Currículo STEAM – música e ciência

Este artigo procura estabelecer relações entre a arte e a abordagem STEAM – Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática). Nesta relação, a arte é vista em uma acepção científica em suas bases teóricas e também em seu viés expressivo. Podemos então inferir que toda a arte é fundamentada na observação fenomenológica, fator que coincide com o princípio indutivo da ciência. No caso específico da música, esta observação é voltada para o fenômeno sonoro.

 A relação entre a abordagem STEAM e a música se da, em principio, no fato de esta abordagem pedagógica ser voltada para a elaboração de projetos em um foco científico e a música como linguagem artística, para se abordada de maneira profunda, parte da analise fenomenológica do som. Esta conexão entre música e ciência é histórica e se originou em Pitágoras, neste viés a música irá se integrar a matemática e a física acústica. Seguindo esta ótica e em concordância com a abordagem STEAM, o intuito deste artigo é propor interdisciplinaridades que nascem de uma atividade artística e criativa, com grande potencial para o envolvimento dos alunos. 

Introdução 

A abordagem STEAM surgiu nos Estados Unidos na década de 1990. A sigla que inclui ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática, surgiu da sigla STEM que anteriormente não incluía a disciplina arte.  Com a inclusão da arte o currículo ganha mais abrangência contribuindo para o engajamento dos alunos e aumentando a capacidade inclusiva.

A metodologia desta abordagem é embasada na pedagogia de projetos que propõe um sistema interdisciplinar para trabalhar e desenvolver conceitos relacionados a um determinado tema.

Neste artigo procura-se delinear relações entre ciência e arte, no caso específico tratado neste texto, o que pode conectar a ciência e a música. Além da pedagogia de projetos, a metodologia STEAM  inclui a resolução de problemas, neste sentido pode ser desenvolvida em formatos de jogos, onde os alunos precisam vencer as fases solucionando problemas.

Tanto em uma abordagem de formação de projetos como de solução de problemas, a proposta STEAM, se relaciona com a música, pois a música está conectada com a área científica podendo participar de um projeto mais amplo. Elaborações de projetos de pesquisas e pensamentos investigativos tem como base a criatividade. Portanto a criatividade humana que se desenvolveu e se desenvolve no ato de solucionar problemas, sejam de ordem expressiva, filosófica e fenomenológica – são atributos da arte e da ciência.

Abordaremos neste artigo as conexões da música com a ciência e os fundamentos do currículo STEAM.

Fundamentos do currículo STEAM

A utilização da metodologia STEAM se integra com os requerimentos do ministério de educação (MEC) em relação a itinerários formativos e converge diretamente com os pilares da BNCC. 

Áreas previstas para educação no ensino médio: 

– Matemática e suas Tecnologias

– Ciência da natureza e suas tecnologias

– Linguagens e suas Tecnologias

Podemos ver que nesta proposta do MEC não está incluída a arte e nem a música. Neste sentido a música pode ser vista como assunto transdisciplinar ou conteúdo interdisciplinar, pois ela está conectada em sua base fenomenológica, com as áreas exatas: matemática, tecnologia e física (como ciência da natureza) – e também com a linguagem, pois atua como linguagem artística de comunicação e expressão.

O formato da metodologia STEAM é basicamente interdisciplinar e se enquadra muito na solução dos problemas educacionais atuais, pois a escola cada vez mais demanda uma oferta de construção de conhecimento em perspectiva mais aberta em que os alunos possam ter a noção mais ampla do campo epistemológico. A busca de noções mais abrangentes sobre a realidade em suas múltiplas dimensões é constante, fato que possui uma concordância causal com o aluno de hoje, individuo conectado com muitas realidades.

 A organização tradicional do conhecimento em sequencias rígidas e ordenadas em disciplinas, não incorpora as interações que possibilitam as relações de aprendizagem (HERNANDEZ e VENTURA, 1998). O ideário interdisciplinar preconizado pela abordagem STEAM é a sua característica mais construtiva e que se adapta mais com os dias atuais. Porem é preciso estar atento para não cair em armadilhas reducionistas do positivismo científico. Quando se atribui a ciência, um caráter neutro e determinista, estamos perto de posições acríticas do ponto de vista ético e social, neste sentido é preciso acrescentar a esta abordagem a problematização advinda das áreas humanas. Está visível que esta transformação, no âmbito pedagógico da proposta STEAM, foi debatida e requerida, pois esta abordagem começou somente com as áreas científicas e exatas, para posteriormente acrescentar-se a arte.

A dimensão logico-matemática da música

A música é uma linguagem artística que se relaciona interdisciplinarmente com muitas outras disciplinas por possuir muitas dimensões: lógico-matemática; histórica e filosófica; regional e geográfica; física acústica; biológica nos estudos da paisagem sonora dos miomas; literária na utilização da poesia; social/política no seu apelo social; e artística em sua relação com outras linguagens artísticas.

Na dimensão lógico-matemática da música, e seguindo a abordagem STEAM, o professor/a pode buscar propostas históricas, teóricas e práticas se fundamentando em Pitágoras e sua importância na construção do conhecimento lógico musical. Pitágoras viveu no século V a.c, e foi educado no Egito. A música grega é, nas suas bases teóricas, uma consequência direta da ciência egípcia e dos estudos desenvolvidos por Pitágoras.

Pitágoras como matemático já sabia que as relações matemática eram a base para as escalas musicais, Ele sabia que os sons considerados agradáveis obedecem à relações matemáticas simples. Seguindo este pensamento, estabeleceu que o comprimento de uma corda era o que definia se o som era grave (popularmente grosso) ou agudo ( popularmente fino). Sua conclusão, a respeito do som da lira, foi a seguinte: se a corda for comprida o som é grave, se acorda for curta o som é agudo. Portanto quanto maior é uma corda mais grave é seu som quanto menor mais agudo. Tomando-se o som como frequência, os sons agudos têm frequências mais altas e sons graves mais baixas. Em uma análise simples, enquanto um som grave gira em torno de 200hz (Hertz, unidade de medida da frequência) os sons agudos estão por volta de 1000hz. 

A unidade de medida da frequência sonora é chamada de Hertz, porque foi uma homenagem ao físico alemão, Heinrich Rudolf Hertz pelas suas contribuições na área de eletromagnetismo. 

Com a relação a nossa capacidade auditiva de frequências, um ouvido de um bebê pode ouvir sons entre 20 Hz e 20.000Hz e o ouvido adulto pode ouvir entre 20Hz e 16.000 Hz.

Proposta de atividade:

Esta proposta vem sugerir a construção de um projeto interdisciplinar, que envolve, física, matemática e música dentro da perspectiva da abordagem STEAM. 

O projeto traz áreas diversas do conhecimento que vão da linguagem artística e sonora as ciências exatas, o que pode incluir alunos com diferentes habilidades.

Os professores podem planejar uma atividade de demonstração de frequências, com a utilização de um violão. O violão é dividido em casas e cordas, ele tem 6 cordas e 19 casas. Quando eu pressiono a corda com os dedos contra o braço do violão, aumenta a frequência do som.

O braço do violão é uma escala que divide as frequências por cordas e casas. As cordas grossas têm frequências baixas e as cordas finas têm frequências altas. 

Quando eu pressiono as primeiras casas as frequências são baixas, quando eu pressiono as últimas casas, as frequências são altas. Isto ocorre porque quando eu pressiono acorda, o tamanho dela diminui em contrapartida a sua frequência aumenta.

 Mesmo em uma corda grossa que tem frequência baixa, se eu apertar sucessivamente casa por casa esta frequência pode subir. Vejam abaixo as peças componentes do violão, nesta experiência o que mais nos importa por enquanto são braço e as cordas.

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Música,  história e filosofia

Dentro de uma persctiva das ciencias humanas a música também estabelece conecções que podem resultar em outras perspectivas de projetos pedagógicos.

A música é uma expressão artísica que sempre teve muitas conecções com os acontecimentos históricos e filosófico, principalmente nas culturas ocidentais. Nas pinturas rupestres, o homem primitivo é visto tocando instrumentos como flautas feitas de ossos de pássaros, por volta de 4 milhões de anos a.C.

Na filosofia chinesa, para o grande sábio Confúcio (551 a.C – 479 a.C.), a música desenpnehava papel predominante na educação e na moral. Para este filósofo, a música era uma força geradora de cultura.

Música na Grecia

Na história e filosofia Grega, 2 mil a.C. acreditava-se que amúsica influia no humor e no espírito dos cidadãos, e a responsabilidade por sua organização e pela maneira como seria apresentada ao povo estava nas mãos dos lesgiladores. Em Esparta, em seu sistema de edcação para o javem e para o povo, Licurgo exigia que a música fizesse parte da educação para a infancia e da juventude.

Entre os gregos, a música era considerada elemento integrante da vida e do pensamento. Nas festas nacionais, os vencedores dos jogos eram exaltados ao som de coros grndiosos. Píndaro (522ª.C. – 443ª.C.) e Baquílides (520 a. C. – 450ª. C. ) figuram entre os mais célebres autores de odes para tais circunstâncias.

Música do inicio da Idade Média

No mundo medieval de 500d.C. a 1450 d.C.. a Roma de Nero reinava com suas magníficas ruas, parças, palácios, locais de diversão, quartéis e bairros pobres. Em Roma os discípulos de jesus Cristo sofreram contínuas e ferozes persiguições. A música romana não lhe traziam boas recordações, pois as fanfarras de guerra, com rufar de seus tambores abafavam os gemods de morte dos seus irmãos cristãos.

No ano 54 chegou a Roma, o apóstulo Pedro. Que passou a ensinar a jovem comunidade cristã a rezar, acalentando as reuniões noturnas com apresentações de melodias de triste beleza e casto entusiasmo. Eram melodias trazidas do oriente, de Antióquia, onde o apóstulo Pedro vivera por algum tempo. Em 323 o cristianismo se tornou a religiaõ oficial do estado e a música asetornou uma forma de elavar a alma humana.

Conclusão

Vimos neste artigo como podemos coligar a abordagem STEAM e a música. A música é uma area muito abrangente que se conecta com todas as disciplinas curriculares, pode ser tratada como assunto transversal e conhecimento interdisciplinar. O aspecto panorãmico deste artigo, sugere a continuidade de pesquisa sobre outras dimensões da música e da arte pelos professores.

BIBLIOGRAFIA

CADERNO DE MÚSICA. Volume 1 Serviço Social da Industria. São Paulo: SESI – SP editora, 2014.

FONTERRADA M. T. O. De Tramas e Fios – Um Ensaio Sobre Música e Educação. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.

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