ferramentas em seu contexto específico.

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