5 estratégias simples para uma alfabetização eficaz

Uma das tarefas mais difíceis ao longo da educação básica é a missão de alfabetizar os alunos, uma vez que demanda levar em consideração o tempo de cada criança, suas dificuldades, lidar com a homogeneidade da sala de aula que é um ambiente dinâmico, e que apresenta indivíduos com diferentes habilidades e necessidades.

Cabe ao professor lidar com tudo isso e lançar mão de estratégias para possibilitar o avanço e o desenvolvimento da cada um de maneira mais eficiente possível, independente de qual ano esteja atuando, uma vez que é fundamental um olhar sensibilizado para os alunos que avançam nos ciclos dos primeiros anos do ensino fundamental e nos anos finais com essa dificuldade que os prejudicam em todas as áreas do conhecimento.

Por isso, leia este texto e conheça algumas estratégias simples que irão te auxiliar no trabalho com os alunos que estão no processo de alfabetização, seja você professor da educação infantil ou dos anos finais da educação básica.

Realize uma avaliação diagnóstica:

Na primeira semana de aula deve ser realizada uma avaliação diagnóstica para que o professor mantenha registrado de que forma esse aluno chegou para ele no início do ano, com conteúdos básicos do ano em que esteja atuando, e a partir desse instrumento avaliativo fazer um planejamento individual para que esse aluno avance na alfabetização.

Na educação infantil, algumas redes não adotam a prática de introduzir a alfabetização, nem mesmo manter um registro de avaliações dos alunos, realizando somente relatórios de observação do desenvolvimento da criança. No entanto, para as redes que já realizam essas práticas de introdução à alfabetização, e o registro avaliativo, é importante que tenha um documento do início do ano, para que possa ser analisado o desenvolvimento da criança ao longo dos bimestres.

Atuando nos primeiros anos do ensino fundamental, no processo de alfabetização, é possível perceber o quanto faz diferença no desenvolvimento da criança ter vivido experiências de alfabetização durante a educação infantil, onde adquire habilidades fundamentais para compreender a leitura e a escrita, como o desenvolvimento da atenção, memória, coordenação motora fina, estabelecer classificações, diferenciar letras e números, entre outras.

Já nos outros anos da educação básica é possível iniciar o ano realizando uma avaliação diagnóstica chamada Sondagem de Escrita, onde o professor consegue identificar em qual hipótese de escrita o aluno se encontra, quais as dificuldades ou necessidades de avanço, e assim planejar ações diretamente para seu desenvolvimento, levando em consideração as especificidades de cada aluno.

Inclua na rotina a elaboração de uma lista de nomes:

Para os alunos que estão iniciando na escrita, ainda há a necessidade de diferenciar letras e números, e por isso as letras que mais identificam com facilidade são as que lhe são familiares, como as letras de seu nome e do nome de sua família.

Por isso é importante que seja parte da rotina diária do aluno a escrita e leitura de listas de nomes, que pode ser dos familiares, dos colegas da turma, dos brinquedos preferidos, com palavras que sejam carregadas de significado para as crianças, e que lhes desperte o interesse em saber como se escreve, uma vez que faz parte de seu cotidiano.

A escrita e leitura da lista podem ser de maneira tradicional, registrando no caderno, pode ser também com letras móveis, de maneira mais lúdica, também pode ser feito com sílabas móveis, o que já permite que a criança entenda o conceito de sílabas, pode ser através de jogos educativos, como quebra-cabeça, ou jogos on line, enfim, há diversas maneiras para realizar essa atividade e quanto mais diversificadas forem as experiências, mais oportunidades o aluno terá em aprender.

Apresente diferentes textos de memória:

O trabalho com textos que as crianças sabem de memória é um grande aliado no avanço da alfabetização, pois permite que os alunos associem o falado com o escrito, aprendendo o grafema de cada fonema que já estão habituados a falarem, e agora estarão habituados a lerem e escreverem.

Dessa forma, é possível apresentar textos como parlendas, cantigas, rimas, trava-línguas, poemas, piadas, adivinhas, letras de músicas, todos esses elementos que fazem parte da cultura dos alunos, e contribuem grandemente no momento de alfabetização.

É importante que a apresentação seja feita, de forma coletiva ou individual, pelo professor aos alunos, escrito com letras maiúsculas, com o professor realizando a leitura de cada palavra de forma pausada, para que o aluno identifique o que está escrito e comece a associar o que está sendo falado com o texto.

Em seguida, o professor pode sugerir alguns desafios como identificar palavras que iniciem com a mesma letra, contar a quantidade de letras de algumas palavras, comparar as palavras que terminam com a mesma letra, procurar no texto palavras que rimam, ou seja, situações onde o aluno precise refletir acerca da estrutura da escrita de cada palavra.

Leitura com localização de palavras

O próximo passo é propor atividades onde os alunos desenvolvam a autonomia na leitura, apresentando a eles de maneira individual, e com letras maiúsculas, trechos de textos variados, que eles já saibam de cor, e em seguida, solicitar a eles que localizem determinadas palavras circulando-as, para que seja possível que eles desenvolvam a capacidade de identificar as palavras no texto, como também para que o professor possa avaliar o avanço dos alunos.

É interessante que seja uma lista de palavras com diferentes quantidades de sílabas, sendo ideal a escolha de cinco palavras em uma estrofe, com polissílabas, trissílabas, dissílabas e monossílabas, e que tenham palavras com sílabas simples e complexas.

Outro exercício interessante é propor que os alunos organizem versos de um texto que saibam de cor, onde o professor pode apresentar esses trechos separados em tirinhas de papel e o aluno deverá ler e organizar na ordem correta, colando os versos no caderno ou folha de avaliação. Essa atividade também pode ser feita coletivamente na lousa, com a participação de toda a turma.

Propondo esses desafios de leitura os alunos avançam na leitura mesmo que ainda estejam com dificuldades, pois eles passam a encontrar sentido na leitura, por isso é fundamental que seja realizada rotineiramente na semana ou diariamente, para que a turma evolua consideravelmente.

Desenvolva atividades por agrupamentos:

As turmas estão cada vez mais heterogêneas, com alunos possuindo diferentes especificidades, habilidades e dificuldades, crianças com deficiências, outras com altas habilidades e até questões psicológicas, fazem parte das situações que os professores devem lidar, além de tudo isso com o desenvolvimento da aprendizagem de cada um.

Por isso é necessário que o professor planeje e produza situações de aprendizagem que possam envolver todas as crianças, em suas diferentes capacidades, pois dessa forma os alunos trabalham em conjunto e ajudam uns aos outros a avançar na leitura e escrita.

Dessa forma, o professor leva em consideração as diferentes características da turma e consegue possibilitar propostas de aulas adequadas para o avanço de todos, e de forma que um aluno ajude o outro, tornando a aprendizagem mais significativa, onde as crianças participam do processo de ensino e aprendizagem.

Assim é possível fazer agrupamento de alunos nos diferentes níveis de dificuldades e habilidades de leitura e escrita, para que juntos eles consigam refletir sobre suas necessidades, e percebam onde podem avançar. Esse trabalho feito em grupo é fundamental para as crianças, uma vez que elas passam a problematizar em grupo alguma tarefa, e se comunicam de forma mais eficaz para resolverem o desafio.

Alguns exemplos de tarefa em grupo para o avanço na alfabetização é: propor aos alunos comparar e relacionar a escrita de palavras diferentes, destacando por quantidade de letras; escrever uma lista palavras separando as sílabas; identificar palavras com sons iniciais e finais semelhantes; compor palavras com letras móveis; identificar o número de sílabas de uma palavra; completar palavras que estão faltando letras e sílabas; organizar letras e sílabas desorganizadas formando palavras; classificar palavras que iniciam com sílabas iguais; produzir textos; escrever as palavras de um ditado; brincar de bingo de palavras; fazer a leitura de textos diversos e localizar palavras; produzir listas de palavras com sílabas simples e complexas; corrigir textos juntos que estejam faltando os espaços entre palavras; ordene juntos trechos de textos.

Estes são alguns exemplos de desafios que podem ser feitos em agrupamentos para o desenvolvimento da leitura e escrita dos alunos, como também podem ser feitos de maneira individual, para que o professor observe a aprendizagem de cada um de maneira mais objetiva, e possa elaborar um plano de ação para cada aluno.

E estas foram as cinco estratégias para uma alfabetização eficiente e de qualidade para que seus alunos tenham em excelente desenvolvimento na leitura e escrita, como também para que o professor possa avaliar seu próprio trabalho, identificar quais atitudes tomar diante de dificuldades ou das habilidades dos alunos, e adequar estratégias ao seu trabalho para melhorar a qualidade de suas aulas.

Para saber mais sobre o processo de alfabetização vale a pena fazer uma pesquisa mais ampla em vídeos e textos disponíveis na internet, tanto das estudiosas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, como também de outros autores, para compreender como a criança passa pelo processo de aquisição da leitura e escrita.

E para saber mais sobre as hipóteses de escrita e a sondagem diagnóstica leia o texto “Hipóteses de escrita: o caminho para o desenvolvimento da alfabetização dos alunos” aqui no blog da Uniplena!

Bom trabalho!