Diferenças básicas entre ciclos e séries

Atualmente a adoção por um ensino baseado em ciclo foi uma tentativa de conter a retenção escolar. Assim, em um ensino por ciclo o aluno ainda pode ser reprovado, só que isso acontece no final de cada ciclo.

Neste sentido o ensino por ciclos atenua os critérios de avaliação oferecendo uma progressão continuada do aluno. em algumas situações do ensino por ciclos foram feitas mudanças curriculares, avaliações diferenciadas, modificação do trabalho docente e novos arranjos do tempo escolar.

No entanto, grande parte do ensino atual ainda é organizado por série pois característica do ensino tradicional ainda é muito vívida no cotidiano escolar. Podemos elencar estas características como homogeneização, avaliação com foco quantitativo, conteúdos enciclopédicos, métodos lineares, e muitas outras.

Neste texto vamos compreender historicamente as diferenças básicas entre ciclos e séries começando pelas bases fundamentais em que estão estruturadas cada uma das modalidades de educação e depois passando para alguns aspectos históricos.

Características básicas do ensino seriado

O ensino por série é atualmente muito criticado pois é considerado um modelo excludente de educação causando evasão escolar e muitos outros problemas.

No entanto, ainda existem muitas características de nosso ensino atual que se baseiam na educação seriada, pois sistemas escolares e professores ainda continuam avaliando os alunos somente de forma quantitativa. 

Muitos dos problemas da educação seriada foram apontados pelo sociólogo suiço Philippe Perrenoud principalmente no que se refere aos altos índices de reprovação e evasão na escola básica.

Para esta estudioso o polo oposto da educação seriada, a educação por ciclos, apresenta facilitações muito positivas para o processo de formação e desenvolvimento dos alunos.

Para entendermos as bases que fundamentam a educação seriada é preciso tomar como partida a sua orientação pelo princípio de aquisição de conhecimento historicamente acululados.

No entanto, esses conhecimentos são concebidos como sequenciais dentro de uma proposta linear e não articulada.

Portanto, o ensino é estruturado de maneira ordenada segundo os graus de dificuldades em conteúdos fragmentados por série, ou seja, o conhecimento é dividido por programas individuais de cada série.

Dentro desse grande programa de cada série os professores criam seu planejamento por períodos e suas avaliações. Vale lembrar que a avaliação mais utilizada é a forma quantitativa, mesmo que possa ter avaliações qualitativas nesse percurso anual.

Nos sistemas seriados, as avaliações que determinam as  aptidões dos alunos, na comprovação de aprendizagem acontecem por meio de exame e provas. 

Os que não alcançam as notas necessárias, são retidos, formando grandes grupos de alunos desmotivados, pois estes ficam em classes que não pertencem ao seu grupo etário.

Ensino por série – avaliação e homogeneização

Vimos até aqui que esta modalidade de ensino é vinculada ao ensino mais tradicional, pois trabalha com avaliações quantitativas e níveis lineares de conteúdos que são organizados anualmente.

Além disso, liga-se a uma ensino que ainda se centraliza nos professores, pois estes são os avaliadores oficiais que determinam quem está apto para passar o ano no final.

Neste modelo existe pouco espaço para o desenvolvimento autônomo da criança e também para as diferenças existentes em sala de aula, pois o seu objetivo central é a homogeneização.

Ou seja, quando alguns alunos são aptos para passar de ano e outros não, e quando esta constatação de aptidão e não aptidão é dada por avaliações quantitativas e somativas, a intenção principal desse ensino é separar os hipoteticamente aptos dos não aptos.

Podemos concluir que este modelo privilegia alunos que são hipoteticamente aptos, mas não podemos saber se são realmente aptos somente por uma avaliação por notas.

As notas somadas no final do ano ou de uma determinado período não comprova aptidão, porque não houve uma avaliação qualitativa, ou seja, não houve uma avaliação que garante que essa aluno apto alcançou o desenvolvimento que um determinado conhecimento requer.

A compreensão de um conhecimento não pode ser mensurada somente por avaliação por nota é preciso uma avaliação formativa para traçar novas metas nas estratégias de ensino, causar autoavaliações dos professores e dos alunos, entre outras ações muito caras ao ensino em geral.

Características básica do ensino por ciclos – discussão 

O ensino por ciclos de aprendizado é bem diferente do modelo seriado de educação, nele a educação possibilita mais recursos para o trabalho com classes heterogêneas.

Ou seja, este modelo de ensino não separa alunos aptos de não aptos mediante a uma avaliação quantitativa, muito pelo contrário, no modelo de ciclos todos os alunos podem possuir mais chance para seu desenvolvimento pessoal e individualizado.

No entanto, com todas as vantagens da educação por ciclos existe ainda um grande problema a ser enfrentado que é a redução de alunos por sala de aula.

O modelo por ciclos é focado na individualização dos problemas de aprendizados, ou seja, no período de um ciclo os professores podem se aproximar mais de cada aluno para tentar solucionar o seu problema específico.

Porém, se o docente enfrenta uma classe com muitos alunos toda esta modalidade por ciclo fica comprometida. Esta modalidade de educação cobra das escolas também um aumento de profissionais contratados para monitoria de ensino.

Conceito da educação por ciclos

O conceito de ciclos vem se desenvolvendo desde as últimas décadas dos anos do século XX até hoje, em países como Canadá, Bélgica, França, Brasil  e outros, com o intuito de sanar algumas dificuldades educacionais mundiais.

Entre estas dificuldades estão: problemas de aprendizagem, fracasso escolar e exclusão social. Se opondo a educação seriada, a educação por ciclos se organiza por ciclos plurianuais.

Diferente do sistema seriado, nesse novo sistema os alunos passam por aprovação ou reprovação somente no término de cada grande ciclo e não anualmente.

O fato das matrículas de alunos se realizarem automaticamente dentro dos ciclos resulta em um fator positivamente inclusivo, pois os alunos não passam por nenhum tipo de seleção anual. 

No entanto, este modelo resulta em classes com alto grau de heterogeneidade, demandando um sistema escolar muito bem projetado.

Ou seja, a escola precisa fornecer práticas pedagógicas diferenciadas com acompanhamento individualizado e acompanhamento de grupos de trabalhos de alunos.

Mudanças originadas da organização por ciclos

Historicamente o conceito de ciclos de aprendizagens no Brasil, foram muito influenciados pelos trabalhos do sociólogo suiço Philippe Perrenoud nos anos 90. Estes trabalhos foram focados nas reduções de taxas de reprovação e evasão escolar em muitos países.

No entanto, não podemos caracterizar o ensino por ciclo como uma ação idealizada na direção da progressão continuada dos alunos. O ensino por ciclos agrega outros valores que vão além da não retenção dos alunos.

Ou seja, no modelo de educação por ciclos existe também a proposta de mudanças substantivas nas práticas pedagógicas como interdisciplinaridade, mudanças na organização curricular, das avaliações e da organização da escola.

Conclusão

Neste texto procurou-se analisar as características básicas da educação por série e por ciclos. Nesta análise compreendemos que as diferenças entre estes dois modelos não se resumem somente ao tempo.

Ou seja, a diferença entre os dois modelos não está somente na diferença de períodos de uma ano ou mais nas mudanças de níveis de ensino.

As diferenças entre educação seriada e educação por ciclos residem em uma diferença conceitual onde as mudanças são profundas e se estendem para transformações na maneira de fornecer o conhecimento, colocando os alunos no centro de toda proposta de ensino.

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