Mudanças no ensino médio em 2023

Neste texto vamos entender quais mudanças estão sendo implementadas no Novo Ensino Médio, pois este projeto estava funcionando com grandes problemas estruturais e educacionais.

Para entendermos as mudanças no ensino médio para 2023, é necessário entender como funcionava o projeto de Novo ensino médio consolidado pela lei n. 13 415 de 2017.

Este projeto foi posto em prática até 2022, no entanto acarretou inúmeras dificuldades e problemas, principalmente para a população de baixa renda. Estes problemas estão sendo sanados pelo MEC do governo atual, por meio de um grande debate entre governo e entidades de professores.

Vale lembrar que a implementação do Novo Ensino Médio em 2017 foi feita por meio de uma forma abrupta e sem nenhum diálogo com as entidades educacionais.

Atualmente, muitas entidades ligadas aos professores e aos estudantes pediram a revogação total do projeto “Novo Ensino Médio”, porém as tendências apontam para uma reformulação desse projeto em vez de uma total revogação.

Estas novas reformulações de 2023 são focadas na diminuição dos itinerários formativos, aumentando a carga horária das disciplinas básicas.

Neste texto vamos conhecer as principais mudanças que estão sendo implementadas no ensino médio de 2023.

Como era o projeto de Novo Ensino Médio de 2017

O Novo ensino médio nasceu sobre a premissa de engajar melhor os jovens que cursam o Ensino Médio, tornando o curso de 3 anos mais atraente, evitando assim as grandes evasões escolares.  

Para alcançar este objetivo lançaram os itinerários formativos, modificando a carga horária. Assim, de acordo com o MEC a carga horária foi ampliada de 800h anuais para 1000 horas anuais. Ao término de 3 anos os alunos teriam recebido 3.000 h de carga horária.

No entanto, do total de 3.000h, 1800h era voltada para a formação geral básica e 1200 h aos itinerários formativos. Esta situação causou muitas defasagens em disciplinas básicas como sociologia, filosofia e história.

Ou seja, havia muitas horas para os itinerários formativos, os quais foram realizados com muitos problemas como falta de estrutura material, falta de professores e falta de opção de alguns itinerários em escolas localizadas em regiões mais pobres.

Os itinerários formativos inicialmente foram estruturados por 3 objetivos: 

• Área de conhecimento: com objetivo de ampliar e aprofundar os conhecimentos de determinada área.

• Formação técnica e profissional: preparação profissional para o mundo do trabalho

• Integrado: Combina áreas do conhecimento com áreas técnicas e profissionais.

Em relação às áreas do conhecimento os itinerários dividiam-se em : Linguagens e suas tecnologias, matemáticas e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional.

Além disso, existiam os eixos estruturantes dentro dessa proposta: Investigação científica, processos criativos, mediação e intervenção sociocultural e empreendedorismo.

Problemas e armadilhas do integrado ao Novo Ensino Médio

O novo ensino médio foi implementado em 2017 sob a constatação que o currículo desse nível da educação básica, era chato, cansativo e não oferecia autonomia aos alunos, provocando muitas evasões.

Porém, hoje com novas análises do MEC de 2023 juntamente com muitas entidades educacionais, percebeu-se que esta premissa era falsa. Neste sentido, o fator que afasta os jovens da escola está relacionado com a sua condição social.

Os jovens se afastam da escola por necessidades econômicas, pois precisam ajudar em casa, nesse sentido, o seu tempo em seu cotidiano é exclusivamente voltado ao sustento e sobrevivência.

Outra justificativa alegada pelos criadores do Novo Ensino Médio era aumentar a autonomia dos jovens oferecendo escolhas sobre a sua trajetória no ensino. Portanto, por meio dos itinerários formativos poderia-se criar um ambiente onde os jovens escolheriam o itinerário que mais lhe agradassem.

No entanto, esta situação desejada não se alcançou, pois muitas escolas não ofereciam os 5 itinerários disponibilizados para a escolha dos alunos, essa falta de itinerários acontecia por problemas de falta de materiais e até de professores.

Nesta justificativa do Novo ensino médio que se mostrou ser totalmente falsa, outros problemas se vislumbram, a falta de formação básica.

Quando se esvazia alguns conteúdos básicos como história, filosofia e sociologia acontece uma falta de formação crítica. Portanto, com a falta de uma formação crítica a escolha por 

conhecimento não é possível, pois o indivíduo fica sem instrumento teórico de análise histórico-crítica.

Ou seja, ele fica efetivamente sem nenhuma autonomia, escolhendo o que lhe é imposto pelo mercado de trabalho, em total alienação.

Nova proposta do ensino médio

Antes de entender a nova proposta do ensino médio de 2023 é importante saber que as reuniões entre o MEC e entidades educacionais ainda estão se realizando. 

No entanto, o cronograma do governo é que até o dia 21 de agosto deste ano as reuniões e os debates estejam concluídos.

Assim, no início de setembro esta proposta já reformulada, será apresentada no congresso para ser votada posteriormente. 

A ideia principal que está nessa nova proposta é realinhar o ensino médio ao ensino de conteúdos básicos, pois desta forma se devolve a verdadeira autonomia de quem estuda.

Ou seja, não podemos diminuir a carga horária de conteúdos que são importantes para a formação de um indivíduo crítico em relação à sociedade e a sua condição histórica.

Além disso, a diminuição de conteúdos básicos que estava presente na proposta do Novo Ensino Médio de 2017 era prejudicial ao progresso acadêmico do jovem de baixa renda, impedindo-o de ingressar em universidades de excelência.

Estrutura do ensino médio de 2023

A nova estrutura de carga horária de ensino básico e itinerários é embasada em uma ensino integral direcionada para a continuidade acadêmica dos jovens.

• Carga horária das disciplinas de base: Hoje esta carga horária em 3 anos será aumentada para 2400h para o ensino médio normal e 2200h para o ensino médio integrado ao técnico, contrastando com as 1800h do ensino médio de 2017.
• Carga horária dos itinerários: esta carga horária foi reduzida para 600h, de 5 itinerários se oferecem hoje 2 itinerários, no entanto a sua denominação mudou para percurso de aprofundamento
• Percursos de aprofundamento: os itinerários formativos serão substituídos por dois percursos de aprofundamentos: matemática e ciências da natureza – e matemática, filosofia e ciências humanas.

Vale lembrar que existem ainda muitas discussões sobre essa estrutura, principalmente no que tange ao ensino técnico, pois ele sofreu uma diminuição de carga horária de disciplinas básicas.

Segundo Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP, o ensino técnico deveria ser integrado, alcançando 4200 horas em 3 anos. Esta solução evitaria o problema que ainda está presente, que é a falta de formação para o ingresso nas universidades.

Conclusão

Vimos neste texto, quais os elementos que estão sendo modificados na proposta do Novo Ensino Médio implantada desde 2017. Além disso, foi mostrado neste texto os graves erros educacionais e estruturais que estavam presentes na antiga proposta de 2017.

O eixo principal das novas adequações é o investimento na formação geral dos jovens, fazendo com que eles tenham uma verdadeira autonomia de escolha.

Isto quer dizer que uma autonomia de escolha deve ser acompanhada com uma profunda formação no conhecimento humano, um indivíduo que não possui uma formação básica em todas as dimensões do conhecimento, em nenhuma hipótese terá autonomia.

Portanto, a justificativa de ampliação de autonomia pela proposta de 2017 foi comprovadamente falsa, pois além da não funcionalidade dos antigos itinerários se diminuiu a carga horária das disciplinas básicas.