6 dicas para enriquecer suas aulas

Atualmente, o ensino/aprendizagem se modificou por vários fatores como o isolamento social, aperfeiçoamento das tecnologias digitais de comunicação e informação, o acesso a informação fácil, podcasts, e até sites que trazem muitas informações falsas.

Podemos dizer que todos estes fatores possuem conexões com a internet de alguma forma, neste sentido se o professor quer enriquecer a sua aula não pode deixar de levar em conta estes fatores.

Hoje o papel dos professores mudou de expositor e de avaliador para o de mediador e monitor. Portanto, a docência é ampla, pois ser mediador e monitor é um papel mais abrangente do que o de um simples expositor e avaliador.

Exposição e avaliação são ações que muitos robôs podem efetuar, mas o papel de mediação e monitoramento é mais complexo pois exige um diálogo constante com os alunos.

A mediação e o monitoramento são essenciais para filtrar toda informação vinda da internet e transformá-la em conhecimento real, focada em uma única ação , a problematização.

Quando não se problematiza a informação estamos correndo o risco de difundir informações falsas, mal construídas e definidas.

Neste texto você conhecerá 10 dicas preciosas para enriquecer a sua aulas problematizando, engajando e oferecendo cada vez mais, autonomia e ética aos alunos.

Metodologias ativas

Antes de abordar as dicas e recursos para o enriquecimento das aulas é importante ter uma ideia da nascente das metodologias ativas. Todo esse vocabulário, métodos ativos, autonomia dos alunos, resolução de problemas, projetos pedagógicos, parecem termos atuais.

No entanto, estes termos nasceram na escola nova no início do século XX. Para pegar um exemplo de algum autor da filosofia da educação, John Dewey já enfoca a estreita relação entre teoria e prática em 1930. 

A educação para esta importante autor precisava reconstruir a experiência dos estudantes articulada com a vida

Na proposta da escola nova, o processo é o ponto mais importante da educação, no processo se mescla prática e teoria. 

Neste sentido, os professores podem apresentar o conteúdo não mais de maneira expositiva como na educação tradicional, e sim como a apresentação de um problema. 

Este problema quem vai resolver é o aluno detentor de uma ampla autonomia mediada pelo professor.

Veremos agora alguns dispositivos para enriquecer as aulas no sentido de adequá-las com a ótica da escola nova, que atualmente renasce em um âmbito mais tecnológico.

1- Contrato de aprendizagem

Nesta ferramenta de aprendizagem existe o estabelecimento de papéis, ou seja, é preciso que os alunos entendam seus papéis no processo de ensino/aprendizagem. No processo ativo de aprendizagem a compreensão dos papéis é essencial.

O aluno precisa compreender a sua responsabilidade nos processo de ensino e saber que a aprendizagem funciona como um acordo entre o docente e os alunos.

Este contrato pode ser verbal ou escrito, mas é um dispositivo simbólico e não formal, ele serve para fixar as regras, direitos e obrigações que se estabelecem entre as partes no início do ano letivo.

Vale lembrar, que neste acordo o professor/a pode estabelecer papéis entre os alunos, escolhendo a cada período quem vai fiscalizar o comprimento das regras tanto pelos alunos como pelo professor.

Neste contrato os professores têm oportunidades de apresentar a responsabilidade ética aos alunos de forma que eles entendam a necessidade de se apropriar do conhecimento para a sua vida futura e profissional, esta técnica desenvolve empatia nos alunos e tomada de consciência.

2- Aplicativos

A utilização de aplicativos em sala de aula facilita o engajamento dos alunos em uma ambiente de liberdade e autonomia. No entanto, é preciso colocar estes aplicativos em uma sequência de estratégias pedagógicas definidas. 

O professor terá mais aproveitamento em utilizar os aplicativos em contação de história ( storytelling), construção de estudo de caso e estratégias baseadas em problemas do cotidiano.

Estas estratégias estão mais de acordo com o uso de aplicativos de animação  como a plataforma UTell Story, o site Meograph que facilita a criação de histórias próprias.

Outro aplicativo interessante para engajar os alunos em criações de situações problemas e histórias é o StoreKit, ele permite a criação de conteúdo interativo. Se o aluno tiver criatividade e imaginação este aplicativo vai concretizar estas qualidades com imagens sons e animações.

3- Debate e colaboração

Nesta estratégia o professor põe em discussão um fato concreto como o tema da aula. A partir deste fato é preciso relacionar prós e contra que dizem respeito a ele.

Em um exemplo, o professor pode apresentar a notícia da construção de um usina hidrelétrica em uma área de mata atlântica. A partir deste fato os alunos precisam colocar vantagem e desvantagens desta situação.

As vantagens podem estar relacionadas com o progresso e soluções de problemas energéticos para o país, as desvantagens estão claramente relacionadas, com o desmatamento, o impacto ambiental, o deslocamento de comunidades indígenas e outros pontos negativos.

Vale lembrar, que a colocação de vantagens e desvantagens pode ser feita na lousa ou em uma grande folha que vai passando pela sala de aula ou até de outras maneiras que o professor pode elaborar.

Depois de fazer este levantamento de prós e contra relacionados com a ideia principal, o professor pode realizar um rico debate entre a turma, sendo ele o mediador.

4- Chuva de ideias ( brainstorm)

Esta ferramenta intelectual é muito utilizada em empresas onde os envolvidos em um projeto apresentam e discutem livremente as suas ideias.

A estratégia funciona da seguinte maneira: o professor apresenta um problema qualquer que pode ser do cotidiano ou histórico e os alunos apresentam ideias para solucionar aquele problema.

Esta estratégia é mais adequada para problemas científicos como a solução das enchentes, soluções ecológicas, soluções de problemas urbanos e outros.

Em um exemplo o professor pode provocar os alunos a criar um projeto relacionado a preservação dos parques urbanos em relação ao descarte de lixo. Um projeto informativo que conscientiza as pessoas.

Esta estratégia desenvolve muitas competências nos alunos como: troca de informação, associação e desenvolvimento de ideias, desenvolvimento da criatividade e outras.

5- Estudo de caso

O estudo de caso se faz a partir de uma história cotidiana que traz uma situação problema. Portanto esta história pode ser contada pelo professor primeiro.

No entanto, é preciso que esta história esteja relacionada com a disciplina e também com o cotidiano dos alunos, justamente para facilitar o engajamento da turma.

Para dar um exemplo, o professor pode relatar um cotidiano de um personagem que se depara com um córrego em seu bairro onde possui um esgoto a céu aberto. 

Aqui já identificamos a situação problema que é relacionada a saúde dos moradores e também sobre preservação ambiental.. No entanto, o professor precisa deixar os alunos identificarem o problema de forma autônoma sem interferir.

A sequência que se abre a partir desta situação problema é a identificação do problema, a análise das evidências, o desenvolvimento de argumentos lógicos e a avaliação das soluções.

Este instrumento pedagógico é muito valioso porque desafia os alunos a  raciocinar, argumentar, negociar e refletir.

6- Mapa mental

Esta estratégia foi criada pelo consultor inglês Tony Buzan em 1960, consiste em criar resumos visuais de um determinado assunto. 

Na construção de um mapa mental é utilizado cores, setas, frases de efeito para organizar um determinado conteúdo e facilitar a associação das informações.

Este estratégia é indicada para o aprendizado de forma visual, principalmente para crianças por causa da dispersão de atenção.

O mapa mental pode ser utilizado em qualquer disciplina e é organizado da seguinte maneira. O tema central é colocado no centro e os assuntos relacionados são colocados nas imediações. 

Depois estes assuntos são novamente ramificados em outros assuntos e assim se vai criando um sistema gráfico acoplado em relações de causa e efeito.

Conclusão

Todas estas estratégias são direcionadas podem ser utilizadas em sala de aula, em aulas online e aulas híbridas, pois elas são flexíveis em seus formatos. Cabendo aos professores fazerem as escolhas e adaptações necessárias às suas necessidades de ensino. Muitas das estratégias quando são feitas de maneira presencial demandam algumas mudanças.

Neste sentido, em muitas situações na utilização destas estratégias é importante pensar em mudanças de disposição da sala em caso de aulas presenciais. Assim, o professor pode fazer com que os alunos se sentem em círculo e em outros casos a aula pode ser feita em outros espaços da escola.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.

Deixe um comentário