Pedagogia em espaços não-escolares

Para entendermos como se processa a pedagogia em espaços não-escolares, primeiro é fundamental olharmos para o fato que a maioria das pessoas associam educação à escola.

Neste sentido, a escola seria o espaço ideal para se promover esta educação de forma estruturada, organizada de forma temporal e respeitando as aptidões etárias.

No entanto, o conceito de educação é bem mais amplo e abrange espaços e temporalidades que vão além do ambiente escolar. Assim a educação ocorre nos mais variados ambientes sociais.

Podemos dizer que existe educação quando existem pessoas buscando conhecimento se relacionando com outras.

Com o objetivo de explicitar como se processa a pedagogia em espaços não-escolares é preciso passar por alguns conceitos como: Educação formal, informal e não formal.

Educação formal, informal e não formal

A demarcação da diferença entre esses três conceitos pode ser a princípio muito tênue e de difícil compreensão, mas à medida que vamos nos aprofundando nos 3 âmbitos as diferenças aparecem com mais clareza.

Para Maria da Glória Gohn, professora da UNICAMP, podemos demarcar cada conceito por meio do conhecimento de seus campos de desenvolvimento. Ou seja, onde se desenvolve cada ação pedagógica.

  • Educação formal: Desenvolvida nas escolas com conteúdos programados e demarcados.
  • Educação informal: Apreendida em processos de socialização na convivência entre indivíduos. 
  • Educação não-formal: Educação que acontece em espaços não-escolares e que possui uma certa sistematização, objetivos claros e intencionalidade.

A partir dessas diferenças, podemos concluir que a pedagogia em espaços não-escolares está intrinsecamente ligada com a educação não-formal.

Portanto, o objetivo deste texto é esclarecer as características e fatores que estão presentes na educação não-formal em espaços não escolares.

Educação não-formal

Esta modalidade de educação acontece fora da escola, ou seja, pode acontecer em hospitais, presídios, empresas, ONGs, museus e muitos outros espaços institucionais.

Portanto, nesses ambientes se desenvolve a pedagogia em espaços não-escolares. Para esclarecer melhor como se dá essa pedagogia, vamos primeiro apontar algumas características da educação não formal.

Características da educação não-formal:

  • Possui objetivos determinados e é intencional
  • Busca transmissão de conhecimento e formação do indivíduo
  • Acontece em espaços não-escolares
  • Capacita os indivíduos a tornarem-se cidadãos do mundo
  • Abre janelas de conhecimento sobre as relações sociais
  • Seus objetivos são construídos no processo educativo
  • Transmite informação e formação política e sociocultural

Papel do pedagogo em espaços não-escolares

Partindo dos pressupostos da educação não formal, o educador precisa se desvencilhar de conceitos característicos da educação formal. Ou seja, ele precisa atuar em espaços que não é possível a organização por séries/idade/conteúdos.

Além disso, ele precisa atuar sobre os aspectos subjetivos do grupo construindo e favorecendo a apreensão de sua historicidade conectadas aos problemas sociais e culturais de seu cotidiano.

Neste sentido ele atua fornecendo a formação da cultura política do grupo e indivíduos. Assim, este pedagogo/educador se torna assim o mediador para desenvolver sentimentos de pertencimento.

Uma das atribuições mais destacadas do pedagogo na educação não formal é ajudar na construção da identidade coletiva do grupo, pois a construção dessa identidade vai colaborar nas questões subjetivas dos alunos. Assim, pode colaborar no desenvolvimento da auto-estima individual e coletiva contribuindo no capital social de uma grupo.

Conceito da educação em espaços não escolares

Basicamente, fora do âmbito escolar e de toda sua estrutura progressiva que vai desde a pré-escola até a universidade, existem muitos espaços de formação que se voltam para a subjetividade do indivíduo e sua auto-estima.

Este tipo de pedagogia surgiu para atender as demandas de uma sociedade constantemente em evolução no seu movimento de inclusão e exclusão. 

Ou seja, muitas vezes a sociedade representada pela suas instituições oficiais como escola, família e sistemas legislativos exclui indivíduos que não cumpriram ou não cumprem os requisitos ideais de se integrarem amplamente ao mundo social.

Neste sentido, é preciso existir outras instituições que abriguem e acolhem esses indivíduos oferecendo uma formação que irá desenvolver uma consciência de pertencimento social e auto-estima juntamente com uma formação voltada para o conhecimento e melhorias cognitivas.

Assim, a educação em espaços não escolares, ao mesmo tempo chamadas de educação não formal, é voltada para uma parcela vulnerável da sociedade.

Portanto, o público-alvo desta pedagogia são jovens, crianças, adultos e idosos, no entanto é importante salientar que o conceito de vulnerabilidade está ligado ao campo social e psicológico. 

Porém, este campo atende pessoas que estão nos extratos mais pobres da sociedade e  passando por problemas de saúde e relacionamentos familiares.

Neste sentido, o pedagogo que atua nesses espaços se transforma em um agente que desperta o desejo de mudança pelo indivíduo que passa a ter um melhor autoconhecimento.

Assim, com a atuação desse profissional a pessoa passa a se conhecer como cidadão crítico e que reflete sobre as suas atitudes e relação com o mundo. 

Como se desenvolve a educação em espaços não escolares

Até aqui já sabemos que a educação em espaços não escolares atua na formação do indivíduo e em seu aspecto psicológico de aumentar seu sentimento de pertencimento e de auto-estima.

Além disso, veremos que em todos os espaços que esta educação se desenvolve ela atende a demandas de formação de uma coletividade para o trabalho e pode ter atuação em empresas, comunidades e outras formações grupais.

Contudo, para termos uma ideia mais completa sobre este tipo de educação e consequente para sabermos como precisa sedar a formação dos professores que atuarão nestes lugares é preciso saber como a educação não formal se desenvolve.

Processos de desenvolvimento da educação em espaços não-escolares ( Não-formal):

  • Produz consciência e organização de como agir em grupos coletivos
  • Contribui para o sentimento de identidade com uma dada comunidade, em empresas por exemplo ela contribui para o conhecimento de sua cultura por parte dos funcionários.
  • Forma indivíduos para a vida e sua adversidades
  • Resgata o sentimento de valorização de si próprio
  • Desenvolve nos indivíduos, sentimentos de rejeição dos preconceitos e o desejo de lutar para o seu reconhecimento como iguais em uma sociedade

Tipos de educação em espaços não-escolares

Para concluir este texto vamos adentrar nos tipos de espaços não-escolares sempre tendo em mente que esses espaços demandam desenvolvimento coletivo e individual que se caracterizam pelo viés psicológico no trabalho com as subjetividades e intersubjetividades.

Existem muitos tipos de espaços não escolares na pedagogia, pois vivemos em uma sociedade complexa e com demandas que se ampliam conforme sua evolução.

Pedagogia hospitalar

É importante lembrar que a pedagogia hospitalar pode trabalhar com indivíduos que nunca frequentaram escolas e também com crianças e adolescentes que estão frequentando regularmente a escola e que passam somente por um período de afastamento.

Neste último caso, a pedagogia hospitalar tem o objetivo de levar atendimento educacional a jovens e crianças em estado de internação. Estas crianças estão afastadas do ambiente escolar, mas não estão desligadas das escolas.

Neste sentido, o pedagogo tem que adaptar um cronograma de ensino compatível com a idade e a série deste aluno.

Porém, o pedagogo precisa também adaptar todo este cronograma ao estado de saúde deste indivíduo.

Pedagogia no sistema penitenciário: 

A pedagogia no sistema penitenciário também faz parte do contexto não escolar, pois o presidiário também tem o direito de acessar o aparato educacional. No entanto, esta pedagogia segue a metodologia dada a jovens e adultos usada no EJA. 

Lembrando, que a esta metodologia deve se acrescentar o trabalho subjetivo, para resgate deste sujeito. Neste sentido, precisa ser uma educação transformadora e conscientizadora. Ou seja, tornar o indivíduo cada vez mais ciente de seus direitos e deveres diante da sociedade.

         Terceiro setor 

A atuação do pedagogo no terceiro setor é voltada para o desenvolvimento de projetos dentro de instituições que são voltadas para a sociedade, neste sentido, o pedagogo vai estar à frente de projetos como artesanatos , feiras, grupos de apoio, festivais, saraus entre outros. assim, esse pedagogo presta suporte pedagógico, elabora projetos, busca parcerias e outra ações. 

Em síntese o papel deste profissional é oportunizar novas experiências educativas para um público diverso entre crianças, adolescentes, jovens e adultos, buscando fortalecer a auto-estima desses sujeitos.

Pedagogia em RH

Basicamente, o pedagogo que atua no RH está ligado ao campo da pedagogia empresarial  e tem como principal objetivo fornecer estratégias que alinhadas com as empresas e funcionários.

Dentro destas estratégias estão treinamentos voltados para os colaboradores e voltados para ascensão de suas carreiras.

Hoje em dia as empresas estão dando muita ênfase para o trabalho e relacionamento de sua equipe. Assim, uma empresa que trabalha em coesão com seus valores internos adquire mais produtividade.

Pedro Guimarães – Mestre em música na área de Etnomusicologia pela UNESP. Professor de Música e Arte Educador nas seguintes Instituições: Serviço Social da Indústria (SESI); Centro de Educação Unificada da prefeitura (CEU); Faculdade Anhembi Morumbi; e Instituto Paulo Vanzolini (Formação de Professores). Músico multi-instrumentista e compositor de trilha sonora.

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