Como aplicar o BNCC na prática
Neste texto vamos conhecer como o professor/a pode aplicar os parâmetros da BNCC em sua sala de aula e alinhar o seu planejamento escolar. Além disso, este texto se direciona para quem está se aperfeiçoando em pedagogia e precisa do conhecimento prático da BNCC.
Ou seja, todos os atores escolares precisam estar cientes de como aplicar os parâmetros da BNCC nas escolas, salas de aula e até em espaços não escolares como ONGs e instituições sociais.
Quando falo de atores escolares isto inclui além dos professores, ou seja, gestores, orientadores e auxiliares de ensino e outros envolvidos no âmbito escolar.
No entanto, todos estes atores precisam trabalhar conectados com os novos currículos alinhados ao BNCC e o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.
Vale lembrar que os PPPs dão autonomia às instituições de ensino, fazendo com que elas planejem seus objetivos, propostas curriculares e gestões administrativas.
O que é o BNCC?
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento a princípio voltado para a educação básica. Ou seja, ele normatiza um conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais.
Neste sentido, ele define as aprendizagens que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica.
Contudo, esta base deve nortear currículos e propostas pedagógicas que serão trabalhadas na educação infantil, ensino fundamental I e II e ensino médio.
Portanto, o BNCC funciona como um documento normativo para instituições de ensino públicas e privadas e abarca um amplo espectro de etapas escolares e faixas etárias.
BNCC e autonomia das escolas
A Base Nacional Comum Curricular estabelece normas comuns a todas as instituições sobre os aprendizados essenciais na educação básica. No entanto, cada escola possui uma autonomia para adequar a instituição à melhor forma de ensino.
Além disso, a escola pode estabelecer currículos locais, ou seja currículos com especificidades de cada território nacional e suas intencionalidades educativas.
Porém, muitas escolas apresentam realidades e necessidades diversas, por esse motivo além dos currículos locais existe um liberdade para a consideração dos Projetos Políticos-Pedagógicos (PPPs).
Estes projetos, por sua vez guiam os planos de ensino gerando uma relação sistêmica da seguinte forma:
BNCC – Documentos Curriculares – PPPs – Planos de Ensino
Qual o papel do BNCC?
Para compreendermos o papel do BNCC primeiro é preciso entender a definição de currículo que está embutida neste documento.
Portanto, a definição de currículo utilizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNs) está conectada com a construção da identidade dos educandos.
Ou seja, o currículo precisa ser o conjunto de práticas que proporcionam a produção, circulação e consumo de significados no espaço social.
Estes significados vão contribuir para a construção de identidades sociais e culturais.
Diante desta ótica, o BNCC não é um documento que define somente os conteúdos mínimos a serem ensinados e sim define as aprendizagens essenciais.
Assim, as principais metas do BNCC ligadas ao desenvolvimento de competências são:
- Mobilização de conhecimentos: Conceito e procedimentos
- Habilidades: Práticas, cognitivas e socioemocionais
- Atitudes e valores: Para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
BNCC e as 10 Competências Gerais da Educação Básica
Com estas 10 competências o BNCC nos mostra qual sujeito e a sociedade que queremos para o futuro.
Neste sentido, todos os currículos devem apontar para a formação dos indivíduos contribuindo na aprendizagem na sala de aula, escola e rede escolar.
Agora vamos compreender cada uma dessas dez competências e seus objetivos.
1- Conhecimento
Esta competência está embasada no entendimento e explicação da realidade valorizando e utilizando os conhecimentos que foram construídos historicamente até hoje.
No entanto, esses conhecimentos são construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital. A partir disso os alunos podem acessar e explicar a realidade.
Além disso, a partir desse entendimento ele está apto para dar continuidade a seu aprendizado e colaborar na construção de uma sociedade justa democrática e inclusiva.
Concluindo, o conhecimento deve ser construído sobre a égide da formação e não da informação. Neste sentido, é preciso formar sujeitos solidários e com pensamento crítico.
2- Pensamento científico, crítico e criativo
Nesta competência os alunos precisam desenvolver o pensamento científico atrelado às qualidades críticas e criativas.
Portanto, como todo trabalho científico verdadeiro os alunos precisam partir de uma curiosidade intelectual para abordar o problema de maneira científica.
Ou seja, os alunos precisam ser orientados para o método indutivo da investigação com posterior reflexão e análise crítica para sair do senso comum.
Além disso, o problema, a investigação e sua solução precisam estar alinhados com um processo criativo e imaginativo em todas as diferentes áreas.
3- Repertório Cultural
O repertório cultural é uma competência direcionada para diversas manifestações artísticas e culturais. No entanto, isto implica na produção e no processo das várias linguagens artísticas e culturais.
Além disso, esta competência se estende para a fruição artística, ou seja, a vivência de ver, ouvir e assistir produções artísticas e culturais de várias modalidades.
4- Comunicação
Esta competência implica no uso de diferentes linguagens com o objetivo de expressar-se e partilhar informações e experiências.
Além disso, esta competência é voltada para comunicar, partilhar ideias e sentimentos. Em síntese ela é voltada para a produção de sentido para levar ao entendimento mútuo.
Portanto, está explícito que esta competência precisa ser trabalhada por meio da leitura e produção de texto dentro do eixo da comunicação.
5- Cultura Digital
Esta competência está relacionada diretamente com a tecnologia da informação e comunicação e aponta para três ações: Utilização, criação e compreensão.
Portanto, os alunos precisam desenvolver ações de compreensão, uso e criação diante das ferramentas tecnológicas e informação.
Contudo, precisam desenvolver um espírito crítico e ético diante das informações para transformar a informação em conhecimento.
Em síntese, esta competência desenvolve as seguintes aptidões:
- Comunicar-se
- Acessar e produzir informações e conhecimentos
- Resolver problemas
- Exercer protagonismo e autoria
6- Trabalho e projeto de vida
Esta competência está focada na apropriação e valorização de conhecimentos e experiências específicas.
No entanto, dentro de um processo de autoconhecimento os alunos precisam fazer escolhas para seu projeto de vida, dentro do mundo do trabalho.
Vale lembrar, que o professor e orientador deve proporcionar um entendimento desse mundo a partir da liberdade e autonomia dos alunos.
Além disso, o projeto de vida precisa ser elaborado com criticidade e responsabilidade.
7- Argumentação
Esta competência desenvolve a capacidade de argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis
Além disso, posteriormente no decorrer do ensino a criança precisa formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns.
Contudo, a base de todas estas ações precisa estar atrelada aos direitos humanos, consciência socioambiental, consumo responsável e ética.
8- Autoconhecimento e autocuidado
Primeiramente, essa competência se direciona para a identidade social, ou seja, a criança precisa conhecer-se e compreender-se na diversidade humana. Além disso, ela precisa ter capacidade de apreciar-se.
No entanto, os objetivos desta competência são fazer com que a criança e os jovens cuidem de sua saúde física e emocional.
Além disso, precisa reconhecer sua emoções também a dos outros com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9- Empatia e cooperação
Esta competência volta-se para o espírito de coletividade em que a empatia e cooperação são o eixo.
Portanto, colocar-se no lugar do outro, exercer o diálogo, cooperar e resolver conflitos são as qualidades que precisam ser trabalhadas nesse processo.
No entanto, os objetivos desta competência vão no sentido de fazer-se respeitar, promover respeito ao outro e aos direitos humanos. Todas essas ações precisam ser feitas com acolhimento e valorização da diversidade.
10 – Responsabilidade e cidadania
Basicamente, essa competência vai de encontro com as ações pessoais e coletivas. No entanto, estas ações precisam estar embasadas na autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.
Contudo, os objetivos provenientes destas ações giram em torno da tomada de decisões com bases nos seguintes princípios:
- éticos
- democráticos
- inclusivos
- sustentáveis
- solidários
Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.
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