Atuação docente na melhoria da educação atual
Os dias de hoje demandam um profissional da educação que esteja alinhado com as transformações sociais. Portanto, o docente de hoje precisa acompanhar as transformações da sociedade em relação aos avanços tecnológicos, às novas visões de mundo por parte dos jovens, e também precisa ter consciência que os alunos de hoje possuem mais informação.
Nesse sentido, é necessário por parte dos professores uma formação continuada dentro do que lhe é oferecido por direito e também pelo seu esforço pessoal em se tornar um eterno pesquisador.
No entanto, é importante lembrar, que a criação de condições favoráveis para a formação continuada dos professores faz parte de políticas públicas voltadas para o alcance de uma educação de qualidade.
Portanto, a melhoria da educação atual depende da atuação docente, mas a qualidade da ação docente depende de uma formação que acompanhe o desenvolvimento social e construa em todo professor um posicionamento crítico e problematizador.
Neste texto, veremos as diferentes formas de atuação docente frente aos novos desafios educacionais; as possibilidades da formação docente; e a formação docente alinhada com a BNCC.
Formas de atuação docente
Muitos fatores cobram dos professores uma atuação diferenciada para a melhoria da educação. Entre eles: a evasão escolar, a pandemia de COVID -19 e suas consequências, o desinteresse dos alunos e outros problemas atuais.
Frente a isso, os professores precisam buscar soluções em metodologias que proporcionem aos alunos maior autonomia e espaços de apropriação do conhecimento.
Sendo assim, vamos entender como funcionam algumas metodologias que trabalham em prol da autonomia dos alunos:
Estudo de caso
O estudo de caso é um método ativo onde o aluno é o protagonista de sua aprendizagem, assim, ele direciona todo o seu saber aplicando em situações complexas do cotidiano. Neste sentido, ele pode utilizar conhecimentos de biologia para solucionar problemas saneamento básico em uma situação concreta fornecida pelo professor.
Ou ainda fazer um planejamento para montar uma biblioteca em bairros periféricos. Estes exemplos nos dão uma ideia de como se processa um estudo de caso.
Vale lembrar que este método é dividido em 3 etapas. Assim, primeiro o caso é exposto pelo professor, depois o professor cobra uma reflexão por parte dos alunos e posteriormente cada aluno apresenta uma solução para o caso proposto. Este tipo de proposta pode ser feita em grupo ou individualmente.
O objetivo desta metodologia é aproximar o conhecimento de situações reais para propor soluções com problemas de seus cotidianos.
Aprendizado baseado em problemas
Este método é bem semelhante ao estudo de caso, pois utiliza situações do cotidiano para trabalhar melhor o conhecimento. No entanto, nesta metodologia o aluno constrói o conhecimento por meio de 3 níveis.
- Conceitual: Onde o aluno conhece os elementos básicos de determinado conhecimento e suas relações históricas e sociais.
- Procedimental: Onde o aluno conhece os processos em que está implicado tal conhecimento ou seja, causa e consequências que estão relacionadas com o saber que fundamenta o problema proposto.
- Atitudinal: Nível que está relacionado com a solução prática do problema ainda que vista teoricamente.
Aprendizagem baseada em projetos (ABP)
A aprendizagem por projeto é uma proposta que está na base dos métodos ativos que foram propostos no começo do século XX pela escola nova. Nesta proposta os professores apresentam uma proposta interdisciplinar que envolva várias disciplinas que consiste na elaboração de um projeto pedagógico.
Neste grande projeto os alunos podem formar equipes ou até em um âmbito mais amplo cada turma dentro da escola pode ser uma equipe.
Muitas vezes um projeto pedagógico pode envolver até 3 ou mais disciplinas e trabalhado também com temáticas do cotidiano para aproximar os alunos do conhecimento.
Em um projeto pedagógico cada equipe ficará com uma função específica dentro do projeto. Para dar um exemplo, este projeto pode tratar de soluções para conscientização ambiental, neste caso ele pode ser trabalhado em parque ou praças fornecendo soluções para a poluição ambiental,enchentes,falta de conscientização,falta de trabalhos coletivos e outras propostas. Assim, ele pode envolver disciplinas como biologia,geografia, física e outras.
Uma das características deste tipo de proposta é que o professor precisa proporcionar total autonomia aos alunos. Portanto, ele não deve expor uma metodologia a ser trabalhada e sim esperar que os alunos busquem conhecimento por si mesmos a partir do contato com a realidade.
Sala de aula invertida
Esta proposta está muito conectada com a utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) que nos momentos atuais da pandemia de COVID-19, demandou muito das escolas.
A sala de aula invertida é uma proposta que faz com que os alunos tenham maior interesse pelas matérias dadas em sala de aula, justamente por sair dessa sala. Nela o professor indica um vídeo disponível na internet em que os alunos irão assistir e analisar. Este vídeo é uma proposta de aproximação dos alunos com o assunto que será tratado em sala de aula posteriormente.
Portanto, por meio do vídeo o professor desperta o interesse pela matéria fazendo com que a aula ganhe mais engajamento.
Esta modalidade de aula é chamada de sala invertida porque primeiro o aluno mergulha e interage com o conhecimento de maneira virtual para depois este conhecimento ser problematizado em sala de aula.
Assim, ele é diferente do ensino tradicional onde o professor fazia primeiro a exposição do assunto para depois aplicar uma avaliação.
Possibilidades da formação docente
As possibilidades que o professor possui para a sua formação são bastante diversas. Porém para nós termos um entendimento mais organizado sobre os processos de formação docente é necessário separar formação básica de formação continuada.
Formação Básica
A formação básica de um professor compreende toda aquela formação que o habilita na sua docência, neste sentido, para lecionar da primeira a quinta série é exigido dos professores a faculdade de pedagogia.
No entanto, do sexto ano até o ensino médio é exigido dos professores a licenciatura. vale lembrar que esta licenciatura está ligada com a área que o professor pretende atuar como matemática, geografia, história e outras disciplinas.
Em geral os cursos de licenciatura oferecem aulas teóricas, práticas e um estágio, este estágio precisa ser supervisionado por professores, coordenadores e diretores escolares.
Formação continuada
A formação continuada diz respeito aos cursos de aprimoramentos que o professor precisa fazer após a sua formação básica. Nesta formação entram vários dispositivos formadores que ajudam na qualidade das aulas como: cursos de reciclagem, pós-graduação, palestra, workshops, mecanismos de avaliação e outros.
Formação e BNCC
Atualmente os processos de formação docente estão obrigatoriamente alinhados com a BNCC. Neste sentido, foram oficializados 2 documentos que estruturam a formação dos professores como: a Base Nacional Comum para a Formação Inicial ( BNC – FI) e a Bases Nacional Comum para a Formação Continuada ( BNC – FC).
Estes documentos foram aprovados em 2019 e 2020 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
O principal aspecto que estes documentos trazem ao ensino é o seu aspecto prático, portanto, eles focam para o trabalho do docente em sala de aula enfatizando a sua atuação.
A formação docente atrelada a BNCC se baseia em 3 competências centrais:
- Conhecimento profissional
- Prática profissional
- Engajamento profissional
A vinculação da BNCC na formação do professor afeta os conteúdos dos cursos de pedagogia e licenciatura na reformulação de currículos e estágios no caso da formação inicial dos professores.
No caso da formação continuada esta vinculação afeta as redes de ensino e escolas na reformulação de programas de formação para os professores.
Mudanças da atuação docente
A vinculação da BNCC na formação inicial e continuada dos professores trouxe algumas polêmicas que estão sendo discutidas. A principal mudança foi em relação ao conhecimento dos professores. Portanto, cobra-se do professor o domínio do conteúdo e da capacidade de ensinar.
No entanto, serão feitas avaliações sobre o trabalho docente a fim de saber se esse profissional está efetivando o ensino em sala de aula. Além disso, o profissional docente será avaliado levando em conta os 3 pilares: o conhecimento, a prática e o engajamento.
As discussões que se levantam são a transferência da formação continuada para organização do terceiro setor de forma muito padronizada e o aspecto tecnicista do ensino.
Neste sentido, quando se oferta formas padronizadas de formação pode-se incorrer no erro de distanciar as escolas de sua realidade local. Outro ponto bastante debatido sobre esta nova formação docente é o seu aspecto tecnicista.
Neste sentido, a ênfase colocada na prática do professor possui o risco da formação docente cair em uma visão prática e sem vínculo com a pesquisa teórica e filosófica.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.
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