Veja isso! Saiba como planejar sua rotina na escola seguindo os protocolos de retorno
Os profissionais da educação estão debruçados nesse momento refletindo a respeito das perspectivas de retorno para as aulas presenciais, assim, é possível compreender que precisaremos lidar com diversas situações inesperadas, pois o que vivemos não tem precedentes, mesmo tomando como base os outros países, porque existem diferenças territoriais e culturais.
Há discussões em relação aos protocolos de segurança, a quantidade de alunos e profissionais presentes nas escolas, as mudanças estruturais, uso de equipamentos de segurança, as vivências que serão priorizadas, entre outras questões que impactam diretamente no trabalho em sala de aula.
O retorno é inevitável, apesar de não haver certeza quanto à data, em algum momento irá acontecer e é fundamental que os profissionais da educação comecem a se preparar, discutir e propor ações para isso.
Qual a data prevista para o retorno?
Na cidade de São Paulo as discussões acerca de uma data possível serão definidas após dia dez de novembro, assim que os resultados dos testes a serem realizados em funcionários e alunos das escolas municipais forem verificados, e as autoridades conseguirem uma base de quantas pessoas tiveram contato com a doença.
Este medida tem como objetivo não permitir avançar os números de contaminados, onde participarão da testagem mais de setecentas mil pessoas, entre servidores e alunos, e os resultados darão a resposta segura sobre quantas pessoas foram expostas ao vírus e estão imunes.
Dessa forma, apesar de ainda não haver uma data confirmada para o retorno das aulas presenciais neste novo cenário da sociedade, é necessário refletir acerca das medidas necessárias e planejar ações a serem tomadas para garantir a segurança de funcionários e alunos, evitando a contaminação.
A reorganização dos ambientes
As salas de aula deverão ser mantidas ventiladas e/ou com as janelas abertas, organizadas conforme a capacidade de acomodação cumprindo as medidas sanitárias, e de modo que respeite o distanciamento mínimo entre as mesas, com limitação da passagem na classe estabelecendo uma direção de circulação, além disso, funcionários e professores devem usar máscaras o tempo todo.
Para as refeições será necessário definir horários separados nos turnos, de modo a evitar aglomeração de estudantes, caso seja impossível estabelecer distanciamento nos refeitórios, o lanche poderá ser feito na sala de aula sob a supervisão de um adulto, de acordo com as regras sanitárias, garantindo que a equipe use máscara e lave as mãos entre cada contato, e que seja realizada a limpeza das mesas e cadeiras após as refeições.
O uso dos banheiros deve ser controlado para evitar aglomerações, os mictórios utilizados devem estar pelo menos um metro de distância ou os demais mictórios devem ser neutralizados, além disso, a ventilação deve ser frequente nas instalações sanitárias, o material para higiene deve ser reposto constantemente, e o descarte das latas de lixo deve ser realizado sempre que necessário e pelo menos a cada turno.
Atividades culturais e manuais
Em todas as atividades deverá ser priorizado o uso individual de equipamentos e ou materiais, favorecendo o uso de equipamentos individuais descartáveis (balde de tinta, etc.) ou, na falta destes, garantir a desinfecção regular adequada, que sejam utilizados apenas equipamentos individuais e pessoais, evitar o empréstimo de equipamentos coletivos ou fornecer métodos adequados de desinfecção.
As leituras pelo professor devem ser favorecidas para limitar o manuseio dos livros, valorizando descobertas e acesso à cultura por meios audiovisuais (projeção de visitas virtuais a museus, filmes, etc.), vivenciar jogos que não exijam tocar em superfícies comuns e nas mãos, como jogos de mímica, jogos de adivinhação, entre outros.
Os espaços externos deverão ser mais utilizados, onde há circulação de ar, além disso, será necessária uma redução no fluxo de crianças a funcionários, bem como dialogar com as famílias a respeitos dos protocolos de segurança, bem como as ações a serem tomadas, que deverão atender a realidade de cada comunidade escolar.
O acolhimento das famílias e crianças
Quando as aulas presenciais retornarem, o acolhimento será fundamental, pois é um dos pilares para a construção de uma relação de parceria entre família e Unidade Educacional, e o tempo vivido em seus lares durante a pandemia deve ser considerado para que seja construída uma nova rotina.
É importante que todos estejam engajados para superar o momento vivido e que agora surge com novas perspectivas. O retorno às Unidades Educacionais requer ações pensadas e planejadas que respeitem o sentimento das crianças, famílias e profissionais.
A documentação pedagógica e a realização dos acompanhamentos individuais são fundamentais para fortalecer a observação das crianças, em suas interações, narrativas e envolvimento nos projetos, levando em consideração, na organização do planejamento, os arranjos feitos em casa e as diferentes plataformas que foram utilizadas pelas famílias e responsáveis para a manutenção dos vínculos e comunicação.
O acolhimento e o planejamento, após este período de isolamento e afastamento social, são fundamentais para a construção dos novos elos, laços e parcerias. Receber com afetividade e atenção bebês, crianças, famílias/responsáveis, equipe escolar é um fator determinante para a segurança e bem-estar dos envolvidos nesse processo e superação do isolamento, para um recomeço de todos.
O brincar das crianças no retorno às aulas pós- pandemia
Pensando no retorno a maior questão é sobre como iremos garantir a qualidade de experiências significativas enquanto estamos extremamente preocupadas com a segurança de todos e em seguir os protocolos de saúde e higiene.
Iremos reaprender a viver nesses espaçostempos da escola, priorizando espaços externos, afetos à distância, acolher com os olhos, com a voz, viver brincadeiras sem contato físico, planejar formas de brincar diferente das que estávamos acostumadas.
O brincar terá que ser junto, mas distante, sem compartilhamento de materiais, sem contato, durante as interações, mantendo o distanciamento necessário, o que exigirá de todos nós um esforço para resgatar brincadeiras que podem ser adaptadas para esse período.
Dessa forma, já podemos imaginar as crianças reaprendendo a brincar de “vivo ou morto”, mímica, estátua, esconde-esconde, adoleta à distancia, enfim, vamos ressignificar nossas brincadeiras e garantir o direito das crianças de viverem suas infâncias em uma escola de qualidade.
Algumas conclusões definitivas
Alguns pontos a respeito do retorno das aulas presenciais devem ser tratados para o planejamento do retorno das aulas presenciais, primeiramente sobre quantos funcionários teremos, se teremos as equipes completas, se haverá a necessidade de ampliar as equipes para a adequação e complementação necessária do quadro, sendo fundamental a formação de toda equipe, com normas para todos, bem como a formação dos educadores e da equipe de limpeza por profissionais da saúde.
Alguns profissionais da educação sugerem no mínimo 15 dias para planejamento antes do retorno, em seguida encontros formativos com as famílias, a logística dos planos para o retorno devam ser monitoradas e controladas por órgãos de pesquisa em ciência e saúde, as jornadas coletivas devem ser feitas por encontros remotos, deverão ser articuladas situações de estudo e mapeamento de riscos, onde os Conselhos de escola deverão deliberar o percentual de alunos a ser atendido em cada UE, no limite de 35% da capacidade.
A entrada e saída das crianças deverão ser organizadas através de forma dupla, com horários escalonados, e marcações no chão, e todos os adultos que acessarem a escola devem estar de máscara e/ou face shield, com a redução de horários para os alunos e vivências de acolhimento seguro.
O acolhimento das crianças deve ser leve e lúdico, alertando-os sobre o vírus com brincadeiras, teatro, músicas e outras linguagens para que aprendam os novos comportamentos sociais, recebendo as crianças de maneira escalonada, com horários diferenciados, priorizando a escuta e sensível, com maior e melhor atendimento a suas necessidades, com horários reduzidos e diferenciados, garantindo o direito de utilizarem todos os espaços físicos da unidade.
Com atenção especial as emoções das crianças, sem abrir mão do afeto, abraço e carinho, com conversas para manter a segurança e saúde de todos, mantendo ações remotas para as crianças que não retornarão, sendo a critério dos pais a escolha sobre retorno, no caso de redução de horários, garantir que sejam oferecidas refeições completas, diminuindo a carga horária das crianças e profissionais da educação, mas com oferta de merenda que compense parte da recomendação diária de nutrição.
Em relação aos ambientes educativos, é de grande importância a higienização dos ambientes, que eles sejam adequados para a constante higienização das mãos, interdição de bebedouros, com a continuidade de ações remotas, maior utilização das áreas externas, ou dos espaços do entorno.
Existem também a sugestão de se instalar barreiras de acrílico entre pias e vasos sanitários, tampas e assentos nos vasos, sendo os banheiros pontos de atenção que exigem limpeza várias vezes ao dia, bem como sinalizar as áreas de alto toque sobre alto risco de contágio, e instalar displays de álcool gel e sabão adicionais, na altura das crianças.
Funcionários da escola deverão ficar responsáveis pela entrada e saída de pessoas que não são da escola, mudanças estruturais deverão ser realizadas para atender os protocolos de segurança, bem como adequação de mobiliário. Os elevadores deverão ser utilizados somente para as pessoas com mobilidade reduzida.
Durante todo tempo de permanência na escola deve ser garantido o distanciamento físico entre os funcionários, ampliando intervalo para refeições, vestir as mesas com material descartável, e dar continuidade às ações remotas, promovendo encontros formativos virtuais para divulgação de plano de retorno, encontro presencial com famílias que não tem acesso à internet, garantindo acolhimento e escutas às famílias, distribuindo material formativo com informações essenciais para evitar o contágio. Para crianças que apresentarem sintomas do Covid 19 deverá haver um espaço aberto e ventilado para o acolhimento e supervisão de um adulto devidamente protegido.
Para finalizar, é de grande importância lembrar que não existe uma situação totalmente segura, somente de redução de riscos, e que as medidas devem se guiar pelo que é possível a cada escola, sugerindo ações para redução do risco de transmissão.

Ingrid Dehn Rodrigues – trabalha na área da educação há 11 anos, professora há 4 anos, graduada em Pedagogia pela FEUSP, pós-graduação em Educação Infantil pela UNINOVE, atualmente é professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na prefeitura de São Paulo.
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