Você precisa saber: Jean Piaget e o jogo na aprendizagem
Você sabia que para Piaget o jogo tem muita importância para que a criança desenvolva sua inteligência? Sim, é verdade, o cientista defende a tese que a sensação prazerosa sentida ao jogar ou brincar resulta em motivação para a aprendizagem.
Dessa forma, o jogo contribui tanto para o desenvolvimento psicomotor, quando promove as habilidades corporais, quanto para a inteligência emocional sendo campo de experiência para a convivência, respeito e diálogo com o outro, como também para a construção de saberes da leitura, escrita e da lógico-matemática.
Assim, de acordo com a teoria de aprendizagem de Piaget, o jogo se caracteriza como um exercício de assimilação e por meio dele a criança consegue formar novos esquemas mentais, no processo de assimilação, acomodação e adaptação, e os jogos podem ser classificados em três tipos: de exercício, simbólico e de regras.
O jogo de exercício
O jogo de exercício é a maneira inicial que a criança vivencia a ação de jogar, de brincar, quando ainda está no estágio sensório-motor, que compreende do nascimento aos dois anos de idade, no período em que ela começa a conhecer suas capacidades e limitações motoras no início da infância, e a cada nova conquista constrói novas habilidades e esquemas corporais.
Dessa forma, jogo de exercício é caracterizado simplesmente pelo prazer que a criança sente realizando cada movimento e ação, e como consequência disso atribui um significado a cada ação, e esta prática surge nos primeiros momentos de vida e se caracteriza no comportamento até os dois anos, mas pode estar presente ao longo da infância e, até mesmo, quando adulto.
Assim, Piaget explica os jogos de exercício como jogos sensório-motores, e estão relacionados ao prazer da ação, quando a criança toma consciência de suas novas capacidades físicas, e neste jogo, ou neste brincar, não é necessário que a criança use a imaginação para representar ou fazer de conta, diferentemente do jogo simbólico, onde a criança começa a representar os objetos e as ações.
O jogo simbólico
Este jogo surge durante o estágio pré-operatório, que compreende a idade dos dois aos sete anos, onde a criança ainda encontra satisfação nos jogos de exercício, no entanto, neste momento ela inicia a utilizar os símbolos em suas brincadeiras, com a presença da imitação, do faz-de-conta utilizando diferentes objetos para representar que está fazendo comida, ou trabalhando, ou cuidando dos filhos, por exemplo.
Dessa forma, os jogos simbólicos possibilitam que a criança assimile o mundo exterior e faça a interiorização dos fatos e dos papéis sociais no seu “eu”, ao observar ou vivenciar, por exemplo, uma situação difícil de abandono, a criança procura “resolver” essa situação enquanto brinca com uma boneca, ou ursinho, representando a si mesma neles.
Assim, quando a criança recorre ao uso da representação durante os jogos simbólicos, consegue vivenciar situações de sua vida e construir ideias e soluções a respeito do que viveu, e fazer esquemas mentais para compreender sua realidade ao fazer a projeção, por isso é tão importante os adultos observarem a criança brincar, principalmente os professores, para compreender com o que as crianças estão lidando através das representações que fazem, e como é a sua percepção do mundo.
Ocorre que os jogos simbólicos evoluem durante o estágio pré-operatório, sendo que nos primeiros anos a criança utiliza o próprio corpo para fazer as imitações, e na medida em que desenvolve, passa a fazer as representações mais parecidas com o real, e assim como o jogo simbólico substitui ou coexiste, com o jogo de exercício, a partir dos sete anos a criança passa substituir o símbolo pela regra.
O jogo de regras
Durante o estágio operatório concreto, que compreende dos sete aos doze anos, a criança conquistou a capacidade de reversibilidade das ações, conceitos de tempo e número, pois começa a pensar de maneira lógica e já consegue discriminar os objetos por semelhanças e diferenças.
Dessa forma, quando a criança atinge essa maturidade consegue ter habilidades para se submeter às regras, como atenção, concentração, pensamento lógico, e para jogar com regras é necessário mais de uma criança onde irão aprender as regras da brincadeira ensinadas de geração em geração, ou irão construir novas regras para o jogo.
Assim, de acordo com Piaget, com os jogos de regra a criança inicia o aprendizado de se adaptar na vida em sociedade, compreendendo as leis assim como compreende as regras do jogo, que possibilitam a convivência do grupo de forma harmônica, com objetivos em comum, que no caso do jogo é jogar, e na sociedade perceberão que são diversos direitos, deveres, regras e papéis sociais.
Enfim, para Piaget o jogo é importante por sua ludicidade na aprendizagem, pela possibilidade da criança realizar assimilações através dele, devido a estruturação e organização de esquemas mentais que ele possibilita, bem como pela ampliação da socialização por meio das regras, assim, espero que este texto venha enriquecer o seu trabalho com os alunos, para que eles aprendam cada vez mais de forma que suas dificuldades sejam superadas por meio do jogo, como Piaget nos ensina. Bom trabalho!

Ingrid Dehn Rodrigues – trabalha na área da educação há 11 anos, professora há 4 anos, graduada em Pedagogia pela FEUSP, pós-graduação em Educação Infantil pela UNINOVE, atualmente é professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na prefeitura de São Paulo.
O lúdico é fundamental é o início da formação intelectual do indivíduo.
Otimo texto gostei
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