O que são ciclos de aprendizagens

Basicamente os ciclos de aprendizagens são períodos e etapas que ultrapassam um ano, tempo antes dado a cada série, esta forma de organização é muito mais promissora quanto ao desenvolvimento cognitivo.

Atualmente, o ensino está estruturado em ciclos de aprendizagens como exemplo disso o ensino fundamental pode ser visto como dois grandes ciclos o inicial (1º ao 5º anos) e o final (6º ao 9º anos).

Para entender o conceito de ciclos de aprendizagem é necessário contrapô-los à ideia de série. O ensino dividido em séries promovia mais exclusão, defasagens e evasões.

Ou seja, quando se dava um ano apenas, para os alunos se desenvolverem e se prepararem para alcançar outro nível, esta mudança de nível imposta, promovia artificialidades e traumas.

Isto acontecia, porque a divisão em série facilitava a repetência dos alunos e a sua posterior defasagem em relação aos outros. 

Portanto, diante do pouco tempo para se adaptar a uma nova série, alguns alunos não conseguiam acompanhar causando a sua desestimulação, este cenário resultou em muita exclusão e evasão escolar. 

No entanto, mesmo com modificações na estrutura do ensino, as escolas ainda enfrentam problemas como evasão escolar e defasagens de aprendizados. 

Para ter uma ideia exata do panorama escolar atual, este texto tem a intenção de mostrar a história e o funcionamento dos ciclos de aprendizagens e suas vantagens.

 Como funcionam os ciclos de aprendizagens

Historicamente o conceito de ciclos de aprendizagens remonta a 1944 e foi apresentado por Henry Wallon, em um período de reconstrução educacional da França pós-guerra. No Brasil a ideia de ciclos de aprendizagens surgiu como um processo de não reprovação e se relacionou primeiramente com a alfabetização.

Esta nova fase na educação brasileira se deu com a implementação dos ciclos básicos de alfabetização (CBA) em 1984. No entanto, vale lembrar que os incentivos para a não reprovação dos alunos e debates sobre organização em ciclos já nasceram desde 1910.

Porém, a partir da LDB de 1996 a educação se consolidou de forma mais marcada na sua organização em ciclos. Esta ideia está ligada com a progressão continuada onde o aluno é classificado com avaliações no final de cada ciclo.

No ensino básico brasileiro existem 3 ciclos

  • Ciclo I – fundamental I: do primeiro ao quinto ano
  • Ciclo II – fundamental II: do sexto ao nono ano
  • Ciclo III – ensino médio: do primeiro ao terceiro ano

É importante lembrar, que posteriormente, em 2006 as séries foram substituídas por anos. Assim, o ensino fundamental ficou dividido em 9 anos. A antiga primeira série ficou dividida em primeiro e segundo ano, compreendendo um ciclo de alfabetização.

Algumas vantagens dos ciclos de aprendizagens

Uma vantagem importante na proposta de ciclos de aprendizagens é a facilitação diante da heterogeneidade de cada classe. Ou seja, quando os professores estão diante de uma classe que possui alunos com mais problemas de aprendizagens que outros, existe um tempo maior e adequado para trabalhar com as individualidades.

Isto acontece, porque um ciclo de 3 ou 5 anos fornece um grande tempo para os professores se dedicarem aos problemas individuais, fato que não acontecia no ensino em série.

Outra vantagem que pesa bastante na organização por ciclos é referente ao trabalho coletivo dos professores. 

Quando os professores resolvem trabalhar coletivamente para ajudar grupos de alunos que apresentam muitos problemas de aprendizados os grandes períodos dos ciclos permitem que esta interação entre os docentes aconteça possibilitando que os alunos se saiam bem em suas avaliações.

Portanto, os ciclos de aprendizagem são acompanhados por equipes de professores fazendo com que os alunos convivam com os mesmos professores durante estes ciclos. 

Esta organização, respeita o tempo de adaptação dos alunos com níveis mais altos de aprendizagens, sem se depararem de repente com um novo docente com uma proposta totalmente diferente.

Avaliação formativa contínua e diagnóstica

A avaliação que mais se adequa aos ciclos de aprendizagens é a avaliação formativa contínua e diagnóstica. A avaliação formativa contribui para melhorar as estratégias de ensino durante o percurso no ciclo.

Neste sentido, a avaliação acontece dentro do processo de aprendizagem e não no fim oferece chances de avaliações do ensino e mudanças de rotas. Neste ponto esta avaliação se diferencia bastante da avaliação somativa, a qual acontece no fim do processo pedagógico.

Vale lembrar, que na aprendizagem por ciclos também existe a avaliação somativa, no entanto não se enfatiza muito as notas e provas, tornando os critérios de avaliação mais implícitos.

Nesta nova avaliação somativa não se está somente medindo o conhecimento dos alunos mas existe mais a averiguação sobre o seu modo de aprender e sua relação com o conhecimento.

Ciclos, retenção e progressão continuada

O aprendizado por ciclos diminui a retenção dos alunos visando uma progressão continuada destes. No entanto, a progressão continuada e a diminuição da repetência não é a única característica deste modelo.

Para que as escolas utilizem este modelo por completo é necessário modificar a estrutura curricular, ou seja, é preciso que conhecimento não seja passado por conteúdos programáticos de maneira linear.

Do contrário, uma organização em ciclos pode se tornar um conjunto de séries empilhadas, pois as estratégias de ensino não foram modificadas. 

No ensino por ciclos o conteúdo precisa ser trabalhado também de maneira não fragmentada e oferecer bastante interdisciplinaridades. Portanto, visa menos o conteúdo individual de cada disciplina e mais o objetivo geral no final de cada ciclo.

Formação de professores e modificações no espaço

A aprendizagem por ciclos também influi na formação continuada dos professores. Portanto, os professores precisam aprender metodologias adequadas para lidar com a heterogeneidade em sala de aula.

As estratégias e métodos ligados ao ensino tradicional não foram pensados para o modelo por ciclos. Na aprendizagem por ciclos os professores precisam conhecer metodologias ativas, avaliação formativa e trabalho em equipe.

No que diz respeito ao espaço da sala é preciso que a escola forneça lugares e tempo diferenciados para o trabalho em recuperação e turma de apoio. Além disso, o modelo em ciclos exige salas com número menor de alunos.

Salas com muitos alunos não permitem que o professor fique atento aos percursos individuais de cada aluno.

Conclusão

Neste texto vimos algumas das características e vantagens do modelo de ensino por ciclos de aprendizagens. A implementação deste modelo se consolidou com a LDB de 1996, mas vimos que em tempos anteriores se discutiu e se experienciou muitas propostas nesse sentido.

Contudo, a implementação dessa proposta não reduziu ainda as mazelas da educação em geral como defasagens, evasões e falta de motivação dos alunos. Este cenário, contudo, não é porque o modelo por ciclos é ineficaz, as causas dos principais problemas da educação são muitas.

Portanto, para que uma implementação de aprendizagem por ciclos tenha resultados positivos é preciso sanar primeiro os baixos investimentos em educação, melhorar a formação continuada dos professores, diminuir o número de alunos por sala e outras medidas urgentes.

Neste sentido, qualquer modelo que se proponha em uma educação ainda precarizada em várias demandas, não irá surtir efeito algum.

Na proposta por ciclos vimos que as demandas se dirigem para a estrutura da escola, para os professores e para os alunos. Neste sentido, a escola precisa oferecer novos espaços e novas organizações temporais.

Por outro lado, os professores precisam de uma formação que vise a prática coletiva e a interdisciplinaridade. E os alunos precisam serem cooptados por uma educação lúdica, científica, tecnológica e artística

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