Como melhorar sua proposta didática por meio da música e arte em geral

Este artigo irá tratar das linguagens artísticas enquanto mídias comunicativas, com funções de contribuir para melhoria das propostas didática em que se reveste a práxis escolar.

A arte, neste artigo, será focalizada na sua função comunicativa e consequentemente expressiva. Neste foco, abra-se um rol de possibilidades de trabalho com arte, principalmente no apoio de outros projetos disciplinares.

Introdução 

A música como linguagem expressiva e artística faz parte, juntamente com as outras artes, da comunicação humana e, portanto ela é um meio de comunicação, podendo ser designada como mídia. No âmbito geral das artes as mídias se dividem em imagéticas e sonoras e escritas. A música na sociedade pode ser designada de mídia escrito-sonora por ter a partitura escrita que age com função comunicativa; a fotografia a pintura e escultura podem ser designadas como mídias imagéticas; o teatro, o cinema, o audiovisual e a dança, podem ser designados como multimídias, por haver nestas propostas artísticas várias formas de expressão e comunicação, guardadas suas especificidades. Nas mídias puramente escritas abordaremos mensagens poéticas, literárias e jornalísticas em uma analise da criatividade. 

Falaremos de uma maneira panorâmica de todas estas mídias com intuito de criar um rol de instrumentos pedagógicos para o trabalho em sala de aula. Abordaremos o sentido lúdico, criativo e interdisciplinar destes conteúdos.

Mídia sonora 

Nesta mídia, o foco será dado sobre a música, pois é a arte que tem como sua principal matéria prima, o som, e é por meio do som que os compositores buscam refinar cada vez mais sua expressão comunicativa. O teatro, o cinema, a dança e os demais audiovisuais também se utilizam do som, mais muitas vezes se utilizam do som como um fator expressivo específico, para isso recorrem a música composta especialmente para um projeto multimídia. Neste sentido o músico que compõe para uma apresentação musical utiliza os mesmos princípios técnicos que um músico que compões para teatro, dança ou cinema, o que muda é a proposta comunicativa.

A música é uma expressão artística de quadros da vida cotidiana e das paixões humanas, tanto na música popular e erudita. No trabalho com música é preciso ir um pouco mais além da percepção das letras, pois a letra é o suporte poético do material musical. O material estritamente musical se revela no sons e seus elementos: melodia, ritmo e harmonia. Estes elementos são comunicados e expressos somente por meio de sons sem a utilização das palavras. 

Portanto, “ao trabalhar com música nas escolas é preciso lidar com elas enquanto tal, o que implica em primeiro lugar ouvi-la, fruí-la até cantá-la para apossar-se dela enquanto música” (PENTEADO, 2002 P.168).  Todas estas ações do perceber e fazer musical são importantes para que o envolvimento com esse tipo de linguagem possa acontecer para além do envolvimento espontâneo que acontece nas experiências cotidianas.

Posteriormente a esta experiência sonora será preciso verificar sentimentos, emoções, ideias que foram provocadas pelo conteúdo musical. E preciso estar atento para as diferenças de resultados subjetivos provocados pela música entre os alunos e a troca que pode ser feita destes sentimentos em uma conversa que pode ser feita posteriormente a audição musical ou até textos que podem ser produzidos após ou durante a audição. 

O efeito musical provocado por uma música difere de pessoa para pessoa, pois o ouvinte traz suas experiências de vida para somar com a atividade perceptiva, o que resulta em uma polissemia, pluralidade de significados. Toda a arte é polissêmica por conter muita informação, mas existem significados que estão nos fundamentos de uma obra, neste caso é preciso que o professor/a no papel de mediador, conduzir os alunos a compreensão do significado inserido na obra. 

Proposta contemporânea de educação musical

Hans Joachim koellreutter foi um dos principais educadores dentro de um espectro contemporâneo e atuante no Brasil. Este – músico, pensador e educador alemão radicado no Brasil – desenvolveu muitas concepções e experiências em torno da educação musical e que muito se enquadra para a utilização nos espaços escolares. Koellreutter jamais considerou a educação musical apenas como meio para a aquisição de técnicas e procedimentos necessários a realização musical. Sua abordagem é focada para o porque da música e sua importância na vida humana.

Nesta visão a música é vista como um instrumento para uma educação interior, da subjetividade, dos sentimentos, da singularidade e da consciência do eu. Nas palavras deste educador as culturas de massa constituídas por uma pluralidade de indivíduos cuja consciência do eu e cujo senso de responsabilidade individual vem sendo reduzido ao mínimo, é preciso uma educação musical que desenvolva a personalidade do jovem como um todo. No sentido de despertar as faculdades de percepção, comunicação, concentração, de trabalho em equipe, discernimento analítico e crítica (H-J, Koellreutter, 1998, p. 43). Para este educador a arte musical possibilita um dinamismo de trabalho em sala de aula que envolve os aspectos lúdico, criativo e expressivo.

Proposta prática multimidiática para realizar em sala de aula – composição de uma trilha sonora.

Prazo de realização: de vinte a trinta dias

Quantidade de alunos que pode ser atendido: de vinte a cinquenta alunos.

Primeiro passo: Conceituação de trilha sonora. Música e sons especialmente compostos para uma narrativa seja cinema, teatro ou até contação de histórias. Esta música e sons precisam levar em conta as demandas sonoras da história, sua ambientação e seu contexto de época.

Segundo passo: Escolha um conto literário que não seja muito longo e conte para os alunos.

Terceiro passo: proponha com os alunos uma discussão sobre o contexto histórico do conto para descobrir que música poderia entrar como tema deste conto, considerando. Época: ano, costumes, cultura; 

Ambientação: meio urbano, campo, floresta.

 Gênero: Suspense terror, comédia, aventura, romance.

Quarto passo: Divisão de tarefas por grupos

Grupo 1 – Narração e realização da história: Escolher que vai fazer a fala da narração e dos personagens. Se a história tiver muita narração, neste caso, escolha vários narradores. Um aspecto que deve ser lembrado é que a narração e as falas devem ser pausadas para sincronizar e não misturar com a música e os efeitos sonoros.

Grupo 2 – Responsável pelos temas musicais: Dentro da narração e realização de história pode haver várias músicas, cada um pode ficar encarregado da entrada de uma música. Cada aluno pode emitir a música por meio de um celular ou outro dispositivo sonoro. Será preciso orientar os alunos que a música não pode ser alta de volume para não atrapalhar a fala dos colegas.

Grupo 3 – Responsável pelos efeitos sonoros: Os efeitos sonoros não são músicas, são efeitos que imitam alguma demanda sonora do conto. Por exemplo, se no conto houver uma cena com chuva, será preciso que entre algum efeito que imite a chuva. Pode ser utilizados chocalhos, folhas de papel ou de Raios-X que possam imitar os sons de uma chuva ou trovão. Neste caso entra a criatividade dos professores e alunos.

Se a sala de aula for muito numerosa os professores podem propor três ou quatro projetos de trilhas sonoras com contos diferentes e de diferentes gêneros. Neste caso esta estrutura dividida em três grupos será composta para cada projeto.

Quinto passo: Estipular um prazo para o desenvolvimento. Durante este prazo a cada encontro pode-se ouvir dos alunos sobre o andamento das tarefas e realizar mais debates sobre o conto e seus desdobramentos.  

Sexto passo: Apresentação do projeto. Esta apresentação pode ser gravada, colocada em um blog e outros recursos que o professor/a achar necessário.

Esta proposta pode ser realizada presencialmente ou online. No caso de um processo online será preciso verificar os recursos de tela e sons das plataformas de ensino a distancia e pensar se será preciso utilizara grupos menores para cada projeto e propor um número maior de projetos. Estipular também datas diferentes para a apresentação de cada projeto. 

Conclusão

Este artigo abordou temas musicais e artísticos que podem contribuir na elaboração de uma atividade por meio do desenvolvimento do conceito de mídia. O foco principal tratado neste texto foi dado à mídia sonora, mas que se desdobra em outras mídias em uma abordagem mais ampla. Posteriormente, abordaremos as especificidades de outras mídias e as possibilidades de outros projetos coletivos. 

BIBLIOGRAFIA

BRITO T. A. Koellreutter Educador – O Humano Como Objetivo da Educação Musical. São Paulo: Peirópolis, 2001.

KOELLREUTTER, H. J. “Educação musical hoje, quiçá, amanhã”, in: LIMA, Sonia A. (org.) Educadores Musicais de São Paulo: Encontros e reflexões. São Paulo: Nacional, 1998, pp 39-45.

LANGER Susanne K. Ensaios Filosóficos. São Paulo: Cultrix, 1962.

PENTEADO H. D. Comunicação Escolar – Uma Metodologia de Ensino. São Paulo: Salesiana, 2002.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.

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