O que é transformação digital na educação

A educação passou por várias transformações se colocarmos como marco a educação tradicional. Assim, desde a educação tradicional as transformações mais decisivas foram as que ocorreram durante o século XX.

Nas transformações educacionais do século XX o ensino passou pela escola nova e a pedagogia crítico-social e ambas tiveram contribuições em modificações nos 3 elementos fundamentais do ensino: professor/aluno/conhecimento.

No ensino tradicional a ênfase do ensino era colocada no professor, na escola nova este foco foi deslocado para o aluno e na pedagogia crítico social o conhecimento foi colocado em evidência.

Atualmente, nesta tríade – professores/alunos/conhecimento – é acrescentado o mundo digital. Este fato ocasionou uma mudança radical na educação, principalmente no fim do século XX e início do XXI.

Neste texto, vamos compreender as mudanças de foco na educação e as transformações digitais.

Diferentes focos educacionais do séculos XX e XXI

Ensino tradicional

Em relação a tríade principal do ensino – professores/ alunos/conhecimento – a centralização em torno do professor/a característica do ensino tradicional, infelizmente em algumas escolas ainda continua.

Esta centralização é nociva ao ensino porque reduz a educação a um processo dominação/subordinação. Neste velho modelo tão criticado por Paulo Freire, os professores detêm o conhecimento da situação de ensino e os alunos se submetem a ela.

Como no conceito de Paulo Freire, “Educação Bancária”, esta situação é representada pela figura do professor/a depositando o conhecimento na cabeça do aluno. 

Neste viés, o aluno não traz nada para a situação de ensino/aprendizagem, o aluno é representado como uma consciência vazia sem nenhuma experiência valorativa para a educação e o conhecimento.

Escola Nova

A escola nova deslocou a evidência e centralização nos professores para os alunos. Neste modelo, trazido para o Brasil em meados de 1940, o aluno era o centro do ensino/aprendizagem.

Neste sentido, a proposta da escola nova é possibilitar a participação ativa e coletiva dos alunos na aquisição do conhecimento.

Nesta pedagogia era bastante destacado o potencial da sociabilidade de troca entre os alunos no processo de ensino/aprendizagem.

Neste modelo de ensino não há mais o problema da dominação/subordinação do ensino tradicional, mas nasce um outro tipo de problema em relação ao conteúdo.

A escola nova não evidenciou a importância do conhecimento, tratou esse como um produto pronto, acabado, aistórico e que não ficava marcado por aqueles que com ele trabalhavam (Penteado, 2002).

Pedagogia crítico-social

Na pedagogia crítico-social o conteúdo é evidenciado e aborda conhecimentos que se opõem a uma educação tecnicista que surgirá em décadas de 50/60 no bojo consequente da escola nova.

A pedagogia-social se consolidou na década de 1970, no auge da repressão militar no Brasil e das lutas sociais contra o regime político. Nesta pedagogia se evidencia as questões da natureza do conhecimento a ser trabalhado nas escolas. 

Portanto, em relação a tríade – Professores/alunos/conhecimento – o conhecimento toma o foco, a questão levantada por esta pedagogia é: O que ensinar de significativo?

Vale lembrar que o formulador dessa corrente educativa foi Demerval Saviani e um dos expoentes dessa ótica educativa foi Paulo Freire.

Na acepção do educador Paulo Freire, a educação não pode partir de seres a-históricos formando outros seres a-históricos, este educador aborda com principal temática educativa a regionalidade e o contexto do conhecimento. 

Nesta proposta os alunos estão centralizados juntamente com o conhecimento, pois os professores devem levar em conta o contexto da escola e comunidade onde as pessoas estão inseridas na sociedade como indivíduos históricos e críticos.

Transformação digital na educação

No fim do século XX e início do século XXI começou a se consolidar um novo ensino que se caracterizou pelo ingresso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) no processo de ensino/aprendizagem.

Esta inclusão das TDICs na tríade educacional – Professores/alunos/conhecimento – teve como consequência a mudança de concepção sobre o conhecimento. Ou seja, no mundo atual é impossível compreender a comunicação e o processo de aquisição de conhecimento de uma maneira linear.

Neste sentido é preciso ter uma visão de análise das mediações, no sentido de saber o que as pessoas fazem com os meios. Nesta perspectiva os professores passam a ser mediadores, pois os alunos já estão imersos nos conhecimentos e informações advindas dos meios digitais.

Todo aquele professor/a que insistir em ficar em modelos anteriores a este novo modelo corre o risco de entender a dinâmica de sua sala, frente aos meios digitais. Assim, este professor/a perderá a comunicabilidade em relação aos seus alunos.

Educação e tecnologia digital

Depois de ter visto estes modelos de educação é preciso refletir e aproveitar pontos positivos de cada modelo para utilizar no contexto de uma educação digital.

No entanto, o único modelo que não oferece pontos positivos e não se adequa aos tempos atuais é o modelo da educação tradicional, pois a centralização no professor/a como uma figura que detém todo o conhecimento está muito longe da nossa concepção de conhecimento atual.

Portanto, o conhecimento nos dias de hoje é algo mediado em todos os sentidos, pois os alunos adquirem informações e estas são mediadas com os professores  e seus colegas.

No entanto, o principal mediador do conhecimento ainda continua sendo os professores, pois são pessoas especializadas que exercem várias formações em sua carreira.

TDIC na educação

A partir do conceito da Tecnologia Digital da Informação e Comunicação, na educação entendemos que a educação precisa ser mediada, problematizada e discutida. Nesta perspectiva o ato educativo é um processo em constante transformação onde os professores não podem planejar ações engessadas sem a interação com os alunos. 

Neste sentido, os professores não são mais expositores de um conhecimento e sim mediadores e facilitadores. Nestes novos papéis, os professores  tomam um posicionamento horizontal diante dos alunos e não mais um posicionamento vertical de cima para baixo.

O conjunto escola ativa e tecnologia reflete em uma prática de transformar a informação em conhecimento por meio da problematização desta. 

No entanto, para problematizar toda essa informação advinda da internet os professores precisam utilizar muitas ferramentas pedagógicas que foram revisitadas e reinventadas atualmente para dar conta da velocidade que as tecnologias da informação avançam. Entre elas estão:

Aprendizagem imersiva:

Esta ferramenta surgiu na junção de 3 dimensões do ensino atual que são: O ensino a distância; o ensino híbrido; ensino presencial informatizado.

Esta ferramenta é centrada na criação de uma segunda realidade em que o aluno pode simular interações com o conhecimento. Esta proposta também é baseada no aspecto lúdico do jogo, criando maior engajamento. 

sala de aula invertida 

Um dos aspectos da pedagogia da sala de aula invertida é a troca do processo dedutivo pelo indutivo. Ou seja, primeiro o sujeito mergulha na realidade de forma empírica para depois tirar conclusões e estruturar modelos ou teorias.

Quando transferimos este processo para sala de aula, nasce a proposta de sala invertida. Nesta proposta , o professor oferece ao aluno vários vídeos que contêm o tema a ser trabalhado em sala de aula. 

A partir dessa ação, o professor poderá trabalhar posteriormente o assunto em vários formatos, como debates, projetos pedagógicos, projetos culturais e outros. 

Este conceito de aula pode-se aliar-se ao modelo híbrido de ensino em que os alunos fazem um mergulho empírico na temática a ser dada em suas casas acessando várias ferramentas das TIC ‘s, para depois continuar o aprofundamento da matéria nas salas de aulas.

Este modelo surgiu pela primeira vez em 2000 apresentado pelo educador norte americano J. Wesley Baker, mais tarde esse modelo foi aperfeiçoado por Jonathan Bergmann e Aaron Sams em 2006.

Gamificação

Esta proposta educativa que trabalha as TIC ‘s na educação surgiu primeiro no mundo do trabalho para engajar funcionários de empresas aos objetivos e valores desta.

No entanto, quando essa proposta passou a ser aplicada na educação se verificou o aumento do interesse dos alunos que já estavam interagindo com um mundo informatizado em seus cotidianos.

O jogo dentro da sala de aula por meio de aparatos tecnológicos possibilita o desenvolvimento de capacidades nos alunos, entre as quais:

  • Capacitação criativa
  • apropriação
  • adequação
  • aprendizado por meio de perdas
  • imprevisibilidade

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