Campos de oportunidades na educação inclusiva
Neste texto iremos conhecer algumas oportunidades na profissão docente, relacionadas a educação inclusiva. A atividade inclusiva faz parte de um conjunto de ações que está adquirindo relevância na nossa atualidade.
Essa relevância está associada às leis sobre inclusão recentemente promulgadas e também a fóruns internacionais sobre a inclusão que surgiram a partir de 1990.
Com todo este cenário focado na inclusão, as oportunidades de trabalho e pesquisa relacionadas com as ações inclusivas cresceram significativamente.
No entanto, o trabalho com a inclusão requer uma compreensão sobre os pressupostos que estão inseridos na ação de incluir, ou seja, incluir é ao contrário de integrar. Estas diferenças serão abordadas na trajetória desse texto.
Além disso, conheceremos alguns campos de trabalho e pesquisa com a inclusão que estão relacionados com as ações inclusivas diretamente e indiretamente.
Compreender o conceito de inclusão
O primeiro passo para pesquisar e trabalhar com inclusão após a primeira formação docente, é compreender o conceito de inclusão e sua oposição ao conceito de integração.
Existem um pressuposto básico para entender como funcionam as políticas públicas pró-inclusivas, este pressuposto é a análise crítica das instituições.
Esta forma de agir perante as instituições nos remete ao pensamento de Michel Foucault e seu perspectivismo diante do jogo do saber e poder.
O nascimento do novo paradigma da inclusão emerge de uma análise profunda das instituições e entre elas, a escola.
Esta análise, fez surgir um grande campo crítico que culminou em fóruns e leis que garante a todos odireito de inclusão, independente de deficiências motoras, físicas ou cognitivas.
Na contramão da visão inclusiva estava o pensamento médico de integração, onde se valorizava as instituições especiais para o treinamento de pessoas com deficiência.
Portanto, era dado a todo deficiente a chance de integrar-se à sociedade, por meio de um treinamento.
No entanto, não se tecia nenhuma crítica à sociedade e às suas instituições que muitas vezes acumulavam uma série de preconceitos infundados, sobre pessoas com diferenças físicas e cognitivas.
Para que os professores atuais que queiram ingressar na educação inclusiva, tenham um futuro promissor é necessário um senso sobre os objetivos principais da inclusão.
Estes objetivos vão de encontro com uma mudança social que vai incidir sobre o olhar dos professores e pesquisadores para as demandas inclusivas.
Ou seja, a inclusão não se reduz à integração do indivíduo com algum déficit na escola, ela vai mais longe, transformando o espaço e o sentido social de uma escola.
Pesquisas e experiências
Na educação geral e principalmente no âmbito inclusivo, experiência e pesquisa precisam caminhar juntas para que o profissional desenvolva temas relevantes e necessários para outros pesquisadores.
No relato de experiência em uma sala inclusiva, surgem muitas ideias e propostas para o desenvolvimento mais profundo de problemas que surgem.
Vale lembrar, que qualquer problema se for analisado de perto e com um grau razoável de complexidade se torna o motor de pesquisas que preencherão muitas lacunas.
A forma como é estruturada a escola brasileira atual, causa ainda muitos problemas para as políticas inclusivas.
Os últimos documentos que servem de referências para a educação básica, entre eles a BNCC, não tratam a questão inclusiva de forma satisfatória, primeiro porque é dedicado a esta questão muito pouco no texto geral da BNCC.
Além disso, cria-se uma dúvida, ou até uma lacuna legal, se a educação inclusiva precisa ser desenvolvida na escola regular ou em espaços especiais.
Outro problema que está inserido nas escolas públicas é o seu engessamento nas teorias construtivistas, ou advindas da psicologia do desenvolvimento infantil.
Neste viés educacional não existe um olhar para as crianças que fogem das regras desenvolvimentistas, ou seja, a criança precisa estar alinhada com que é atribuído a ela no seu desenvolvimento etário.
Se tal criança foge ao desenvolvimento, tido como “normal”, ela é diagnosticada por várias designações, como hiperatividade, déficit de atenção, transtorno de conduta, transtorno de ansiedade.
Esta proliferação de diagnósticos dificulta muito o processo de inclusão, pois quase a maioria das crianças podem até não estar dentro da normalidade imposta.
A imposição de normas e testes para definir o que é um comportamento normal de outro doentio ou na qualidade de transtorno, é muito alta nas escolas atuais.
Portanto, é a partir dessa questão que o futuro pesquisador sobre os processos inclusivos na escola, deve começar uma pesquisa relevante para as demandas atuais.
Educação em hospitais
Os professores que já passaram pela primeira formação em pedagogia estão aptos também para o trabalho em espaços não formais de educação. Ultimamente tem crescido a demanda por docentes que possam desenvolver atividades de ensino em hospitais.
Vale lembrar que estas atividades também estão integradas ao ensino inclusivo e para que o profissional se aperfeiçoe nesta área é preciso conhecer alguns pressupostos da educação inclusiva.
Entre eles estão: formas diferenciadas de organizar o currículo da disciplina, de avaliar e de ministrar as aulas. Neste sentido, os professores precisam se adaptar a novos espaços educativos e também de abordagem, lançando mão de ferramentas lúdicas e tecnológicas.
Além disso, o pedagogo tem que adaptar um cronograma de ensino compatível com a idade e a série deste aluno e adaptar todo este cronograma ao estado de saúde deste indivíduo.
Formação acadêmica
Os docentes que escolhem o caminho da educação inclusiva tanto em sua experiência como em sua formação, tem um campo novo em sua trilha de pesquisador.
É importante salientar, que a educação inclusiva se consolidou a partir da década de 1990 e se formalizou no Brasil por meio de marcos legais mundiais, e a emenda 59/2009 que alterou a constituição brasileira nos incisos I e VI no artigo 208.
Além disso, existe a lei n. 7.853/89 que define como crime a recusa de matrícula pela escola, a toda criança portadora de alguma deficiência.
Entre os marcos legais mundiais estão:
- O estatuto da criança e adolecente (ECA) – 1990: Obriga os pais a matricular crianças e jovens na rede de ensino.
- Declaração mundial de educação para todos – 1990: Que influenciaram a educação inclusiva e as políticas públicas brasileiras
- Declaração de salamanca – 1994: Dispõe sobre princípios práticas e políticas em educação inclusiva
A partir destas informações legais, vimos que a educação inclusiva é um tema novo e embasado mundialmente. Neste sentido, existem demandas de estudos e pesquisas em todo mundo sobre este segmento.
Todos os professores que realizam a sua primeira formação e ingressam neste tema por meio de um Trabalho de Conclusão de Curso, podem seguir em sua pós-graduação aprofundar sua pesquisa.
Além disso, em universidades de educação e pedagogia é crescente a abertura de linhas de pesquisas na área inclusiva.
Existem propostas educativas que seguem a metodologia ativa, outras que avaliam a colaboração da psicanálise para áreas que lidam com o transtorno de espectro autista (TEA) e ainda pesquisas que se direcionam para as ciências cognitivas e neuro-psíquicas.
Conclusão
Neste texto podemos conhecer, mesmo de maneira panorâmica, a dimensão da importância da educação inclusiva.
Vimos também que esta modalidade educativa é muito nova comparada com outras propostas como o construtivismo, socioconstrutivismo que já possuem mais de um século de idade.
A educação inclusiva foi de certa forma consolidada a partir do final do século XX na década de 1990 e ainda existem muitas lacunas, pois os problemas nesta área proliferam, fato que cobra das universidades um número cada vez maior de pesquisas.
Vale lembrar, que as pesquisas que alcançam mais relevância no âmbito inclusivo, são as que são feitas a partir da experiência em sala de aula e seus problemas cotidianos
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