5 mitos que você já ouviu sobre a carreira de professor

Existem diversas ideias pré-estabelecidas acerca da carreira de professor e você já deve ter escutado uma porção delas, não é mesmo?

A boa notícia é que a maioria não passa de uma visão distorcida ou negativa a respeito da profissão, e esses mitos espalhados ao vento vão criando força, pois como bem sabemos uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.

Confira neste texto alguns mitos que circulam por aí, e entenda o motivo de não serem verdadeiros.

Vamos lá!

1 – “Para ser professor precisa gostar de crianças”

Esse mito é um dos primeiros com que nos deparamos ao discutir a profissão de professor, principalmente com alguém que ainda não é da área.

Muitas pessoas acreditam que é preciso “gostar de criança” para lidar com elas, quando na verdade o que precisamos é gostar de pessoas.

Porque é isso que as crianças são: pessoas com personalidades próprias, gostos particulares, são diferentes entre si, estão numa fase de desenvolvimento e demandam compreensão e atitudes específicas para a infância e a adolescência.

E cabe ao professor buscar conhecimentos e ferramentas para lidar com esse público e suas especificidades, com o profissionalismo que a carreira demanda, fundamentado nas ciências sociais, psicológicas, entre outras que dão base para o trabalho com a infância e adolescência.

2 – “Professor tem um salário ruim”

Essa crença de que o professor ganha mal foi disseminada em nossa sociedade devido a uma crescente desvalorização da profissão, decorrente de uma série de mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas.

No entanto, o que vemos é o crescimento da formação de professores em nosso país, nas diferentes etapas de ensino, desde a educação infantil, de zero a seis anos, como também no ensino superior.

Além disso, o piso salarial de professores da educação básica foi reajustado em janeiro de 2020 para R$ 2.886,24, e tendo em vista e realidade econômica do nosso país, as diversas oportunidades que a carreira oferece, como ampliação da jornada, acúmulo de cargos e possibilidade de seguir uma carreira administrativa, essa é mais uma crença a respeito da carreira que precisamos desmitificar.

3 – “O professor só pode trabalhar em escola”

Tanto os professores formados em Pedagogia, como os especialistas nas diversas áreas da Licenciatura, podem atuar em diversos ambientes educacionais além da sala de aula de uma escola tradicional.

A carreira de professor pode ser atuante em museus, em instituições profissionalizantes, em empresas na área de treinamento e recursos humanos, e em projetos educativos em diversas redes educacionais.

Além de poder atuar em ambientes diferentes da escola tradicional, a carreira de professor permite uma flexibilidade de horários onde é possível seguir outra carreira, como por exemplo, ser professor e empresário.

4 – “Para ser um bom professor é preciso ter dom e vocação”

Este é outro mito que precisa ser questionado. É certo que cada pessoa tem dons, tendências e habilidades próprias, mas para seguir qualquer carreira é necessário ter força de vontade, estudar, adquirir experiência e se dedicar a ser cada dia melhor naquilo que faz.

Não fosse assim o que seria de Albert Einstein, que conforme consta em sua biografia pode ter apresentado dislexia e sinais de Asperger? Certamente sua carreira acadêmica brilhante e A Teoria da Relatividade jamais teriam existido caso o cientista tivesse colocado suas dificuldades como obstáculo.

Dessa forma, todas as pessoas podem trabalhar naquilo que desejarem, e caso haja dificuldades para seguir na carreira de professor, é necessário trabalhar cada uma delas, bem como colocar em maior evidência e aprimorar as habilidades que irão fazer total diferença na vida dos alunos e na educação como um todo.

5 – “A educação infantil é inferior às outras etapas”

Bem ao contrário, é a etapa mais importante, na minha opinião, que estrutura e dá a base da aprendizagem, demanda maior sensibilidade e uma intenção do educador em cada ação realizada com a criança. É necessário pensar sobre a organização e distribuição dos objetos no ambiente, a escolha dos brinquedos e materiais a serem utilizados, a textura, a cor, o som, entre diversas outras questões do cuidar e educar.

Isto porque dos zero aos três anos é a fase em que o cérebro humano aprende mais do que em qualquer outra fase da vida. Dessa forma, podemos dizer que os bebês são pequenos cientistas, experimentando, analisando e verificando cada situação.

Por exemplo, quando um bebê joga algo no chão ele analisa não somente a questão física da queda, de que forma o objeto se comporta, e o som que ele produz ao cair, como também analisa a reação da mãe, da professora, dos colegas, dos irmãos, e repete isso diversas vezes porque está aprendendo empiricamente tanto o comportamento das coisas como das pessoas.

Assim, apesar de infelizmente a cultura em que vivemos diminuir o trabalho dessas professoras, reduzindo-as à “tias”, tanto pela história da educação infantil e suas origens, como pela natureza do trabalho, muitas vezes visto como simples, já vemos um panorama bem diferente em relação a essa etapa, com profissionais cada vez melhores qualificadas, derrubando esse mito cada vez mais. 

E esses foram os cinco mitos totalmente desmistificados sobre a carreira de professor!

A partir de hoje você poderá ter outra visão antes de concordar quando alguém falar sobre algum deles, certo?

Obrigada por ter lido até aqui! Até a próxima!



Prof. Ingrid Dehn – Graduada em Pedagogia (FEUSP) e Pós-Graduada em Educação Infantil (UNINOVE). Trabalha na área da educação há 11 anos. Atualmente é professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na prefeitura de São Paulo.




13 Comments

  1. Esse salário para Professor, não alcançou meu estado. Recebo 1.667,89. Está longe de ser bom esse salário para viver no estado com a economia igual a de RR.🙈

  2. Falar que o professor não ganha mal, é não conhecer o professor de escola pública. Quais estados pagam o piso?
    Minas não paga.

  3. Desculpe, mas a baixa remuneração na carreira de magistério é um fato, não um mito. No setor público, comparando com outras carreiras de nível superior, professores tendem a ter as remunerações mais baixas. No Distrito Federal, a exemplo da União, houve a edição de um plano de educação (PDE), tendo entre suas metas a valorização da carreira e equiparação salarial (o que, aparentemente, deve continuar só no papel).
    Isto não é atenuado mesmo tendo em consideração a formação contínua em nível acadêmico já que os acréscimos nos vencimentos pela progressão na carreira seguem a mesma lógica de defasagem em relação a outras carreiras.
    No setor privado, mantém-se a realidade de salários baixos, agravada pela precariedade dos vínculos e incerteza de continuidade do trabalho pela altíssima rotatividade dos profissionais.
    É importante dizer que a possibilidade de docentes acumularem vínculos para complementar renda em nada melhora sua situação, já que compromete o desenvolvimento das aulas e compromete tanto as atividades profissionais quanto a vida particular.
    Existem exceções? Claro. Os institutos federais, por exemplo, com bons salários iniciais e boas gratificações por formação acadêmica. Algumas instituições particulares também poderiam ser citadas, mas apenas como exceções, nunca como regra.

  4. Queria saber se esse piso salarial está sendo aplicado pelo Governo do Estado de São Paulo. E a questão das doenças psíquicas decorrentes da carreira e as más condições de trabalho para ganhar menos que todas as carreiras que exigem nível superior.

  5. Não sei se discordo mais ou concordo mais.
    Concordo com o primeiro, precisamos gostar de pessoas.
    Não concordo muito com o segundo. Em Alagoas acho que esse piso não é plenamente obedecido. Na rede particular, nas séries iniciais, ouço falar em salário mínimo. Sugiro uma pesquisa mais ampla.
    No terceiro, a realidade da minha região não é essa. Não vejo Professores trabalhando como Professores fora das escolas tradicionais. Porém, é verdade que dá pra trabalhar em outra atividade.
    No quarto ponto, acho que pra qualquer coisa vocação ajuda demais. Trabalho com formação de Professores e tem alunos vocacionados que desenvolvem as competências com muita facilidade, enquanto outros têm que compensar com mais esforço. Ouço fora do meu curso, no meu cotidiano, algumas pessoas dizerem “eu não me vejo dando aulas”.
    Por fim, concordo com a importância do ensino das séries iniciais. De fato eu acho que o piso salarial dos Professores não poderia ser inferior a aproximadamente 5 salários mínimos atuais. Fico indignado com os salários oferecidos nos concursos das prefeituras do Nordeste. É vergonhoso. Sugiro uma pesquisa sobre salário de Professores no Nordeste.

  6. Sério?!! Você pensa que, o professor recebendo o “mísero” piso salarial/nacional do magistério, ele é bem remunerado???!!!! Socorro!! Antes de mais nada, a título de esclarecimento, a maioria dos professores nem recebem esse mísero piso salarial!!! Muitos professores tiveram de ingressar na justiça para recebê-lo; e pergunta quantos já receberam!!! E outra: dos profissionais com curso superior, a remuneração dos professores é a mais baixa!!! Veja se profissionais de outras graduações recebem somente esse valor que você escreveu acima!!

  7. Excelente!Desmistificar ideias errôneas sobre a profissão, pode ajudar pessoas que queiram ingressar mas desistem por conta dos mitos!Sou professora com orgulho!👏👏👏👏👏

  8. Gostei muito!Sempre pensei e discordei dessas afirmações .Os 5 itens são ouvidos sempre.Em relação a Educação Infantil.Certo dia,na véspera do Natal,um pai estava procurando uma boneca para a filha de 4 anos. Disse: _Quero uma boneca bem simples.Ela não cuida das bonecas. Arranca pernas,braços,cabeça…Eu disse:_ Você não acha que essa questão, pode ser um aprendizado?Ele respondeu: _Jamais!Onde se viu aprender destruindo?Eu disse_:Ela joga as partes no lixo?Ele disse:_Não. Guarda numa caixa e fica tentando consertar de novo. Aí eu disse:_Pode ser, que ela esteja fazendo importantes descobertas , em relação as partes do corpo humano.Uma análise cheia de curiosidade,o que pode despertar o conhecimento. Ela arranca cada parte ,e tenta recolocar. Diante das dificuldades ,ela guarda para tentar em outro momento.Isso é aprendizagem: curiosidade,encaixe,persistência, dúvidas,cansaço,além de trabalhar a coordenação motora,a atenção …e as descobertas das partes que compõem o corpo humano. Penso que ela não tentará encaixar a perna no lugar do braço ou vice versa.Ė assim que as crianças vão formando conceitos essenciais a aprendizagem. Ele disse:_ Nunca tinha pensado nisso. Sempre achei que ela só destruía…

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