Projeto de educação midiática e suas vantagens

A educação midiática está relacionada com as mídias disponíveis hoje e com a mediação dos professores frente a quantidade de informação advinda dos meios digitais. 

No âmbito da internet nem tudo é informação válida, ou seja, nem todas as informações se aproveitam para transformá-las em conhecimento.

É neste fato que reside a demanda de uma educação midiática e essa educação está a cargo dos professores que hoje se transformaram em mediadores de informação em parte de seu trabalho.

Neste cenário de infinidades de informações é indispensável a orientação dos professores para que os alunos aprendam a interagir com a diversidade de conteúdo e plataformas informativas, presentes no meio digital.

Portanto, em um papel de mediação ativa os professores precisam desenvolver nos alunos uma visão crítica e histórica do saber como um todo. Neste sentido, para saber se articular na internet é preciso ter uma ideia histórica da origem dos saberes e seus contextos, sejam no plano econômico, político ou social.

Para destrinchar todo este emaranhado de fatos que envolvem o campo informativo, vamos entender neste texto, alguns objetivos da educação mediática, o seu funcionamento e suas vantagens. 

Como elaborar um projeto de educação midiática

Existem muitas formas de elaborar um projeto de educação midiática e elas estão ligadas aos métodos ativos. Estes métodos nasceram no início do século XX juntamente com o ideário da escola nova.

Teóricos como Jean Piaget, Edouard Claparéde, Celestin Freinet entre outros psicólogos e educadores fomentaram a mudança do ensino tradicional.

Atualmente, os métodos ativos estão sendo relidos e revisitados para desenvolver formas de ensino que se adequem com o tempo tecnológico em que vivemos.

Dentre estas formas de ensino estão:

  • Estudo de caso
  • Sala de aula invertida
  • Gamificação
  • Projetos pedagógicos

Agora vamos entender como estas formas de ensino podem se relacionar com a educação midiática. Vale lembrar que este tipo de educação ou ferramenta educacional, considera mídia todo meio de veiculação de comunicação e informação.

Portanto, atualmente existem as mídias digitais como computadores, tablets e celulares e também existem as mídias escritas como revistas e jornais. Além disso, existe ainda a mídia televisiva que veicula informação pela televisão.

Estudo de caso e educação midiática

Primeiramente, o estudo de caso se caracteriza por uma metodologia educacional em que os professores expõem um caso em que existe um problema para solucionar. 

A primeira parte deste processo é a exposição do caso depois vem a reflexão, que é o momento em que os alunos refletem sobre o caso e a matéria que já foi dada para estabelecer uma relação e pensar em uma solução para o problema exposto. 

A terceira e última parte é a apresentação da solução para o caso onde os alunos são chamados para expor a sua solução para o grupo. É importante lembrar que todo este processo pode se realizar individualmente ou em grupos.

Até aqui podemos entender um pouco sobre o funcionamento do estudo de caso, agora é preciso relacioná-lo com a educação midiática. 

No entanto,para adequar o estudo de caso na educação midiática é preciso trabalhar com problemas que estão inseridos nas mídias, seja digital, televisiva ou escrita.

Geralmente os trabalhos com educação midiática e estudo de caso mais produtivos são os que remetem à atualidade. Ou seja, trabalhar com notícias atuais, sejam elas ligadas à sustentabilidade, economia, ciência, psicologia ou outras áreas.

Por meio deste trabalho os professores terão a chance de exercer uma educação e orientação midiática apontando e selecionando o que são informações falsas e verdadeiras no âmbito da internet e também de outras mídias.

Sala de aula invertida na educação midiática

A sala de aula invertida é uma metodologia que surgiu com recursos tecnológicos somados à prática em sala de aula. 

Este modelo pedagógico valoriza a autonomia dos alunos, pois nele os professores oferecem material de pesquisa que são organizados em vídeos para os alunos entrarem em contato com a matéria da aula.

O nome sala de aula invertida, vem da inversão do modelo tradicional onde os professores primeiro expunham a matéria para depois realizarem atividades práticas de pesquisa e elaboração de problemas com os alunos.

Quando os alunos começam pela pesquisa, eles estão mais ligados com o método indutivo onde o pesquisador, por meio do contato direto com o objeto de pesquisa, avalia suas hipóteses para posteriormente chegar a uma dedução lógica sobre os fatos.

Assim, acontece primeiro a indução empírica para depois se construir a dedução. Igualmente como acontece em processos científicos de pesquisas nas áreas exatas ou humanas

O conceito de sala de aula invertida (flipped classroom) surgiu em 2000. É apresentado pela primeira vez por J. Wesley Baker na International conference on College Teaching and Learning. 

Posteriormente este modelo se baseou em vídeos que eram disponibilizados na internet onde os alunos tomavam conhecimento da matéria que seria dada em aula. 

Um exemplo histórico deste fato está quando 2 professores de química dos EUA, Jonathan Bergmann e Aaron Samn, que diante de alunos desestimulados desenvolveram o primeiro projeto de sala de aula invertida.

Para contornar o problema de alunos que faltavam muito às aulas, desenvolveram vídeos interessantes para engajar estes alunos e despertar interesse na matéria. Posteriormente, estes vídeos foram disponibilizados na internet e fizeram muito sucesso.

Hoje existem muitos vídeos e conteúdos na internet sobre diversas matérias e disciplinas. No entanto, com a grande proliferação de informação ocorreu também a circulação de informações falsas ou mal fundamentadas.

Para adequar este método com a educação midiática atualmente, é necessário que os professores indiquem links confiáveis onde os alunos poderão tomar conhecimento do assunto que será dado em aula. 

Assim, os alunos já vão para a aula com um amplo conhecimento da matéria e nesta aula poderá ser organizado alguns debates, conversas e outras atividades menos expositivas.

Gamificação e educação midiática

A gamificação é um modelo que utiliza o videogame para engajar os alunos nos processos de ensino. Vale lembrar que o videogame é um jogo e a utilização de jogos na educação foi uma prática muito difundida na escola nova entre as décadas de 1920 e 1930, época que nem tinha videogame.

Nos ideários da escola nova o jogo na educação fazia parte do ensino lúdico onde era usado jogos para ensinar conteúdos, e também treinar habilidades intelectuais e psicomotoras.

Mais recentemente o conceito de gamificação foi muito utilizado em empresas para engajar funcionários aos valores da corporação. Este processo foi utilizado e nomeado por Nick Peeling em 2002. Este programador britânico viu que o jogo desenvolve no indivíduo capacidades de ação estratégicas e também aguçava o espírito de equipe.

Esta proposta foi transferida posteriormente para o âmbito educacional e teve muito sucesso. A partir daí surgiram muitos aplicativos, sites e plataformas com jogos educacionais para computadores onde os professores podem construir atividades com os alunos na sala de informática da escola.

No entanto, para adequar estes jogos com a educação midiática é necessário que os professores criem atividades de pesquisa. Ou seja, que os jogos praticados em aula não se resumem somente a jogos prontos, mas que os professores desenvolvam atividades em que os alunos tenham que pesquisar na internet.

Para dar um exemplo, pode-se fazer uma “gincana virtual na escola” com utilização de celulares, computadores e netbooks educacionais. Esta gincana ser pautada em um assunto temático e multidisciplinar como sustentabilidade, cultura, identidades, discriminação e outros.

Uma gincana virtual pode ter uma grande amplitude, pois podemos realizar chats de conversas, entrevistas, lives (transmissões ao vivo) e outros aparatos digitais.

Projetos pedagógicos e educação midiática

O recurso do projeto pedagógico é uma ferramenta antiga na educação que valoriza a autonomia dos alunos. No projeto pedagógico é trabalhado sobre um tema interdisciplinar e transdisciplinar. 

Ou seja, ele pode abordar várias disciplinas escolares como matemática, portugues, geografia e outras;  e vários assuntos transdisciplinares como discriminação racial, sustentabilidade, cultura, problemas sosciais e outros temas.

O projeto pedagógico pode ser feito pelos professores em suas salas desenvolvendo o projeto somente com seus alunos ou de maneira mais ampla envolvendo mais turmas dentro da escola.

Em um projeto pedagógico é lançado um tema que será trabalhado e depois é feito um planejamento que pode ser feito entre professores ou professores e alunos representantes de classe.

A partir desta etapa é preciso fazer a divisão de funções para a montagem do projeto, pois cada aluno precisa trabalhar com áreas que têm mais afinidade.

Posteriormente virá o processo de produção do projeto onde pode acontecer, palestras, entrevistas e intervenções com profissionais e estudiosos do tema abordado.

As etapas finais são a exposição do projeto e a avaliação geral que conta com autoavaliações de alunos e professores.

Com a educação midiática, todas estas etapas podem ser feitas com o auxílio da tecnologia de informação e comunicação utilizando redes sociais, sites informativos, chats de conversas, transmissões ao vivo e muitas outras ferramentas digitais.

Vale lembrar, que neste tipo de produção de um projeto pedagógico os professores precisam ter um papel ativo de mediação.

A mediação docente é a parte principal de qualquer atividade de educação midiática, pois a quantidade de informação e ferramentas no meio digital, faz com que informações falsas subsistam nesse meio.

Neste sentido, em cada etapa da produção de um projeto é preciso promover discussões e debates para reavaliar o processo e promover até algumas mudanças de rotas.

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