10 estratégias do trabalho docente

Neste texto iremos conhecer 10 estratégias que englobam o trabalho docente, lembrando que este trabalho extrapola as atividades em sala de aula e até mesmo da escola regular.

É importante lembrar que atualmente os professores trabalham em espaços diferenciados como ONGs, empresas, hospitais e muitos outros, desenvolvendo estratégias condizentes com cada proposta educacional.

Existem estratégias que são direcionadas para o trabalho em sala de aula, como propostas para engajar os alunos, desenvolver a autonomia discente, avaliações formativas e somativas, e outras atividades.

Além disso, existem as estratégias que  remetem ao trabalho fora da sala, como planejamentos, avaliações, auto-avaliação, formatação de curso e outras.

Vale lembrar, que neste texto as estratégias elencadas estão relacionadas com as habilidades propostas na BNCC, cujo, um dos fundamentos principais é o desenvolvimento da autonomia dos alunos diante de um mundo mais tecnológico.

1- Jogos e ludicidade

O terreno do lúdico e do jogo se desenvolve como uma realidade à parte, Johan Huizinga em seu livro Homo Ludens nos mostra como esta atividade está na vida humana desde tempos remotos.

Esta designação de homo ludens se contrapõe em seu livro com a designação de homo sapiens até pelo fato na visão do autor de não sermos tão razoáveis como acreditavam os filósofos do século XVIII.

Além disso,se contrasta também a designação de homo faber, por não sermos a única espécie que fabrica ferramentas. No entanto, Huizinga coloca o seu homo Ludens somado ao homo faber, ambos com qualidades que se diferenciam dos outros animais.

Portanto, ele nos revela que em todo o fazer humano reside uma espécie de ludicidade. Neste sentido, quando uma criança em idade pré-escolar brincar de faz-de-conta ele está construindo uma narrativa, um mundo próprio que possui suas regras, seus conflitos e sua dinâmica.

Na acepção de huizinga o jogo está na base do fazer humano e de suas cultura, portanto quando os professores lançam mão de jogos eletrônicos e não-eletrônicos eles estão indo de encontro ao fazer da criança e seu pensamento.

O fator lúdico, atualmente, é muito sublinhado pelos novos currículos direcionados para a educação infantil, principalmente no conteúdo da BNCC. Portanto, o jogo e as atividades lúdicas são as principais ferramentas de engajamento da atualidade.

2- Criação e materialidade

No processo educativo atual, criação e materialidade possuem um laço que interliga teoria, planejamento e realização prática. Estes elementos são cruciais para o processo de ensino /aprendizagem.

Em qualquer disciplina os professores podem propor atividades em que os alunos  possam construir objetos que sirvam para aplicar uma teoria. Para dar um exemplo, um professor/a de geografia pode propor aos alunos do fundamental 1 construir um pluviômetro com garrafa pet.

Este objeto construído pelos alunos servirá para testar teorias relacionadas à medição milimétrica da chuva. Em outro caso professores de linguagens artísticas podem propor a construção de chocalhos com garrafinhas de iogurte para fazer diferentes chocalhos com grãos de areia, milho, feijão e outros grãos.

Com isso os alunos podem testar diferentes timbres sonoros, assimilando e compreendendo parte da linguagem musical.

Os professores podem completar este processo de criação e materialidade com exposições, feiras de ciências e apresentações musicais.

3- Estudo de caso e trabalho coletivo

Na educação que utiliza métodos ativos referentes ao desenvolvimento da autonomia discente, o estudo de caso é uma proposta que se encaixa muito bem.

Nele os professores podem desenvolver também o trabalho coletivo, a apropriação de temas do cotidiano e a proatividade na resolução de conflitos e problemas de ordem social, identitária, científica política entre outras.

O estudo de caso é dividido, basicamente, em 3 etapas. A primeira etapa é referente à exposição do assunto/problema. Nesta exposição o discente conta um fato que pode ser fictício ou não, neste fato existe um problema que precisa ser solucionado.

Na segunda etapa é disponibilizado um tempo para os alunos discutirem e refletirem em seus grupos. Na terceira e última etapa, cada grupo de alunos expõem a sua solução para o problema que foi exposto.

Vale lembrar que esta atividade pode ser feita individualmente, mas o aproveitamento é maior quando é feita em grupo. O estudo de caso pode ser proposto em diversas disciplinas pois o nosso cotidiano social está presente em todo tipo de conhecimento.

Existem problemas que estão associados à economia que se revela como um conhecimento matemático; a saneamento ligado a ciências e a geografia; a grafites e escultura urbana ligados à linguagem artística e muito outros.

4- Debates sobre projeto de vida

As atividades que relacionam projeto de vida dos alunos e educação estão bastante presentes no referencial da BNCC. A discussão sobre projeto de vida se encaixa em propostas para alunos do fundamental II e ensino médio.

Quando os professores propõem debates sobre projetos de vida possibilita a discussão de assuntos ligados aos seus cotidianos e por isso pode despertar muito interesse.

Algumas vezes o conteúdo escolar pode se configurar como um conhecimento distante da realidade social dos alunos, causando uma falta de engajamento da turma.

Neste sentido, trazer para sala de aula propostas de elaboração e discussão do futuro profissional e das diferentes oportunidades de trabalho distribuídas em nossa sociedade, é uma ótima opção de atividade em qualquer disciplina.

Os professores podem propor debates sobre atividades e profissões, direitos, situações econômicas e até trazer profissionais de algumas áreas para esclarecer e ajudar nesse debate.

5- Utilização de mapas mentais sobre problemas

A solução de problemas é uma metodologia ligada aos métodos ativos utilizados no desenvolvimento de autonomias dos alunos. Esta proposta é um pouco parecida com o estudo de caso.

Porém, na resolução do problema é exposto aos alunos um tema cotidiano, uma imagem, um filme, uma notícia entre outras provocações.

Ou seja, existe da parte docente uma intenção de provocar os alunos para que eles discutam sobre alguma questão social e cotidiana.

O objetivo dessa atividade é a problematização de todo acontecimento ou informação. Vivemos em um mundo em que a quantidade de informação aumentou exponencialmente.

Neste sentido, diante de fatos, imagens e vídeos, é muito importante que os alunos problematizem e extraiam de tal fato tudo que está envolvido nele.

Assim, diante de um filme, por exemplo, é necessário que os professores perguntem aos alunos tudo que eles sentiram, e por meio de uma análise coletiva possa-se chegar mais perto da proposta do filme.

O mapa mental é um ótimo auxiliar nessa proposta pois com ele os professores podem pôr as questões principais ditas pelos alunos e a partir disso relacionar com outros conteúdos.

Basicamente, o mapa mental pode ser feito na lousa ou em computadores e até em telas projetivas. Nele se coloca os elementos principais do assunto e depois se tece uma rede de assuntos relacionados possibilitando chegar a uma problematização intensa sobre o conceito.

6- Avaliações formativas

A avaliação formativa é uma espécie de avaliação que se diferencia bastante da avaliação somativa em muitos aspectos.

Podemos destacar um desses aspectos que é evidenciado na característica qualitativa dessa avaliação, enquanto a avaliação se configura como uma avaliação meramente quantitativa.

Ou seja, a avaliação somativa avalia os alunos somente pela contagem de seus postos em trabalhos e provas, a avaliação qualitativa avalia os alunos direcionada às atitudes e desenvolvimentos no processo de ensino

Nesta avaliação o professor/a tem a oportunidade de conhecer os problemas individuais de cada aluno bem como as suas aptidões.

Para realizar essa avaliação os professores podem utilizar relatórios individuais de cada alunos, analisar resultados de trabalhos coletivos, analisar o empenho e solidariedade dos alunos; analisar proatividade e outras questões qualitativas.

7- Planejamento processual

Antes de abordar o tema do planejamento é importante lembrar que os professores precisam estar integrados por meio do Plano Político pedagógico da escola.

Neste sentido, as decisões tomadas em sala de aula sobre vários problemas precisa estar afinada ao PPP e também trazidas para reuniões para otimizar soluções.

No PPP estão as expectativas do grupo de profissionais da escola, os problemas característico de cada escola,as prioridades discutidas e também uma margem de flexibilidade para acolher debates de professores que não concordam com algum ponto.

Feito esta primeira etapa, os professores podem trabalhar com seus alunos em um planejamento processual. Neste planejamento o professor estabelece um caminho e um recorte de conteúdos que serão abordados, pois ele é o especialista responsável.

Posteriormente a esta etapa, quando as atividades do planejamento são postas em prática é preciso realizar ajustes que se adequem às necessidades da turma.

Estes ajustes precisam ser feitos, pois algumas vezes um recorte de conteúdo pode não ser um bom caminho com determinadas turmas, nesse sentido os professores podem priorizar  conteúdos que se encaixem com os alunos e suas características históricas, sociais e regionais.

8- Auto avaliação docente

Uma das estratégias mais importantes do trabalho docente é a auto-avaliação, nela os professores analisam os seus planejamentos para decidir sobre atividades que precisam ser modificadas diante da falta de engajamento ou o baixo aproveitamento.

Portanto, a auto-avaliação é necessária para elaborar correções de rota com o objetivo de adequar o planejamento com as características da turma. Muitas vezes culpar a falta de desempenho dos alunos e suas atitudes de indisciplina, não é um bom caminho.

Os casos de indisciplinas podem estar relacionados com problemas mais amplos e sociais, nestes casos é crucial tratar este problema de forma coletiva com outros professores , coordenadores e pais de alunos.

No entanto, muitas atitudes de indisciplina de crianças e jovens podem estar relacionadas com a falta de engajamento dos alunos com o conteúdo. Portanto, é preciso sempre estar atento por meio da auto-avaliação do trabalho docente.

9- Formação de grupos de estudos

A formação de grupo de estudos entre os alunos é uma estratégia que vai de encontro com o desenvolvimento da autonomia da turma.

Os professores podem formar grupos de estudos separados por disciplinas, ou seja, os alunos com facilidades para matemática e ciências exatas podem formar um grupo que tem por objetivo auxiliar professores e colegas, e coordenar trabalhos científicos.

Por outro lado, os alunos que possuem aptidões por história, podem coordenar atividades, auxiliar professores e alunos.

O trabalho de desenvolver grupos de estudos cria nos alunos o senso de responsabilidade, coletividade, solidariedade e outras qualidades muito importantes para o equilíbrio da turma.

Além disso, o docente e a turma podem elaborar um blog com atividades de cada disciplina e espaços de exercícios.

10- Criação de jornal escolar eletrônico

A elaboração de um jornal da escola é uma ideia que remete a Celestin Freinet, educador francês do início do século XX. Esta proposta era uma das mais importantes de sua metodologia educacional, direcionada totalmente ao desenvolvimento da autonomia dos alunos

Célestin Freinet foi um educador atrelado ao ideário da Escola Nova que possuía suas bases nas descobertas científicas de Jean Piaget e outros estudiosos do desenvolvimento infantil.

O jornal que ele propôs criava na turma divisões de especialidades, onde uns eram responsáveis pela redação do jornal, outros pela impressão, e uns pela reportagem. 

Além disso, havia alunos que eram responsáveis por todas as atividades e, estes, eram eleitos a cada período de tempo.

Neste sistema o docente tomava o papel da mediação, onde resolvia conflitos, propunha eleições para o responsável pelo jornal e auxiliava no fornecimento de conteúdos.

Toda esta metodologia pode ser transferida para os meios tecnológicos de comunicação e informação atuais. 

Nesta releitura da metodologia de Freinet, os professores podem optar por elaborar jornais eletrônicos ou físicos ou até em duas versões (virtuais/físico).

Conclusão

Neste artigo se expôs algumas estratégias relacionadas ao trabalho docente, sendo todas elas ligadas a metodologia ativa. Ou seja, a metodologia que faz com que os alunos sejam o centro da atividade pedagógica.

No entanto, é importante lembrar que a metodologia ativa incorre em alguns erros relacionados ao conteúdo. Neste sentido, os ideólogos da Escola Nova no Brasil, não deram a devida importância ao conteúdo de enfoque histórico-crítico.

Esta falha resultou em um conteúdo tecnicista, principalmente nas décadas de 40 a 70, onde os alunos mesmo de forma autônoma repetiam sem uma visão crítica.

Posteriormente esta falha foi corrigida com propostas de educadores em campos sócio-críticos como Paulo Freire e outro em uma pedagogia crítico-social dos conteúdos.

Deixe um comentário