Ambiente Montessori: Liberdade é diferente de permissividade
Deixar a criança fazer o que quiser quando ainda não desenvolveu nenhum poder de controle é trair a ideia de liberdade (Maria Montessori, Mente Absorvente).
Montessori foi muito clara: não devemos conceder liberdade às crianças até que elas aprendam a seguir as regras. Mas muitos professores e pais Montessori não sabem como definir ou fazer cumprir essas regras. Afinal, não devemos seguir a criança? Seguir a criança não significa permitir que ela faça o que quiser, quando quiser. Quando uma criança pequena é incapaz de controlar seus impulsos e não sabe o que quer, ou como fazer o que quer, ocorrem distúrbios e comportamentos destrutivos. Isso geralmente acontece porque um adulto era excessivamente permissivo e não estabelecia limites ou regras. E existem regras no ambiente Montessori. Pare e pense nos ambientes Montessori que você observou. Que regras da sociedade você viu?
- As crianças andam na sala de aula.
- Falamos com vozes calmas.
- As cadeiras estão encaixadas.
- O trabalho é mantido ordenadamente nas prateleiras.
- Os tapetes são enrolados e armazenados bem quando não estão em uso.
- A área de lanches é mantida limpa e arrumada, com pratos feitos após cada uso.
Como as crianças aprendem as regras da sociedade? Na sala de aula Montessori, as regras são aprendidas através do ambiente cuidadosamente preparado. É o ambiente que ensina às crianças autocontrole e autodisciplina. Quando há consistência no ambiente, há consistência no comportamento. Veja abaixo algumas inconsistências e consistências no ambiente montessori:
Inconsistência no ambiente
- O professor é difícil de encontrar quando a criança chega à escola.
- Os materiais são colocados aleatoriamente nas prateleiras.
- Não há tapetes de trabalho suficientes.
- Livros de não-ficção são arquivados com livros de ficção.
- O ciclo de trabalho matinal é desarticulado e cheio de interrupções.
- As crianças são livres para correr, cantar, pular e gritar dentro de casa.
- O lanche é comido em qualquer lugar da sala ou enquanto caminha.
- Não há rotina.
- Há materiais duplicados nas prateleiras, para que as crianças não precisem esperar.
Consistência no ambiente
- O professor está sempre na porta para cumprimentar as crianças quando elas entram na sala de aula.
- Cada trabalho tem seu próprio lugar único na prateleira.
- Há um tapete de trabalho para cada criança.
- Livros de não-ficção são encontrados nas prateleiras ao lado dos materiais correspondentes.
- O ciclo de trabalho de 3 horas é sagrado, sem interrupção.
- As crianças andam com propósito, falam baixinho e respeitam os outros enquanto trabalham.
- O lanche é comido sentado na área de lanche designada.
- A rotina é ordenada e previsível.
- Há apenas um de cada material. As crianças devem esperar a sua vez e procurar outra coisa que lhes interesse.
Quando o ambiente é consistente, estruturado e previsível, a criança fica em paz. O estresse é reduzido porque a criança sabe o que esperar. Ela não precisa olhar para o adulto para lhe dizer o que fazer ou onde encontrar as coisas. O ambiente tem limites e expectativas. É responsabilidade da criança aceitar e permanecer dentro desses limites. Ela está no controle porque ela é capaz de ser independente. Um ambiente inconsistente pode gerar estresse, ansiedade e até medo do desconhecido, fazendo com que a criança dependa do adulto para resolver problemas. Se o adulto está constantemente orientando a criança, a criança não está experimentando a liberdade. Quando o adulto está no controle, a criança não está livre.
No ambiente Montessori, “liberdade” significa que a criança entende como fazer as coisas. Se a criança não entende como fazer algo, ela não é livre para fazê-lo. Os novos professores Montessori costumam me dizer que se preocupam com o fato de não conseguirem impedir as crianças de tirar o trabalho das prateleiras antes de receber as apresentações. A resposta é simples – defina suas expectativas antes que isso aconteça: “Só usamos materiais depois que eu mostrar a você como usá-los”. Quando as crianças conhecem os limites, elas seguem as regras.
Limites como caminho para independência e liberdade
Nesta construção gradual da independência e da liberdade – a capacidade de parar e fazer uma escolha, Montessori deixa claro que existem limites. Lembre-se dessas palavras de uma citação anterior: “Isso não significa que se deve fazer apenas o que quiser no momento, ou que se pode brincar com qualquer coisa, usando-o como acompanhamento de sua fantasia”. (Montessori, “Princípios e Práticas”, pp.12-13, AMI Communications, 1979).
É difícil para algumas pessoas entender a diferença entre liberdade e abandono. Esta é a diferença entre apoiar o desenvolvimento das crianças através da liberdade e frustrar o desenvolvimento abandonando as crianças para fazerem o que quiserem. Para entender a diferença entre liberdade e abandono, devemos olhar para os limites. Há três princípios norteadores que nos ajudam a compreender os limites da liberdade:
- Os limites são para a proteção do indivíduo, meio ambiente e outras pessoas – A criança sente a proteção desses limites. Se ele sabe que não prejudicamos os outros, então ele sabe que não será prejudicado aqui. Se não destruirmos o trabalho do outro, então o trabalho dele não será destruído. Se conservarmos nossos recursos, então os recursos estarão disponíveis para ele quando ele precisar.
- Os limites são definidos pela capacidade do indivíduo de agir de forma independente. Isso significa que os limites são flexíveis e têm parâmetros individuais – Quando eu disse ao meu aluno que estava escrevendo esta palestra sobre liberdade e limites, ele respondeu: “Qual é o problema? Como o nível de independência de cada pessoa é diferente, alguns limites são flexíveis. Só podemos dar tanta liberdade quanto cada pessoa é capaz de administrar.
- Os limites são definidos pelo contexto em que a atividade ocorre – Alguns limites são necessários em algumas situações, mas não em outras. Pode ser bom subir o escorregador em seu próprio quintal, mas no playground, onde há outras crianças esperando para escorregar, subir pode não ser seguro.
Subjacente a cada uma dessas três diretrizes está o respeito – respeito por mim mesmo, respeito pelos outros e respeito pelo meio ambiente. O respeito é baseado no conhecimento: nosso conhecimento da criança, e o conhecimento da criança de si mesma, que vem do uso dos materiais.
As três regras da sala de aula:
- Respeitamos o trabalho dos outros – O que isso significa para uma criança de 3 anos que interrompe o trabalho? Dizemos àquele pequenino: “Quando estamos juntos e alguém está trabalhando, nunca o incomodamos. Quando você vê alguém ocupado, nós nunca o incomodamos.” Isso transmite uma expressão universal e concreta de respeito. Agora a criança pode carregar dentro de si uma pergunta que pode ser aplicada em qualquer lugar. “Essa pessoa está ocupada?” Com esse entendimento, todos os tipos de situações como andar sobre tapetes, interromper, tirar o trabalho de alguém, gritar do outro lado da sala, são englobados em um simples limite: Respeitamos o trabalho dos outros. Quando vemos alguém trabalhando, não o incomodamos.
- Cuidamos do que usamos – É importante cuidar do que usamos e devolvê-lo da maneira que encontramos para que esteja disponível para todos. Como uma criança cuida do que usa depende de sua idade e capacidade naquele momento.Isso faz parte do nosso raciocínio para limitar os recursos em nossos ambientes – se houver um suprimento infinito de brinquedos, giz de cera, torres cor-de-rosa, não há motivação para cuidar do que usamos. Esse limite, cuidamos do que usamos, pode ser generalizado para qualquer situação. A criança tem uma pergunta que ela pode fazer a si mesma: “Ah, essa é uma situação em que a gente cuida do que a gente usa?” Pode aplicar-se aos materiais da sala de aula, aos brinquedos da casa de um amigo, às árvores e ao jardim, aos recursos do mundo. Nós cuidamos do que usamos.
- Garantimos que todos os seres vivos estejam seguros – Este limite também pode ser generalizado para muitas situações diferentes e engloba muitas pequenas regras. Não precisamos ter regras sobre não arrancar as folhas das plantas, bater, chutar, morder, beliscar, empurrar. A regra é simples: garantimos que todos os seres vivos estejam seguros. Podemos usar frases positivas “verdadeiras e breves” para reforçar o limite simples – “Garantimos que todos os seres vivos estejam seguros. Muita comida prejudica os peixes; alimentamos os peixes apenas com uma pitada de comida.”
Nosso objetivo é proporcionar à criança limites de liberdade que possam se expandir e contrair de acordo com sua própria independência e autodisciplina. Esses limites podem ser aplicados em qualquer ambiente e são consistentes para todos. O propósito dos limites é dar à criança liberdade para seguir seu guia interior. Os limites são essenciais para nossa compreensão de como ajudar a criança a desenvolver a capacidade de fazer uma escolha. Os limites são necessários para a liberdade. Limites estreitam as escolhas. Oferecemos um número limitado de atividades ou opções com as quais a criança terá sucesso. Você quer usar a camisa vermelha ou a camisa verde? Você gostaria de ervilhas ou cenouras? Você quer andar ao meu lado ou segurar minha mão? A criança começa a praticar o fazer escolhas. A criança que ainda não pode ouvir o chamado, que se desviou do caminho do desenvolvimento normal, ainda não desenvolveu a capacidade de fazer uma escolha racional. Dar liberdade a esta criança é um desserviço. Isto é porque a paternidade permissiva não funciona. É por isso que os professores que simplesmente “seguem a criança” caem no precipício.

Equipe – Uniplena Educacional – nosso propósito é ajudar na formação e evolução de professores através de um plano de carreira focado em educação continuada. Como Instituto Educacional, atuamos nesse mercado a mais de 6 anos, tendo formando em média 5.000 professores em todo o Brasil. Trabalhamos em parceria com diversas faculdades credenciadas no MEC, com polos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiás.

Acredito que um complemento familiar não em todos os casos,as vezes o ouvir a atenção foi mal ensinada ,nós orientadores em todo sentido. Leis ,regras novas, assuntos modernizados influenciam duramente em comportamento escolar,sendo nós assim nos ensinamos tudo sobre a liberdade,conduta etcccc