Problemas do pós-pandemia: defasagem e evasão escolar
A educação nestes últimos tempos passou por muitos problemas e transformações principalmente por causa da pandemia de COVID -19.
Entre os problemas mais graves estão os efeitos do isolamento social e entre as transformações mais urgentes está o avanço de ferramentas tecnológicas.
Neste ano de 2023 ainda estamos vivendo os efeitos deste isolamento na educação que está traduzido em defasagens e evasões de alunos.
Por outro lado, estamos vivendo também em um tempo de muitos avanços tecnológicos que foram acelerados pela pandemia e suas necessidades.
Neste texto veremos o que está sendo feito para minimizar os efeitos da pandemia na educação e também como a tecnologia atuou nos tempos pandêmicos e pós-pandêmicos.
Evasão escolar na pós-pandemia
Para falarmos da evasão escolar causada pela pandemia, não podemos deixar de lado as questões sociais, pois os jovens e crianças mais afetados foram aqueles pertencentes a estratos mais pobres da sociedade.
Esta questão se estende também às regiões do país, ou seja, as regiões mais afetadas pela evasão escolar foram as regiões mais pobres do país, fator que aponta para a região norte e nordeste.
O principal fator que causou tanto a evasão como a defasagem escolar foi a falta de conectividade. Muitos alunos do país não possuíam acesso a internet antes mesmo da pandemia.
Segundo o IPEA, em 2018 , 16% dos alunos do ensino fundamental (4,35 milhões) e 10% dos alunos do ensino médio ( 780 mil) não tinham nenhum equipamento para acessar a internet. Todos estes alunos na maioria frequentam o ensino público.
As desigualdades econômicas entre alunos e entre regiões do país refletiram diretamente na evasão escolar, um problema que ainda está muito presente nos dias de hoje.
Segundo a UNICEF, hoje os alunos entre 11 e 19 anos, que se evadiram do ensino básico somam 2 milhões, o que representa 11% das amostras pesquisadas. Estes dados são de setembro de 2022, um fato que confirma a crise atual.
Somando-se as crianças de 4 a 10 anos o número da evasão escolar aumenta ainda mais e chegamos a um percentual assustador do número de evasão escolar. De acordo com o IBGE, o número de crianças fora da escola durante a pandemia aumentou mais de 170%.
Mitigação da evasão escolar na pandemia e pós-pandemia
Basicamente, o problema da evasão escolar afeta mais as populações mais pobres do país e é importante lembrar que este problema não nasceu na pandemia ele apenas se agravou.
Portanto, o problema da evasão escolar já afeta as escolas brasileiras há muito tempo, principalmente no ensino médio.
Durante a pandemia, algumas regiões do país promoveram muitas ações para mitigar os problemas educacionais e prevenir a evasão escolar.
Assim, ofertaram aulas veiculadas na televisão e rádio, foram distribuídas atividades impressas; e ainda houve a comunicação via whatsApp com responsáveis e alunos.
Uma forma de mitigar a evasão escolar é a prevenção focando para fatores extraescolares como problemas econômicos e sociais, distância entre residências e escolas.
Além disso, é preciso focar nos fatores intraescolares como indicadores de aprovação/repetência, e distorção idade/série.
Ou seja, quando um aluno é reprovado diversas vezes ocorre a baixa de sua auto-estima e fica desestimulado, o que contribui para a sua evasão.
Por outro lado, o acúmulo de repetências faz com que este aluno fique em turmas com faixas etárias menores, o que causa o efeito de distorção-idade série.
Segundo a FGV, para sanar este efeito é importante que gestor e professores descartem como instrumento educativo a reprovação automática.
Formas de prevenção da evasão escolar na pós-pandemia
Até aqui vimos que o maior entrave para acabar com a evasão escolar são os fatores socioeconômicos que causam diferenças entre alunos, entre escolas públicas e particulares e entre regiões do país.
No entanto, ações que ajudam as famílias economicamente como o Bolsa Família tem gerado impacto positivo sobre o problema da evasão escolar a curto prazo, segundo relatórios do Banco Mundial.
Os insumos oferecidos pela escola pública como merenda escolar e refeições também ajudam a prevenir futuras evasões da população mais vulnerável economicamente.
No entanto, no que tange às estratégias educacionais, gestores e educadores precisam ficar atentos ao período da primeira infância ( faixa de 0 a 6 anos), pois é nesse período que as crianças apresentam mais maleabilidade do cérebro.
Neste período etário a criança tem mais capacidade de armazenar e processar informações em curto prazo, o cérebro cresce 80% nos primeiro anos de vida e é o período mais indicado para desenvolver jogos, linguagem gestual e muitas atividades lúdicas.
Portanto, as conexões neurais acontecem com mais frequência nestas idades quando a criança é estimulada por meio dos sentidos (olfato, tato, visão, audição e paladar).
Assim, atividades que estimulem os sentidos aumentam a capacidade cognitiva ao mesmo tempo. Neste sentido, podemos concluir que nesta faixa etária é muito importante as atividades artísticas em várias linguagens como dança, música e artes visuais.
Maneiras de sanar a defasagem escolar na pós-pandemia
Além da evasão escolar, existe também o problema da defasagem escolar causada pelo isolamento. Houve uma grande defasagem em diversas disciplinas que foi atestada na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), onde certas pontuações foram rebaixadas na comparação com avaliações anteriores.
Entre os problemas do ensino estão professores e alunos sobrecarregados em atividades de reposição de conteúdos, desenvolvimentos de habilidades e na aquisição de conhecimentos essenciais.
A partir deste problema é necessário que aconteça nas escolas em geral uma avaliação diagnóstica, formativa e somativa.
Avaliação diagnóstica
Esta avaliação pode acontecer de maneira mais informal, e é feita antes de iniciar o aprendizado dos conteúdos. Ela é aplicada por vários motivos. Entre eles estão:
- Avaliação de conhecimentos prévios
- Avaliação de habilidades
- Saber o que os alunos sabem
- Ter conhecimento da defasagem dos alunos
Avaliação formativa
A avaliação formativa pode ser feita por meio da auto-avaliação, diálogos e comentários. a sua aplicação é feita durante o processo de ensino/aprendizagem. Esta avaliação é aplicada focada em alguns motivos importantes como:
- Monitora o aprendizado para ver se é preciso algumas correções de rota
- Fornecer um retorno aos alunos, para incentivá-los a aprender mais
- melhorar a assertividade dos objetivos propostos
Avaliação somativa
Esta avaliação é feita no final dos ciclos e são utilizadas notas e conceitos como índices de avaliação de cada aluno. Os propósitos desta avaliação giram em torno dos seguintes motivos:
- Avaliar o aproveitamento de cada aluno
- Avaliar o ambiente e a metodologia educacional
- Descrever a situação geral dos níveis de aproveitamento dos alunos
A importância de todas estas avaliações é averiguar a dimensão das lacunas que foram deixadas pelo período de isolamento. Além disso, por meio delas pode-se atestar como as redes de ensino estão respondendo aos desafios deixados pela pandemia utilizando insumos e processos educacionais.
Vale lembrar, que o principal desafio na rede pública é manter os alunos na escola e depois garantir a aprendizagem.
Neste sentido, os gestores e educadores devem atentar para o caráter formativo das avaliações. Ou seja, os alunos não podem ser somente avaliados por notas e conceitos e sim na sua formação geral.
Portanto, os professores precisam dar mais ênfase ao processo de ensino/aprendizagem do que para avaliações finais.
Conclusão
Vimos neste texto que o ensino atual apresenta uma acúmulo de problemas que se tornaram mais graves com a pandemia, pois os problemas educacionais de evasão escolar e defasagem já são conhecidos do meio educacional bem antes da pandemia.
Com o agravamento do problema veio à tona a urgência de medidas, entre elas algumas são paliativas e outras tem mais alcance.
Na escola pública as medidas que mais podem dar resultados estão centradas na valorização dos professores, na verdadeira autonomia dos alunos e nos insumos ofertados como refeições e merenda escolar.
Outro fator importante para a melhoria do ensino e o saneamento de seus problemas é o investimento em tecnologia, pois a democratização da tecnologia pode ampliar a velocidade do ensino litigando problemas ainda presentes nas defasagens escolares.
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